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Cerimônia lembra dois anos da tragédia de Brumadinho

Dois anos depois, famílias ainda cobram justiça

Estado de Minas Brumadinho, MG, 25/01/2021 - 14:47
Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press
Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press

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"Dói demais o jeito que vocês foram embora". Esse dizer emblemático, utilizado pelas famílias de vítimas da tragédia em Brumadinho, subiu aos céus em 272 balões brancos por volta das 12h desta segunda-feira (24/1) - data em que completa dois anos do rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão.

Outros 732 balões pretos, que representam a quantidade de dias do crime da Vale, também foram ao ar com fumaças coloridas. Familiares, parentes e amigos das chamadas "joias" se emocionaram com a data marcante no letreiro da cidade.
 
O clima foi de tristeza, saudade e revolta. Em certo momento foi feita a "chamada" com os nomes de diretores e funcionários da Vale e Tuv Sud que respondem pelo processo criminal. A cada nome, os presentes gritavam "assassino(a)". Ao fim, muitos ecoaram "Vale assassina".
 
Outra chamada emocionante foi a leitura dos 272 nomes das vítimas que morreram na tragédia.  A cada pessoa, o público lembrou da saudade: "ausente", diziam com os olhos marejados.

Às 12h28, momento do rompimento da barragem de rejeitos de minérios, os músicos do Corpo de Bombeiros marcaram presença e fizeram o "o toque do silêncio". Logo depois, os familiares aplaudiram por um minuto em homenagem às joias. 

Logo após a homenagem, familiares devem fazer a "Carreata por Justiça", que partiu do letreiro da cidade, onde aconteceu o ato de clamor às autoridades pela celeridade das buscas dos não encontrados.

Durante todo o dia foram programadas uma série de atos, homenagens e celebrações religiosas para lembrar os dois anos da grande catástrofe socioambiental e humanitária. Em todas as ações, os organizadores pedem o cumprimento de medidas de distanciamento social e uso de máscara.
Às 16h, na Base Bravo do Corpo de Bombeiros, no em Córrego do Feijão, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participa de outro momento de homenagem às vítimas.

As fachadas do comércio e das casas de Brumadinho espelham o sentimento de luto coletivo, com a exposição de panos pretos em memória a todos aqueles que morreram em decorrência do crime e também em respeito ao luto de familiares, amigos e sobreviventes.

Na noite de ontem, os parentes das vítimas e atingidos, com apoio da população, partiram em carreata até o Cemitério Parque das Rosas, em Brumadinho, local onde está sepultada a maioria dos mortos na tragédia.

Segundo a professora Natália de Oliveira, integrante da Associação de Familiares de Atingidos da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), os dois anos são marcados como uma data para exigir da Vale e do governo do de Minas o isolamento permanente da área onde ficava o Centro Administrativo da mineradora.
 
Ela é irmã de Lecilda de Oliveira, analista de operação da Vale, que estava no prédio da empresa que foi engolido pelo mar de rejeitos de minério.

“Eu sei que não encontrarei o corpo da minha irmã e das outras 10 pessoas. Mas é dever da empresa e do Estado manter o local isolado para que sejam encontrados os chamados ‘fragmentos’ que ainda estão perdidos na área de buscas”.

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