A governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr, revogou recentemente a norma técnica 013 e assinou a 016, priorizando o tratamento precoce do coronavírus sem exigência de exames prévios. A decisão, de acordo com o pneumologista Renato Matos, pode significar um grande retrocesso para a comunidade médica.
“Não há o que falar em tratamento precoce. Se isso significa fornecer hidroxicloroquina ou ivermectina para qualquer pessoa que tenha sintoma gripal, isso é um retrocesso absurdo do ponto de vista médico. Não sei porque se discute isso ainda, se houvesse algum remédio que funcionasse em fases iniciais, teríamos essa segunda onda absurda na europa?”, declarou.
Renato reforça ainda o fato de que não existe nenhum trabalho médico adequado que apresente a eficiência desses medicamentos no combate ao novo coronavírus, se administrados de forma preventiva. A insistência em tratar remédios como hidroxicloroquina como um protetor ainda pode causar uma falsa impressão de segurança para parte da população, podendo acarretar no descumprimento de mais medidas.
“O grande problema quando se fala nisso é que se passa para a população a ideia de que existe um tratamento, quando na verdade não existe. A maior parte das pessoas terão quadros leves, mas uma parte terão quadros extremamente graves. Não existe nenhum documento da sociedade de pneumologia e infectologia do mundo que diga que essas medicações funcionam”, pontuou.
Nas últimas semanas, Santa Catarina vem presenciando um aumento considerável de novos casos de Covid-19. A região da Grande Florianópolis voltou ao risco potencial gravíssimo e já vive problemas em relação aos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A região carbonífera, no entanto, apesar do aumento de casos diários em Criciúma e outros municípios, segue no risco potencial alto (amarelo).
De acordo com o pneumologista, há uma série de fatores que contribuem para o novo aumento de casos em Florianópolis que, por ser a capital do estado, conta com uma circulação frequente de muitas pessoas. Outro ponto destacado pelo médico é o fato da cidade contar com praias onde a orla é pequena, o que acaba contribuindo para a proximidade e aglomeração.
Apesar de ainda não estar com grandes problemas referentes à UTI’s e internações, Criciúma também vive um aumento considerável. “Já estamos vendo um aumento de pacientes internados. Não há ainda impactos em mortes. na UTI é um reflexo de três ou quatro semanas depois que aumenta, mas já estamos observando sim mais casos. Na última semana, todos os dias eu encaminhei algum paciente para internação, coisa que há semanas que não acontecia”, disse.