A crise da crise. É o que está vindo à tona com a troca de farpas entre governadores e o presidente da República por conta de divergências nas políticas adotadas de combate à pandemia de coronavírus. O governador de São Paulo, João Doria, citado por Bolsonaro em tom crítico durante entrevista na manhã desta quarta-feira, 25, manifestou-se no começo da tarde no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
"Basta ler os jornais e sites e assistir os noticiários para se perceber claramente o equívoco da manifestação do presidente. Eu lamento que o presidente prefira escutar o Gabinete do Ódio que o Gabinete do Bom Senso, do equilíbrio e da serenidade", disparou Doria. "Ele insiste em nomenclaturas que não estão amparadas em protocolos do Ministério da Saúde, ficou evidente o confronto entre o presidente e o ministro da Saúde, ele perdeu a oportunidade de fazer um pronunciamento sereno, equilibrado, preocupado com as vidas, são seres humanos, não se pode desprezar", emendou.
Doria participou, pela manhã, de uma tensa teleconferência com Bolsonaro e outros governadores do sudeste. Houve bate boca e troca de acusações. O governador paulista disse, no encontro virtual, que o presidente "deveria dar exmeplo ao Brasil, e não dividir a Nação". Bolsonaro, em resposta, chamou Doria de "leviano" e "demagogo". Nas redes sociais, Doria comentou o conteúdo do encontro em seguida:
Na entrevista coletiva desta tarde, Doria cumprimentou o colega Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás, que rompeu com Bolsonaro. "Parabéns à postura do governador Ronaldo Caiado em defesa da vida. Ele é médico e ao fazer a sua opção pela Medicina sabe que é preciso proteger a vida das pessoas", afirmou. "Vamos fazer essa reunião dos governadores, uma conferência de duas horas dada a gravidade das circunstâncias do país e do comportamento do presidente", reforçou.
Durante a coletiva, Doria exibiu exame de contraprova atestando que não está com Covid-19. "Estou mostrando a contraprova do Instituto Adolfo Lutz. Anteontem mostrei o meu exame do Hospital Albert Einstein e aqui está a contraprova, embora não fosse necessário. São Paulo não esconde informações, São Paulo demonstra informações", frisou.
O governador refutou, ainda, a possibilidade de o Ministério da Saúde confiscar respiradores, conforme foi ventilado. "Não admitimos o confisco de respiradores, surgiu a notícia de que os produzidos aqui em São Paulo seriam confiscados pelo Ministério da Saúde, não admitimos. Se necessário for iremos ao STF. De São Paulo não se confisca medicamentos nem equipamentos, aqui é o epicentro dessa crise, não faz nenhum sentido", completou.
Ouça parte do pronunciamento e da entrevista de Doria no podcast: