O Brasil já estuda medidas relacionadas ao fim da pandemia de Covid-19, que podem incluir relaxamento de restrições sanitárias nos próximos 60 dias. "A Europa já está fazendo isso, vários países abrindo, Dinamarca, Reino Unido, Espanha. Nos Estados Unidos, apesar do grande número de óbitos estados relativizam medidas. Aqui fomos atingidos pela variante Ômicron, a pressão no sistema de saúde não foi tão forte quanto na segunda onda", afirmou. "De acordo com as condições epidemiológicas, estamos analisando relaxamento de medidas sanitárias para os próximos 60 dias", comentou, em entrevista coletiva logo após a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Rio Maina, na manhã desta sexta-feira (18).
Questionado sobre o que poderia constar na flexibilização, Queiroga apontou que até o uso de máscaras pode ser "relativizado. ""Essas medidas sanitárias, uso de máscaras mais relativizado em ambientes externos, questões relativas a medidas indiretas de indução à vacinação. Uso de máscara opcional por exemplo, não é momento ainda, mas vai chegar esse momento", observou. "Para que consigamos então nos preocupar para o período pós pandêmico", completou.
"Prefeito não adotou "medida fanática"
Indagado a respeito da saúde na região de Criciúma, Queiroga fez elogios, apontando que "Santa Catarina tem um SUS bem organizado" e que "o enfrentamento da pandemia foi bem feito". Em seguida, deixou um elogio ao prefeito Clésio Salvaro colocando uma farpa em relação a adversários políticos. "O prefeito, com propriedade, não adotou aquela medida fanática de fecha tudo e o resto resolve depois, utilizou políticas públicas com o secretário Acélio e hoje estamos numa situação mais favorável", comentou.
Em seguida, fez questão de elogiar a campanha de vacinação do Brasil. "Sobretudo por nossa campanha muito forte de vacinação, o Brasil está entre os quatro países que mais distribuem, hoje queremos ampliar a dose de reforço para que possamos sair dessa terceira onda e nos proteger para demais variantes", afirmou. E valorizou a atenção aos municípios. "O Governo Federal tem trabalhado em parceria com os 5,5 mil municípios do Brasil. Aqui em Criciúma fortalecemos parcerias, recursos, ajudamos com insumos estratégicos e habilitação de leitos", destacou. "Em 2022 aportamos R$ 22 milhões para a saúde de Criciúma, importante que esse recurso chega e quando a administração é boa a população vê o resultado", emendou.
Quarta dose
A quarta dose da vacina da Covid-19 para a população ainda não está nos planos. "Quem comanda o programa é o Ministério da Saúde e essas decisões são tomadas por grupo técnico. Nesse momento não há essa recomendação", observou.
Em seguida, deixou uma crítica a governadores que chamou de "apressadinhos". "O que dizemos é corroborado pela Organização Pan Americana de Saúde, mas há governadores apressadinhos que querem aplicar dose antes do tempo e aí a gente já sabe o que acontece, descontrola toda a gestão do Programa Nacional de Imunização", detalhou.
Autotestes chegando
Queiroga enalteceu a liberação do primeiro autoteste da Covid-19 no Brasil "Os autotestes eu ontem vi que a Anvisa aprovou o primeiro. O autoteste é uma tentativa de ampliar o acesso ao diagnóstico. Já temos um contexto mais equilibrado, com tendência de queda do número de casos que resultará em redução do número de óbitos nas próximas três semanas", respondeu.
E voltou à carga contra os críticos. "A testagem é importante mas viram toda a narrativa feita, simplesmente evaporou. Há o interesse de criar essas narrativas mas no Ministério da Saúde eu sempre me preocupo com a política pública de saúde", disse.
Ampliação do número de leitos
O ministro não perdeu oportunidade de criticar governos anteriores. Começou fundamentando um elogio ao Sistema Único de Saúde. "Durante a pandemia ele mostrou o seu valor. Antes da pandemia, muitas críticas, as pessoas reclamavam do SUS mas usavam o SUS", afirmou. E, em seguida, questionou: "quem aí tomou vacina levanta a mão". Quem estava no ambiente respondeu levantando o braço, salvo raríssimas exceções.
A partir daí, Queiroga sinalizou com os números das vacinas no país. "Foram mais de 400 milhões de doses distribuídas. O Brasil é um dos quatro países que mais distribuiu vacina. Temos mais de 70% vacinados com duas doses e mais de 25% com dose de reforço", afirmou. "Avançamos em todas as faixas etárias, inclusive nas crianças de 5 a 11 anos", completou. E desfiou questões orçamentárias. "O SUS foi reforçado com mais R$ 50 bilhões em 2020, em 2021 repetimos a dose, mais R$ 50 bilhões, isso serviu para habilitar leitos de UTI", sublinhou.
Avançou em números enfatizando os investimentos em leitos de UTI. "Chegamos a ter mais de 42 mil leitos habilitados. No fim de 2021 acrescentamos 6 mil leitos de UTI. Há 20 anos não se aumentavam leitos, aumentamos agora e também no valor da diária. Na atenção primária esse aumento do governo Bolsonaro saiu de R$ 17 bilhões para R$ 25 bilhões", enumerou. "Esse hospital aqui estava fechado. Antes de Bolsonaro, havia mais de 40 mil leitos fechados, nós abrimos e equipamos esses leitos com respiradores, monitores para que houvesse a possibilidade de a sociedade ter um atendimento digno e conseguirmos um enfrentamento mais efetivo", explicou.
"Quebraram o Brasil"
Daí, avançou nas críticas, chegando a citar que "quebraram o Brasil". "As demandas são muitas, mas há dificuldades fiscais herdadas dos governos anteriores, diga-se de passagem, que quebraram o Brasil, por isso foi necessário o presidente Temer colocar o teto de gastos, foi necessário, desestabilizaram o país economicamente, e o Ministério da Saúde ainda é um dos únicos que o orçamento cresce, e cresce só com a correção inflacionária. É necessário um esforço grande para atender essas demandas", destacou.
Lembrou, ainda, o caráter técnico da sua gestão no Ministério da Saúde. "Até ontem fizemos mudanças nos secretários do ministério, e o critério não é mais o mesmo de antigamente. A gente sabe como era, tem secretaria com orçamento de R$ 80 bilhões. Agora são técnicos, de carreira, com gestão adequada o recurso chega aqui na ponta e vocês fazem com que o SUS funcione. Quem vacina são os vacinadores, das 38 mil salas de vacinação. Sem vocês não há SUS", destacou.
No fim da conversa, Queiroga foi conduzido pelo prefeito de Criciúma, que não perdeu a chance: "eu sou o motorista dele aqui", disse Salvaro, que já havia trazido o ministro do aeroporto de Jaguaruna até a UPA do Rio Maina dirigindo o carro. Em seguida da UPA, o ministro conheceu o Parque dos Imigrantes, onde almoçou com convidados. "O Estado de Santa Catarina é maravilhoso, suas praias, a Oktoberfest em Blumenau, e eu sei que tem investimentos do meu estado da Paraíba aqui, a Cerâmica Elizabeth que nos aproxima", finalizou Queiroga.
Ouça a entrevista coletiva com o ministro Marcelo Queiroga no podcast: