O agricultor, por si só, é um empreendedor. E para manter uma posição de destaque no mercado, é essencial buscar a inovação. Alguns produtores rurais de Morro da Fumaça vêm apostando em experimentar novas tendências nos campos do município, buscando ampliar os resultados e colher bons frutos.
É o caso de José Sartor, da localidade de Linha Barracão. Produtor de frutas e hortaliças, o fumacense, recentemente, instalou a captação de energia solar em sua propriedade. Além de ser ecologicamente sustentável, a solução diminuiu os seus gastos em energia elétrica.
“A ideia foi investir numa energia limpa. São células fotovoltaicas. Trabalhamos com irrigação, e já temos os motores com um consumo alto. No verão, precisamos ressarcir, para baratear os nossos custos de produção”, explica. Por falar em irrigação, Sartor aproveita os próprios recursos naturais da sua propriedade para fazer uso da água. “Temos uma nascente natural dentro da própria propriedade, assim as nossas bombas não desperdiçam nenhum recurso hídrico”, completa.
A preocupação com a preservação do meio ambiente faz parte da rotina dos produtores rurais do município. “Temos essa consciência ecológica, porque a natureza é essencial para o nosso trabalho”, afirma o agricultor, que vende seus produtos semanalmente, na Feira da Agricultura Familiar de Morro da Fumaça, e para o Governo Municipal, que os utiliza na merenda escolar.
Uma nova flor no Sul Catarinense
Em setembro do ano passado, o casal Suelen Rezende de Souza Klima e Claudionir Novak Klima decidiu começar a plantar lavandas. Também instalados na Linha Barracão, os produtores viram que uma empresa de cosméticos da região procurou a Cooperativa da Agricultura Familiar Fumacense com a intenção de comprar as flores.
“Como estávamos querendo diversificar a nossa lavoura, aceitamos o desafio de plantarmos essa florzinha totalmente nova na região. Começamos em setembro do ano passado e vamos iniciar a colheita no mês que vem”, informa Suelen, que almeja colher cerca de 2 mil pés de lavanda.
“Tivemos que ir atrás de bastante orientação na Epagri para adaptar o cultivo aqui. Essa planta é mais tradicional no Rio Grande do Sul. Precisamos buscar muitas informações, mas não foi difícil. Só tivemos o trabalho de plantar a mudinha, carpir no começo e depois manter a roçada”, detalha.
A flor, se passar neste teste, será utilizada indústria cosmética. Depois, também pode ser aproveitada na culinária e em itens aromáticos, como óleos essenciais. “A safra produziu bem, agora, na colheita, vamos descobrir se o óleo possui a qualidade esperada”, destaca o marido.
Se o casal tirar um bom proveito desta primeira safra, irá expandir a produção. A propriedade possui 10 hectares, mas apenas 800 metros quadrados estão destinados para a lavanda. “Têm pessoas querendo visitar, bater fotos, fazer piqueniques. Já pensamos também em plantar outras flores para dispormos de diferentes cenários, com rosas, girassóis e outras espécies”, revela Suelen.
“Temos milho, feijão, aipim, batata. As pessoas vêm aqui na propriedade e compram direto com a gente. Gostamos de fazer novos experimentos. Começamos a plantar Uva Goethe e amora no pomar. A gente gosta de testar novas possibilidades”, completa Claudionir.
Um estilo de vida
A esposa conta que já teve outras experiências profissionais anteriormente, mas se vê realizada no campo. “Eu trabalhava de secretária em escritório, me formei em Administração. Trabalhar na agricultura é tão livre, simples. Fazemos o nosso próprio horário. É diferente de ficar em um escritório, com aquela rotina monótona”, observa.
Agora, o casal pretende compartilhar suas experiências com os mais novos. “A gente está começando a receber visitas de escolinhas para conhecerem a nossa horta pedagógica. Eu, quando era criança, ouvia muito dos meus pais: estude para se formar, ser alguém na vida. Hoje, eu trabalho na roça, mas sou formada na faculdade. Mesmo assim, escolhi voltar para o campo. Essa é a mensagem que eu quero passar para as crianças. Que elas podem e devem estudar, mas a roça não é algo ultrapassado. Se não fosse a agricultura, não seríamos nada”, finaliza.
Auxílios do Governo Municipal
Os aproximadamente 600 agricultores de Morro da Fumaça recebem, como principal incentivo, o Programa Porteira Adentro, do Governo Municipal. A iniciativa concede a utilização de horas/máquina com preços mais em conta com comparação com as empresas privadas, potencializando os ganhos do produtor.