Professor: aquele que ensina uma arte, uma atividade, uma ciência, uma língua; aquele que transmite conhecimento. Em outras palavras, aquele que educa com amor, desenvolve o caráter e forma cidadãos. Atribuições bem familiares para Janaina Vieira dos Santos, educadora na Rede Municipal de Ensino de Criciúma há 23 anos, e que carrega a profissão no sangue. Sua mãe, avó e bisavó foram professoras no município, e suas duas filhas trilham o mesmo caminho.
A história da família e da educação de Criciúma se encontraram há 100 anos, após a bisavó de Janaina, Custódia Cardoso, deixar Tubarão. De origem indígena, a professora alfabetizava e ensinava a língua portuguesa para os filhos de imigrantes italianos. As aulas eram dadas em sua própria casa, no Rio Maina. É assim, inclusive, que começa a trajetória da atual Escola Padre Miguel Giacca, que completa um século neste ano.
Seguindo os passos de Custódia, sua filha Doraci Pereira Vieira – avó de Janaina –, atuou como educadora no município e pela rede estadual, na escola Dr José de Patta, localizada no bairro Colonial. Suas irmãs também foram professoras no Rio Maina e, de suas nove filhas, oito levaram a profissão à terceira geração.
Uma destas filhas é a mãe de Janaina, Marta Vieira. Assim como Custódia, Marta atuou na escola Dr José de Patta de 1986 a 2007, sendo professora e diretora na rede estadual. "Foram 32 anos como educadora. Para mim, a educação segue próxima da família há tantos anos por vocação, seguimos uma linha de pensamento bem próxima", afirma.
Com 30 anos de magistério e 23 de rede municipal, Janaina Vieira dos Santos entrelaça ainda mais a história da família com a educação. "Comecei a dar aulas aos 18 anos de idade, no bairro Vila Francesa", lembra. Desde então, já atuou na educação de jovens e adultos e em escolas municipais como José Contim Portella, Centro de Educação Infantil Municipal (Ceim) Profª Elza Sampaio dos Reis, Ceim Natureza, entre outras instituições.
Janaina é gestora na rede municipal há 17 anos. É essa função que ela exerce atualmente, no Ceim Hilda Meller Justi. A escola atende 172 crianças, em tempo integral, de oito bairros da grande Santa Luzia. "Eu sou apaixonada pela educação infantil. Para mim, educar tem a ver com sabedoria, amor, vocação e paciência, porque as crianças não vêm com um manual", ressalta.
A profissão vai bem além da sala e da lousa. O trabalho em casa continua com correção de provas e trabalhos, além da elaboração do plano de ensino e das aulas. Mas, se os professores têm tarefas de casa, os pais também têm. Para Janaina, a educação infantil é uma responsabilidade de ambos, sendo construída no ambiente escolar e familiar.
"As crianças têm nossa atenção durante o dia, aprendem e têm liberdade e tempo para se divertir com outros coleguinhas. Mas em casa, mesmo após um dia corrido, os pais precisam dedicar uns minutinhos para os filhos, eles precisam desse carinho, é um momento importante para a criança", aconselha a diretora.
Anos de experiência na área ajudaram ela a desenvolver uma percepção aguçada e um estado de alerta aos detalhes do cotidiano. "Na convivência com as crianças percebemos a realidade das famílias, quais são as carentes, quais necessitam de acompanhamento, e ainda garantimos parceria com muitas famílias no dia a dia do Ceim. Na Educação Infantil é muito fácil ter este olhar. As crianças enquanto brincam, principalmente de casinha, reproduzem tudo o que vivenciam em casa", explica a gestora.
Filha de Janaina, Ana Carolina dos Santos Bernardo, de 26 anos, faz parte da quinta geração que trabalha no ramo. Ela iniciou sua trajetória em escolas em 2016, e já foi professora de informática na rede municipal. Hoje, é efetiva na escola Padre Carlos Wecki, no bairro Cidade Mineira Velha, além de atuar pela Afasc. "O interesse na área surgiu de experiências vividas com meus pais dentro dos ambientes escolares e pela vontade de poder ajudar a mudar vidas através desta profissão", relata.
A irmã gêmea de Carolina, Ane Cristine, também já trabalhou pela Afasc. No momento, ela aguarda os resultados de um concurso para atuar pela rede municipal. A princípio, por se identificar com outras áreas, ela imaginava que não seguiria o caminho já consolidado na família.
"Com o passar do tempo, o dia a dia da vida cercada pela Pedagogia me fez perceber o quão grandiosa é esta profissão, o prazer e o amor transformador que ela proporciona ao lidar com os educandos, ao aprender com tantas outras realidades e diversidades em nossa sociedade. A educação abre horizontes e nos faz perceber novas perspectivas da vida. É a maior riqueza que um ser humano há de ter", garante.
O secretário de Educação de Criciúma, Celito Cardoso, também uma longa trajetória na área. Ele foi professor no ensino superior por 18 anos nos cursos de Administração e Ciências Contábeis, além de diretor e fundador do Colégio Maximiliano Gaidzinski, escola de ensino médio e técnico de Cocal do Sul.
Para o secretário, que assumiu recentemente a pasta, essa é uma de muitas histórias bonitas na educação de Criciúma. "A educação no nosso município, sendo na rede pública ou privada, é repleta de pessoas que dedicam não apenas seu tempo, mas suas vidas à profissão que forma todas as outras profissões. É um trabalho que vai bem além do expediente", reconhece.
O Dia do Professor e a Rede Municipal de Ensino
O Dia do Professor foi instituído no Brasil em 1963, pelo Decreto Nº 52.682. A data escolhida é atribuída a duas razões: o dia de Santa Teresa de Jesus, padroeira dos professores; e uma lei de 15 outubro de 1827, que determinava a criação de "escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império".
Em Santa Catarina, porém, essa data foi escolhida bem antes. A Lei Estadual Nº 145, de 1948, instituiu o dia como feriado escolar 15 anos antes do decreto federal. Proposto por Antonieta de Barros, primeira deputada da Alesc, o texto foi sancionado pelo então governador interino, José Boabaid.
Na Rede Municipal de Ensino de Criciúma, 1.694 professores se dedicam diariamente à educação e ao futuro da cidade. Sob a guarda e ensinamentos deles, estão 21.191 alunos, entre crianças e adolescentes. A cidade tem 11 Ceims – que atendem crianças de três a cinco anos – e 52 escolas de ensino básico – até o 9º ano do fundamental.