Ainda com alguns casos não resolvidos, está sendo encerrado o processo de recuperação judicial da Criciúma Construções. Por enquanto, ainda não há data prevista para a volta de Rogério Cizeski à direção da empresa. O Programa Adelor Lessa recebeu o administrador judicial Agenor Daufenbach, o gestor judicial Zanoni Elias e o advogado Lucas Farias, para falarem sobre os últimos passos antes da volta de Cizeski.
“Durante todo o procedimento de recuperação judicial, o Zanoni, na condição da empresa, transferiu todas as obras que foram possíveis, então se alcançou uma solução em 80% dos casos. Aquelas obras que ficaram pendentes, aqueles que não conseguirem seus imóveis, tem uma garantia de que, mesmo encerrado o processo, eles tem uma solução para o empreendimento”, comentou Farias.
Segundo ele, existe uma determinação para que as obras sejam concluídas, as que não foram transferidas. É uma espécie de título executivo, sendo possível a Criciúma Construções comprar o imóvel de volta. Essa recompra precisa ser negociada entre os envolvidos. O plano de recuperação lançado em dezembro de 2016 segue até dezembro de 2031.
A informação que circula e em partes foi confirmada é de que a empresa teria um patrimônio de R$ 200 milhões, mas para chegar lá é preciso de investimentos, para a conclusão das obras. A empresa poderá vender alguma propriedade e investir nas obras restantes, se assim desejar, não é obrigada a fazer isso.
“O total de unidades que a recuperanda tinha para vender era de 12.887, porém, 4.962 unidades permaneceram em estoque, ou seja, de vendas efetivas foram 7.865 unidades, agrupadas em torno de 3,9 mil credores . O número de credores pendentes é de 848, são 27 empreendimentos pendentes, eram 92 empreendimentos no total”, disse Zanoni Elias.
Entre os casos pendentes, existem três alternativas: a empresa termina a construção, repassa o imóvel para os adquirentes ou então paga o valor já pago, ao longo de 15 anos.
Um caso curioso
Entre as situações que não foram resolvidas, uma chamou atenção. “A Criciúma lançou o empreendimento e depois cancelou, vendeu o terreno para outros, então não havia como repassar. Nestes casos o deságio era de 40%, eram 11 credores, eles vão receber em 180 meses, com carência de 24 meses”, contou Elias.
Alguns deixaram de pagar seus financiamentos
Quando a bolha estourou, algumas pessoas deixaram de pagar seus débitos para a Criciúma Construções, já morando nos apartamentos. Essa condição fez com que a situação ficasse ainda pior, agora eles precisam procurar a empresa para acertar as pendências.
“Algumas pessoas foram morar nos apartamentos e pararam de pagar do dia para a noite, tem mais de R$ 60 milhões na rua. Esse pessoal está recebendo notificações, para procurar a empresa e acertar as dívidas, isso tem que ser feito urgente”, comentou Daufenbach.
O que vai acontecer com a empresa?
De acordo com Lucas Farias: “A empresa vai seguir o caminho normal dela, hoje ela tá habilitada a lançar empreendimentos, mas não lança por questões mercadológicas óbvias. Se ela gerar novas dívidas, o credor vai executar e vai cobrar”, afirmou. “Eles podem lançar obras novas, sem que estas sejam responsabilizadas pelas dívidas do passado”, emendou.