Na sexta-feira, 01, o então delegado-chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, Akira Sato, pediu demissão do cargo. O pedido gerou polêmicas nos bastidores da política catarinense, por denúncia de suposta interferência em investigação na compra de um software para o Porto de São Francisco do Sul. O Programa Adelor Lessa, desta segunda-feira, 04, ouviu três deputados estaduais sobre a situação.
O deputado Kennedy Nunes (PTB) afirmou que as “informações estão sendo apuradas” e cogitou que há uma proteção a alguém ligado ao Governo do estado. “O que me chamou atenção foi que a Casa Civil, através do secretário Heron Jordani, diz que não participou de nenhuma conversa e que não sabe quem participou. Bom, então se ninguém da Casa Civil ou o Governador participou, a gente tem que ver quem teria sido do governo que participou. Bom, pela informação que nós temos, eu posso ver que é uma blindagem a esta pessoa ou a este cargo”, disse ele.
Já o deputado Ivan Naatz (PV) confirmou a fala do colega Nunes e contou que delegados da Polícia estão insatisfeitos. “Como deputado Kennedy falou, entre sexta, sábado e domingo, a Polícia Civil procurou alguns deputados para fazer reclamações a respeito da postura do Governo do estado em relação a algumas investigações que estavam acontecendo dentro da Polícia Civil. Os delegados gravaram vídeos em que eles fazem verdadeiras reclamações e estão inconformados com a postura do Governo, com as interferências em investigações que a polícia vem fazendo. A Polícia Civil vem chegando próximo de pessoas do Governo e isso aí é muito ruim e nós temos que esclarecer”, declarou Naatz.
Por fim, o deputado Zé Milton (PP), líder do Governo na Assembleia, contrapôs os colegas e afirmou que o único fato até agora é a demissão do delegado Akira. “O que existe de prático foi o pedido de demissão do delegado Akira. E a partir daí são uma série de conjecturas que a gente, ao ouvir as entrevistas, as pessoas dizem ‘informações dos delegados’. Informação tem que ter o nome, tem que ter o CPF, tem que ter alguma coisa concreta. Então, o que tem de prático hoje é a saída do delegado, que é um profissional excelente, mas eu não vejo ainda. No momento, são conjecturas. Não tem nada de concreto, não está provado, não tem um documento, uma acusação”, disse o deputado.
Sobre a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Kennedy Nunes e Ivan Naatz disseram que não há ainda como convocar o delegado, mas que o convite deve acontecer. O deputado Zé Milton, por sua vez, afirmou que não é contra uma investigação, mas acredita que se deve aguardar os desdobramentos do caso.