Em entrevista exclusiva ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, nesta quarta-feira, 20, a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) fez um balanço sobre a sua atuação no governo desde o início do mandato e e também projetou o que enxerga para o futuro em meio a inúmeras polêmicas que envolvem o governador Carlos Moisés.
Com cinco pedidos de impeachment protocolados na Assembleia Legislativa (Alesc), três não envolvendo a vice-governadora, Moisés corre sério risco de encerrar o ano fora do cargo. Daniela se enxerga pronta para assumir o Executivo caso um dos processos seja concluído. "Na hipótese de necessidade eu tenho que estar preparada. Eu sempre me vi como um back-up do governador", afirmou.
Contra Douglas Borba
Alinhada com o presidente Jair Bolsonaro, Daniela vem acumulando atritos com o governador desde o início do mandato. No final do ano passado, ela deixou o PSL, partido em que se elegeram na eleição junto com a onda bolsonarista. A vice-governadora apontou que as divergências dela com Moisés iniciaram logo no início do mandato, com a primeira nomeção de secretários.
"Foram bastante situações que desde o início eu me opus. O nome do Douglas Borba eu questionei, falei que não colocaria meu CPF na mão de uma pessoa que já tinha indícios", lembrou. "Nos apresentamos como time do Bolsonaro em Santa Catarina, que com certeza foi determinante na eleição. O presidente foi a personificação da nossa esperança de mudar o país. Atrás desse nome tinha uma proposta muito importante e foi isso que os catarinenses elegeram e de repente houve o afastamento, uma série de pautas que a gente falou que não faria", comentou.
Impostos, agronegócio e o afastamento
Os pontos determinantes para o rompimento entre Daniela e Moisés foram as diferenças de ideais, que começaram a ficar expostas após a sinalização do governador de aumentar a tributação de todos os insumos agrícolas de zero para 17%.
"Teve aquela questão dos incentivos fiscais dos defensivos agrícolas que eu fui terminantemente contra, tentei convecê-lo. A gente deve sim fomentar a agricultura orgânica, mas sem destruir o que vem dando certo. Sem estragar o que a gente tem, um modelo de agronegócio que é exemplo para o país inteiro", lembrou. "Agricultura é 30% do que o estado arrecada. Depois da pandemia, é o que vai manter Santa Catarina de pé. Não pode fechar uma torneira, abrir outra achando que vai verter. Nesta questão eu fui muito incisiva, construíndo argumentos sólidos para convencê-lo e não foi possível. Então chegou no momento que tive que publicar minha opinião", argumentou.
"Nessa questão do agronegócio teve um afastamento muito importante. O afastamento dele do presidente Bolsonaro eu também achei uma coisa sem menor fundamento porque na primeira vez na história de Santa Catarina nós tinhamos possibilidade de estar alinhado com o Governo Federal. O presidente tem um carinho muito grande com o estado porque foi o primeiro que deu preferência a ele nas pesquisas. Tinha tudo para ser uma relação muito boa, mas sem justificativa alguma foi cortado", conta Daniela. "Além de se afastar da pessoa do presidente, se afastou dos princípios, dos valores que defendiamos. Santa Catarina elegeu um plano de governo, uma forma de governar e essa mudança gerou um afastamento muito grande", explicou.
A vice-governadora avalia positivamente o seu afastamento de Moisés. "Hoje eu olho para trás e percebo o porque. Realmente não concordei com muitas coisas e hoje digo que bom que me afastaram, porque isso me deixou fora de uma situação no minímo lamentável", destacou.
Ouça a entrevista no podcast: