Depois de denunciar dois episódios recentes de uso não indicado de aeronaves do Corpo de Bombeiros para atividades do Governo do Estado, o deputado Bruno Souza (Novo) volta à carga. "Essa aeronave tem sido utilizada repetidamente para usos políticos, partidários e não para a saúde do catarinense. Eu trago provas", anuncia.
Conforme o parlamentar, a aeronave do Corpo de Bombeiros teria sido utilizada em janeiro para uma viagem a um destino turístico dos mais famosos do Brasil. "Vou mostrar que essa aeronave foi utilizada para ir para Bonito, no Mato Grosso do Sul. Em janeiro uma aeronave ambulância foi para um dos pontos turísticos mais desejados do Brasil", afirma. "Alguém pode imaginar o que uma aeronave ambulância do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina foi fazer em Bonito? - questiona. - É uma das maiores imoralidades que eu vi em Santa Catarina nos últimos tempos", bate.
Estadou rebateu denúncias anteriores
As denúncias anteriores feitas pelo deputado via redes sociais foram rechaçadas pelo Governo do Estado nos últimos dias. "A única coisa que o Governo do Estado pode fazer é gritar que é fake news. Eles não podem comprovar que eu não estou falando a verdade", responde o deputado. "O que eu estou falando é baseado em documentos provenientes do próprio Estado", argumenta.
Em uma das denúncias, Bruno Souza refere que precisava de um deslocamento de Caçador para Florianópolis morreu por falta do atendimento aeromédico. O deputado acusou que a aeronave ambulância estava em Brasília, para onde levou o governador Carlos Moisés para o ato de filiação ao Republicanos. "Quando eu disse que uma criança não conseguiu a transferência no dia 12 pois a aeronave estava sendo utilizada pelo governador, eu digo isso baseado nos documentos do próprio governo, que mostram que uma aeronave foi solicitada e negada pois estava em missão com o governador", destaca.
Na nota de resposta a essa denúncia, o Estado informou que tomou as providências, mas que a criança não resistiria ao deslocamento. "No caso da criança que faleceu, houve solicitação da aeronave dia 11 às 23h. No dia 12, às 10h30min, essa aeronave foi recusada, foi negado o pedido pois estava em uso pelo governador. No dia 13 a criança, que já estava em estado crítico, piorou a condição. No dia 13 o Estado conseguiu uma aeronave, mas a condição clínica havia piorado, o que não permitiria o deslocamento", refere Souza. O Estado aponta que o tom da denúncia foi "sensacionalista" e que "lamenta que um episódio tão triste seja usado com fins políticos-eleitorais".
"O Governo está dizendo que foi solicitado e que emprestamos a aeronave, mas o quadro piorou. Piorou pois não foi cedida dia 12, e nas notas eles não contestam. Eles tentam fazer um jogo de palavras, a criança piorou pois a aeronave estava ocupada pelo Governo quando foi solicitada", retruca o parlamentar. "Foi negada pois estava com o governador. A criança poderia ter sido transferida, mas não foi", completa.
Críticas aos bombeiros também
Bruno Souza inclui o próprio Corpo de Bombeiros na sua réplica à tal nota. "Me admira muito dessas notas, vi uma agora do Corpo de Bombeiros, não representa a corporação, mas se prestaram a fazer uma nota para confundir a imprensa e a população. Para eles só existem o dia 11 e o dia 13, o dia 12 todos passam por cima", sublinha.
Para o deputado, que terá medo as denúncias ao Ministério Público (MPSC) e Tribunal de Contas (TCE), o Governo do Estado "está com medo". "Eles estão com medo porque sabem que estão errados, estão errando, sabem que o governador nem pode estar usando. E vários secretários também. Nenhum deles poderia usar", registra.
Souza lembra que os Bombeiros contam com duas liberdades de manutenção, a Arcanjo 02 e o Arcanjo 06. "Adivinhem qual a aeronave que o governo usa, é a melhor, a 06".
O parlamentar reforça que o Governo do Estado só pode fazer uso das aeronaves fora do contratado em casos pontuais. "Isso está no contrato da aeronave, tenho o termo de referência, está escrito que as autoridades só podem usar essa aeronave em caso de catástrofe", salienta. "Não podemos levar um governador partidário a um evento normalizar em Brasília. É imoral e é ilegal. O termo de referência não prevê isso", frisa.
Ele desafia, os secretários do Estado ainda participarão da mesma aeronave para vistoriar obras e eventos de políticos. "Os secretários não veem que tem uma maca, uma UTI do lado da cadeira que sentam? Inaugurar obras com aquele avião, ir em reuniões partidárias, isso não é o uso adequado. É impressionante", sinalização. "Deveriam vir a público pedir desculpas", arremata. Ouça a entrevista do deputado Bruno Souza ao programa Conexão Sul, na Rádio Som Maior, no podcast:
A nota Governo do Estado sobre o caso da criança que precisava primeiro ser seguido de Caçador para Florópolis, solicitado no dia 8:
O Governo do Estado originou que nenhum paciente deixou de ser atendido pelo serviço aeromédico em Santa Catarina. A ação feita em redes sociais que o transporte de uma criança clara deixou de ser realizada para il a prioridade uma viagem do interesse governador é e apresenta o interesse político-eleitoral.
O Batalhão de Operações (BOA) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) possui dois aviões para transporte aeromédico, chamados de Arcanjo 02 e Arcanjo 06, e dois helicópteros para atender a emergências. Há três equipes médicas por dia nessas quatro unidades.
O BOA no dia 8 de março (terça-feira) recebeu uma solicitação de transporte de uma criança de Caçador para Florianópolis. No momento do pedido, o Arcanjo 02 estava em manutenção devido a um painel no gerador, e o Arcanjo 06 já havia decolado em missão oficial para Joinville. No Norte do Estado, em agenda oficial, o governador participou de eventos alusivos ao aniversário da cidade e obras vistas. Em seguida foi a Brasília, para uma agenda oficial às 11h15min do dia 10 de março, quinta-feira, na Procuradoria Especial em Brasília (SHS, quadra 06, bloco A, sala 208), entre outros compromissos.
O transporte aeromédico (por avião) é feito leito para o leito, ou seja, quando o paciente já está em ambiente hospitalar, com médicos, e necessita ir para um centro de referência. A criança começou a ser regulada no dia em que nasceu, 5 de março (sábado e no dia 8 (terça) foi solicitada a transferência por transporte aéreo, em função da distância entre Caçador e Florianópolis. No dia seguinte ao pedido, 9 de março (quarto-feira), o paciente por meioa transportada da aeronave contratada pelo Estado Secretaria Estadual da Saúde. Ou, o pedido foi atendido sem qualquer prejuízo à saúde da criança.
Abaixo, a nota do Governo do Estado sobre o segundo caso denunciado, da criança que foi a óbito e teria ficado sem atendimento no dia 12:
O Governo do Estado foi surpreendido no início da noite desta terça-feira, 15, com um anúncio na rede social de informações atribuindo a morte de um bebê à suposta parte do atendimento aeromédico por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Em tom apelativo e sensacionalista, a publicação usa uma tragédia familiar para tentar manipular a população e induzir a imprensa ao erro.
Em nome da verdade, o Governo do Estado originou a aeronave Arcanjo registrada o pedido de uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê havia sido concebido com uma cardiopatia em estado crítico. Porém, o Hospital ainda enviou o fluxo de regulação (registro no sistema a necessidade de mudança de hospital) para a transferência ser concretizada, algo que foi feito no dia 12 de janeiro. A aeronave foi dirigida ao Hospital na manhã da quinta-feira, 13 de janeiro.
No local, os médicos constataram que o recém-nascido não pode ser transportado de acordo. A saturação era de 54, a criança corre risco de óbito em voo. Ela no Hospital paração quadro. No dia 16 de janeiro, médicos retornarão à Unidade e aceitaram fazer o transporte, a partir da assinatura dos pais, os cientes de um voo de risco para o bebê. A criança resistiu à transferência, mas acabou indo para o óbito no Hospital Infantil de Joinville, diante da gravidade da doença.
O governo lamenta que um episódio tão triste seja usado com fins políticos-eleitorais. Em ano eleitoral, as campanhas de desinformações tendem a aumentar.