O presidente Jair Bolsonaro reafirmou, na manhã desta quarta-feira, 25, sua crítica aos prefeitos e governadores que impuseram o isolamento social nos últimos dias por conta da extensão da pandemia de coronavírus. "O que estão fazendo, alguns governadores e prefeitos, é um crime", destacou.
Bolsonaro citou Rio de Janeiro e São Paulo, criticando as providências dos governadores Wilson Witzel e João Doria. "Estão fazendo demagogia barata em cima disso para esconder outros problemas. Se colocam junto à mídia como salvadores da pátria, como messias, que vão salvar seus estados e o Brasil do caos. Fazem política o tempo todo. Não é esse o caminho que o Brasil deve seguir", afirmou. "Eles (governadores e prefeitos) estão arrebentando com o Brasil, destruindo empregos", sublinhou.
A crítica de Bolsonaro se encaixa para Santa Catarina e Criciúma, onde o governador Carlos Moisés e o prefeito Clésio Salvaro, respectivamente, reeditaram os decretos de isolamento social. O presidente chegou a citar o caso "de um governador que liberou até o pagamento da conta de luz". Pode estar fazendo menção a Santa Catarina, onde Carlos Moisés anunciou a suspensão da cobrança por dois meses e o posterior parcelamento, sem efetuar cortes no abastecimento enquanto isso.
"Certas autoridades estaduais e municipais estão tomando medidas além da normalidade. São verdadeiros donos dos seus estados e municípios, proibindo tráfego de pessoas, de rodovias, fechando empresas e comércio", sublinhou. Bolsonaro reforçou sua preocupação com o futuro da economia. "As empresas não estão produzindo. Se a economia colapsar, não vai ter dinheiro para pagar servidor público. O caos está aí, na nossa cara", destacou.
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Agora, isolamento vertical
O presidente afirmou que vai determinar, com o Ministério da Saúde, a mudança do status de isolamento dos brasileiros. "Desse isolamento horizontal, que aí está, vamos para o isolamento vertical. Hoje vamos definir. Não tem outra alternativa. A orientação vai ser o vertical, vou conversar com ele (ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) e tomar a decisão. No Japão é assim, isola os idosos e os grupos de risco, as pessoas com comorbidades", revelou. "Se tivermos problemas, podemos até daqui a pouco ter saques a supermercados, o vírus continuará entre nós. Ele não foi embora. Vamos ficar com o caos e o vírus juntos. O que precisa ser feito? Botar esse povo para trabalhar", reiterou, indo na mesma linha do discurso da véspera, quando em rede nacional havia atacado o isolamento social.
"Temos que preservar os idosos, aqueles que tem problemas de saúde, mas nada além disso", enfatizou. "Senão, todos pagaremos um preço que levará anos para ser pago. Se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês tanto defendem", apontou. Questionado a respeito, Bolsonaro disse a seguir que "o caos faz com que a esquerda aproveite o momento para chegar ao poder, não é da minha parte não, fique tranquilo".
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As mortes por Covid-19
Sobre a possibilidade de acréscimo no número de mortes pelo novo coronavírus - dado mais recente aponta 46 óbitos no Brasil -, o presidente afirmou que "ninguém quer que ninguém morra. Se as pessoas tivessem pego H1N1 iriam morrer também. São pessoas com comorbidades, três ou quatro doenças, e tem o coronavírus. Pega, morreu de coronavírus", observou. "Quem está são, o risco é quase zero. O problema é acima dos 60 anos ou quem tem algum problema de saúde", disse. "Dá pra ter zero mortes? Não. Essas pessoas teriam morrido de outra forma também. Minha mãe vai fazer 93 anos, está magrinha, tem seus problemas, ela está numa situação bastante complicada. Um gripe qualquer pode ser fatal. Lamento", completou. "Temos que tirar da cabeça do povo essa sensação de pânico, de pavor, tem que enfrentar a chuva. É igual a chuva, tem que enfrentar a chuva", enfatizou.
Bolsonaro evitou polemizar em cima da resposta que senadores e deputados deram ao discurso que ele fez na véspera. Houve diversas críticas de parlamentares, em especial à postura do presidente contrária ao isolamento social. Ele chegou a ser acusado de "irresponsável". "Fui criticado por quem? Por quem nunca fez nada pelo Brasil?", respondeu. "É um direito deles. Mas se eu falo um ai contra eles, é uma crise. Eu quero é solução", afirmou, informando depois que na sequência telefonia para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. "Vou ligar para o Davi hoje, mas ele está confinado né. Vou ligar para ele", confirmou. Alcolumbre está com a Covid-19.
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