Os deputados estaduais Moacir Sopelsa e Valdir Cobalchini, ambos do MDB, demonstraram insatisfação durante o terceiro dia de CPI dos Respiradores da Alesc. Os integrantes da comissão questionaram a condução do relator Ivan Naatz (PL), que solicitou o chamamento de integrantes da Defesa Civil para o segundo dia de depoimentos. Do órgão, responsável pela contratação do hospital de campanha em Itajaí, que não é o foco da comissão, falaram a gerente de Contratos e Licitações da Defesa Civil, Janine Silveira dos Santos Siqueira, e a consultora jurídica Débora Regina Vieira Trevisan.
Durante o depoimento de Janine, enquanto Naatz conduzia as perguntas sobre o hospital de campanha e insistia em saber se haveria algum relacionamento entre a depoente e o advogado de Biguaçu, Leandro de Barros, Sopelsa interrompeu. "Não teve nenhuma pergunta que envolva a questão da CPI. Se é para a testemunha responder e ser perguntada por questões do hospital, que precisa ter esclarecimento também, mas se for para falar sobre isso na CPI, prefiro não participar da reunião", disparou o deputado.
Cobalchini engrossou o coro. "Estamos chamando aqui pessoas preparadas, mas não para falar sobre o objeto da nossa CPI. Não temos tempo para tratar disso (hospital de campanha). Eu estou preparado e sugeri que uma série de pessoas, como o controlador geral do Estado, ele próprio disse que identificou regularidades na compra. Por que não tomou providências? Eu próprio denunciei que o processo anterior (do hospital de campanha), caso o governador não tomasse a decisão, quem sabe não se transformasse em CPI. Com a decisão do governador, esse assunto não vem para cá", afirmou.
A contratação do hospital de campanha de Itajaí foi firmado no começo de abril, com a Associação Mahatma Ghandi, cujo representante legal era o advogado Leandro de Barros. A força tarefa do MP, Polícia Civil e TCE relaciona Barros com o ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba. Leandro também fez duas propostas para a venda de respiradores mecânicos ao Estado e teria contatado a ex-superintendente de gestão administrativa do Estado, Márcia Pauli, afirmando que a empresa vencedora do contrato, considerado fraudulento, entregaria os aparelhos, o que não aconteceu.
Naatz argumentou que, entendendo como foi feito o contrato com o hospital de campanha, poderia haver avanços no caso dos respiradores. "O Leandro veio aqui e disse que representava as empresas", justificou. O presidente da CPI, Sargento Lima (PSL), atendeu aos pedidos de Cobalchini e Sopelsa, mas reconheceu a relação que Naatz traçou.
"Reconheço que há diferenças entre uma secretaria e outra. Quero comunicar ao Sopelsa e Cobalchini que solicitei ao Ivan Naatz que a gente consiga concentrar nos respiradores, porque embora sabemos que se trate do mesmo grupo gestor na compra de respiradores e hospitais. Sabemos que havia trânsito das mesmas pessoas na Saúde e Defesa Civil, o Leandro todo mundo conhece", disse o Sargento Lima.
Integram, ainda, a comissão da CPI os deputados Felipe Estevão (PSL), Fabiano Luz (PT), João Amin (PP), Milton Hobus (PSD) e Marcos Vieira (PSDB). Amin e Marcos Vieira não compareceram à comissão nesta terça-feira.