O programa Agora, da Rádio Som Maior, realizou nesta quinta-feira, 5, a primeira de uma série de entrevistas com os deputados estaduais e federais do sul de Santa Catarina. O primeiro convidado, repleto de opiniões polêmicas e pautado pelos ideais bolsonaristas, foi o deputado estadual Jessé Lopes (PSL).
Jessé avalia como positiva e coerente a sua atuação na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) nestes quase dois anos. Para ele, suas ações cumprem com as obrigações de um legislador, trabalhando para todo o estado, e não para bairros ou municípios específicos, e fiscalizando as ações do poder executivo. Apesar disso, apenas um projeto de lei de autoria do deputado chegou de fato ao plenário.
“Meus projetos não vão para plenário porque geram muita discussão e divergência. Meu projeto de exame toxicológico nas universidades estaduais por exemplo, geram muitas discussões e polêmicas, então as coisas não andam. Um joga pra lá, o outro pra cá. A única que foi pra plenário, e ainda porque eu forcei, foi a que elimina o recesso parlamentar no meio do ano, o qual foi reprovado”, disse.
O deputado afirma propor somente projetos que vão resolver, de fato, alguma coisa, e não apenas autorizar ações em cima de determinadas condutas. Dentre os protocolados por Jessé, está a possibilidade de armamento aos agentes socioeducativos e, também, uma série de estudos para revogação de projetos já existentes, com o intuito de desburocratizar o sistema. “Entendo que hoje o estado não precisa de mais leis, mas sim menos leis, está muito burocratizado”, pontuou.
Arrependimento único
Em quase dois anos completos de exercício, o deputado afirma ter somente um único arrependimento enquanto parlamentar: a postagem referente ao governador Carlos Moisés e a suposta gravidez de uma servidora da Casa Civil. Publicada em meados de maio deste ano, a postagem acabou gerando uma grande polêmica na Casa da Agronômica e, inclusive, um processo por parte do governador.
“A única coisa que me arrependo de fato do que fiz, que deixei a desejar porque foi algo que se pudesse voltar atrás não teria feito, foi o comentário da secretária do Moisés, em que fui induzido ao erro. Eu não inventei, recebi um punhado de informações com fotos áudios e prints e fiz um tweet comentando e fui infeliz, porque era só um boato. Fiz a exposição de algo que não era um fato, mas um boato, e estou sendo processado”, comentou.
De resto, incluindo as polêmicas envolvendo o movimento contrário a campanha Ele Não, no carnaval de 2020, Jessé diz não se arrepender de nenhum de seus posicionamentos. “Quando a gente se posiciona, estamos submetidos a erros também, vamos dar caneladas. Vai errar, mas só erra quem tenta acertar”, disse. “De resto, tudo que falei, mesmo que tenha gerado polêmica, tenho convicção do que fiz e falei”, complementou.
Jornalistas agredidos no Campeche
Neste último fim de semana, o caso da agressão sofrida pela equipe da NSC por pessoas que estavam na praia do Campeche, mesmo com a proibição estadual de permanência em praias, causou mobilizações em todo o país. O caso acabou gerando inclusive uma moção por parte da Alesc de apoio aos jornalistas e contra a agressão, na qual Jessé votou contra.
“No vídeo não teve agressão, o que teve foi que ele [o homem] tirou o celular dela [a jornalista] e depois devolveu. Eu não vejo isso como agressão para fazer todo esse estardalhaço que fizeram, aproveitaram o momento para se vitimizarem na televisão. A praia não é propriedade das pessoas, mas a imagem sim, se a pessoa está lá com a família e não quer ser filmada. Eles [os jornalistas] não estavam lá filmando para falar como o turismo está enchendo a cidade e a praia, mas sim pra dizer ‘olha esse canalha sem máscara, está matando as pessoas’”, comentou.
“Sempre que eu posso, eu não me cuido”
O deputado estadual vem se mostrando fortemente contrário a obrigatoriedade das medidas restritivas de combate ao novo coronavírus durante a pandemia. Jessé defende que as máscaras não protegem de fato contra o vírus e que por isso não devem ser obrigatórias em espaços públicos. Recentemente, uma postagem sua incentivando às pessoas a não usarem máscara no feriado rendeu, inclusive, uma mobilização por parte do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
“Eu não acredito que isso aqui funciona na rua, eu uso porque sou político e preciso manter uma postura. Muitas vezes não uso, coloco no queixo, porque não me sinto protegido por isso aqui. Na verdade, me atrapalha para respirar, é horrível”, disse. “Teve um momento lá atrás em que estava todo mundo certinho: álcool em gel, distanciamento, máscara, isso e aquilo, e tinha gente morrendo. Morrendo em casa, morrendo de todas as formas e sendo infectadas, não funciona. Eu não me cuido, sempre que eu posso eu não me cuido”, disse.
“Eu quero que ela seja o Bolsonaro”
Antes mesmo do julgamento que viria a afastar o governador Carlos Moisés, Jessé já se mostrava a favor da absolvição de Daniela Reinehr. Diferente do que Moisés vinha demonstrando, a atual governadora interina apresentava políticas e posicionamentos mais pautados pelos ideais do presidente Jair Bolsonaro.
“Vou esperar ela fazer alguma coisa, não adianta falar que é a governadora do Bolsonaro só pra bater foto com ele. Esperamos dela atitudes do Bolsonaro, ele é contra as restrições e sempre falou, contra o fecha tudo e essas medidas restritivas, assim como a vacina obrigatória. Eu quero que ela seja o Bolsonaro, que reflita as ideias do governo federal aqui no estado”, declarou.
Ouça a entrevista completa no podcast: