O auxiliar administrativo Fábio Aristides denunciou o deputado estadual Ivan Naatz (PV) por injúria racial. O jovem afirmou que o deputado, durante um encontro com o deputado estadual Sargento Lima (PSL), no gabinete 115 da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), disse: “você sabe por que esse preto trabalha no meu gabinete? Por que se der m** a culpa é dele”.
O jovem trabalha no gabinete do parlamentar. Após o ocorrido, Fábio se afastou do trabalho e faz acompanhamento psicológico. “Eu tenho uma doença crônica que desencadeia uma dor no meu peito e na minha coluna, na lombar, e ela tem um fundo bem emocional. O ocorrido afetou muito a minha integridade e minha saúde”, disse ele à reportagem da RICTV Record.
Fábio registrou Boletim de Ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia de Florianópolis. No BO, relata que ouviu a frase do deputado durante o encontro entre Naatz e Sargento Lima. O jovem relata que a frase foi dita na frente de várias testemunhas, como o chefe de gabinete, colegas do jurídico, da comunicação social e da recepção.
Ele disse ainda que no dia 13 de maio conversou com o chefe do gabinete, que teria o aconselhado a “engolir a história e seguir em frente”. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Fábio prestou depoimento na tarde de ontem para a delegada Juliana Gomes, da 1ª DP de Florianópolis que está à frente das investigações.
Deputado se defende
Para o advogado da vítima, Diógenes Fonseca, está muito claro de que se trata de um caso de injúria racial: “Analisando os fatos, a meu ver, muito claro uma injúria racial e um provável constrangimento ilegal num ambiente de trabalho”.
A pena de injúria racial prevista no Código Penal é de um a três anos de reclusão além da multa. Na Alesc, o deputado Ivan Naatz se defendeu das acusações e negou ter dito a frase de cunho racista. “Essa frase não foi proferida da minha parte. Eu já procurei o delegado de polícia hoje. Eu quero concluir o inquérito o mais rápido possível para que a gente conclua isso”.
O deputado Sargento Lima confirmou que esteve no gabinete de Naatz e também negou que a ofensa tenha sido dita: “É uma frase que no meu entendimento constitui esse crime e se eu tivesse em algum momento conseguido visualizar essa situação de crime, eu me manifestaria na hora. Eu não ouvi essa frase”.
O jovem denunciou o caso em um evento do Movimento Negro na Câmara de Vereadores de Florianópolis e espera servir de exemplo para outros negros vítimas de racismo. “Essa denúncia vai servir de inspiração para muitos outros negros que se encontram em situação talvez até piores que a minha e tem medo de denunciar por medo de sofrer represália ou algo parecido”.
(Com informações do Notícias do Dia / ND+)