A crise econômica e sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus traz inúmeras incertezas para países de todo o mundo. No Brasil, as eleições municipais se encontram ameaçadas e com futuro ainda incerto, e especialistas do meio acreditam que estas deverão ser adiadas por pelo menos alguns dias, e que serão influenciadas pela utilização de tecnologias digitais.
O consultor político Laércio Menegaz destaca que tanto a crise política quanto sanitária vivenciadas no país já estão tendo efeitos diretos no processo eleitoral. Reuniões partidárias já foram desmarcadas e, segundo o consultor, vereadores já expressaram medo em mudar de partido e sofrer com a possibilidade de unificação de poderes.
“Ainda é muito difícil cravar uma resposta definitiva, existem possibilidades e o jogo de poder continua acontecendo. Mas acho que vai ter sim eleições, e apostou em um adiamento. Não acredito que nós teremos uma unificação da eleição, esse cenário eu descarto totalmente”, pontuou.
O publicitário Amarildo Passos acredita que, por mais que os dois turnos sejam realmente adiados, o processo deve continuar sendo trabalhado como se fosse ocorrer no dia 4 de outubro. A pré-campanha, no entanto, deverá ser diferente daquelas ocorridas ao longo da história, contando com a participação essencial e definidora das mídias digitais.
“Esse é o momento das conversações, dos diálogos, da busca de apoios das forças organizadas da sociedade, do formador de opinião. É o momento em que o pré-candidato a prefeito e vereador têm a oportunidade de propagar as suas ideias. Com o contato pessoal diminuindo, a TV nas eleições terá um papel importante, o rádio ainda mais e as mídias digitais, sem sombra de dúvidas, serão muito importantes para o processo”, comentou Amarildo.
A maneira como os candidatos e pré-candidatos deverão se comportar nestas mídias também é algo a se levar em consideração. Para o publicitário, as pessoas já conviveram com tantas fake news que já sabem interpretar um comportamento verdadeiro nas redes sociais. Por isso, o que os políticos terão cuidado no que publicar, comentar e curtir em suas mídias, tentando passar autenticidade nas suas ideias e ideais. “A formação de opinião e imagem hoje está sendo feita, mais do que nunca, pelas mídias digitais, por aquilo que você faz no dia-a-dia. Esses são cuidados fundamentais”, ressaltou.
Para Laércio, uma pergunta deverá ser feita constantemente à todos os pré-candidatos dessas eleições: “o que você fez ou estava fazendo durante a crise?”. Todo prefeito e alguns vereadores podem ser indagados assim, e isso mexe com esse sentimento de voluntarismo bastante cativo. O pré candidato precisa se preocupar com o que ele fez nesse processo e qual foi a sua narrativa”, afirmou o consultor.