O defensor público Ralf Zimmer Júnior, que pediu o impeachment do governador Carlos Moisés (PSL), não poupou críticas à decisão do governo que fundamentou os autos do processo. Zimmer reafirmou que o governador agiu com dolo ao erário catarinense ao determinar, por processo administrativo, o aumento no salário dos procuradores do Estado.
De acordo com o defensor público, um grupo de procuradores atuou em conluio com o governador. Para Zimmer, o fato de Moisés ter vetado um texto proposto pelo deputado Luiz Fernando Vampiro (MDB) para, poucos meses depois, emitir um decreto sobre o mesmo tema, atenua o que seria um "crime de responsabilidade".
"É fato comprovado documentalmente da fraude perpetrada no gabinete do governador, com auxílio de alguns procuradores que deram pareceres às escondidas para benefício próprio. A vice-governadora (Daniela Reinehr), quando assume o executivo, se omite ao não suspender os efeitos. O governador volta de férias e ao invés de suspender o ato e apurar as pessoas que poderiam ter lhe enganado, reafirma o ato, não mais como omissão dolosa, mas ação dolosa. O prejuízo ao erário e à moralidade do Estado é enorme e inadmissível", disse o defensor público.
Aliados políticos a Moisés entrevistados pelo Portal 4oito e Rádio Som Maior, até o momento, não acreditam que o pedido prosperará na Alesc. Foram ouvidos os deputados estadual Vampiro e o federal Fábio Schiochet. Zimmer tem uma visão mais "otimista" sobre a decisão política sobre o seu encaminhamento jurídico.
"Tenho certeza de que a Alesc não vai se curvar à Agronômica, não vai servir de puxadinho para varrer as sujeiras que lá estão sendo feitas na cara da sociedade. Se o governador pode tudo, que feche a Assembleia. Vamos voltar à idade média? É crime de responsabilidade criar despesas ao erário sem autorização legal. A sociedade e o parlamento foram logrados. Nesse governo, só tá faltando mandar fechar a Assembleia", disparou Zimmer.
"Corrupção em nível de gabinete é sofisticada. Alguns procuradores do Estado engendraram isso junto com o governador. Aqueles que estão dentro do gabinete. Se o governador tivesse o mínimo de bom senso, teria suspendido esse ato e pedido investigação. Não fez, então tudo leva a crer que ele também é o responsável", acrescentou.
O governo do Estado emitiu uma nota rechaçando os pontos levantados pelo defensor público. Na justificativa, o governo cita a paridade entre os procuradores do Estado e da Alesc como plausível e com amparo legal e contrapõe os argumentos para justificar o que chama de "suposto crime de responsabilidade"
Por sua vez, Zimmer não quis dar nova resposta. "Nota não faz defesa, ele que vá à Assembleia. Já fiz os meus pedidos, fundamentei, estou convicto de que é crime de responsabilidade. Não são com notas à imprensa, jogando a imprensa contra mim, que ele vai resolver a ilegalidade que ele perpetrou", concluiu.