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Eleições 2020

Eles querem comandar a cidade: Dr. Anibal

O pré-candidato do MDB é o terceiro entrevistado da série do 4oito. As lideranças emedebistas estarão na campanha? Ele responde

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 04/09/2020 - 07:30 Atualizado em 04/09/2020 - 07:36
Dr. Anibal com a vice, Lisiane Tuon / Divulgação
Dr. Anibal com a vice, Lisiane Tuon / Divulgação

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A série de entrevistas do 4oito com os pré-candidatos à prefeitura de Criciúma continua. Já foram ouvidos o Coronel Cosme Manique Barreto, do Podemos, e o Dr. Allison Pires, do PSL. Nesta sexta-feira, 4, é a vez de outro médico, Dr. Anibal, o aspirante à prefeitura pelo MDB nas eleições de 15 de novembro.

Esta sequência vai apresentar, ainda, as entrevistas com Chico Balthazar (PT), neste sábado, 5. Na segunda-feira, 7, é a vez de Júlia Zanatta (PL). Posteriormente, Ederson da Silva (PSTU) e Rodrigo Minotto (PDT). O prefeito Clésio Salvaro (PSDB) optou, por orientação de sua assessoria, por não conceder entrevistas.

O cronograma:

1/9 - Cosme Manique Barreto (Podemos)

2/9 - Allison Pires (PSL)

4/9 - Anibal Dario (MDB)

5/9 - Chico Balthazar (PT)

7/9 - Júlia Zanatta (PL)

8/9 - Ederson da Silva (PSTU)

9/9 - Rodrigo Minotto (PDT)

Dr. Anibal: a origem

Anibal Dario nasceu em Curitiba. Mas só. Criado em Criciúma desde os 2 anos, garante ser plenamente criciumense. Médico formado aos 26 anos, mas desde muito cedo ligado às questões da saúde, ele quer agora dar um passo adiante e ser prefeito. O pré-candidato do MDB garante que, embora toda a influência da origem e da profissão, não atacará somente nos problemas da saúde.

"Com 15 anos, eu tinha uma tia médica que me inspirava muito. Sempre que acontecia algo referente a doença, eu participava, procurava me envolver. Somando ao fato que minha mãe era uma auxiliar de enfermagem no bairro, tinha estojo de vidro com seringas e os vizinhos a procuravam para aplicações", contou.

Com 50 anos, casado e pai de três filhas, Anibal tem 24 anos de atuação na rede municipal de saúde. "Tive um intervalo de dois anos que servi ao Exército como médico, aqui em Criciúma. Conheci muito a cidade nesse tempo todo", contou, referindo uma das respostas prontas para quem questionar sobre o que ele eventualmente sabe da cidade que quer comandar. "Quando cheguei em Criciúma, recém havia sido implantado o Programa de Saúde da Família, que reestruturou a atenção primária. Foi uma revolução, e eu testemunhei essa transição do modelo antigo para um novo modelo", resgatou.

Anibal Dario no estúdio da Som Maior, no começo do ano

Testemunha e partícipe das transformações da saúde pública na última década e meia, Anibal guarda com carinho suas experiências em atendimento hospitalar. "Pronto atendimento, carga horária diária muito alta, eu trabalhava em média 14 horas por dia. Mas tinha como regra as minhas férias, nunca abri mão", contou.

E o projeto?

O desejo de ser prefeito de Criciúma tem a ver como toda essa experiência na saúde pública? "Vai além disso", respondeu. "Sempre fui muito preocupado com a cidade, tenho uma série de contribuições para a cidade. Sempre que eu podia, eu deslocava o meu foco para contribuir", afirmou.

Anibal recorda, com carinho, um episódio em que compartilhou, com a então vereadora Tati Teixeira, uma ideia que evoluiu para incremento do turismo em Criciúma. "Foi através de uma conversa com a vereadora, sugeri algo que foi acatado. Falei da Mina Modelo, que era muito acanhada, nada mais justo que a cidade ter uma mina de grande porte para visitação. Daí veio a ideia da Mina de Visitação. A Tati era vereadora, e do Governo, e levou a ideia para frente", revelou.

A política partidária

Anibal Dario conta que faz política, e não é de hoje. "Eu tinha uma vontade grande de participar mais efetivamente do processo político. Eu tive experiência como aluno, presidi Centro Acadêmico por três anos na UFSC, fui líder de turma na Satc e na Medicina. A política sempre esteve presente", garantiu.

O pré-candidato pela cidade com a sua vice

Veio uma pausa de anos para a necessária dedicação à Medicina, mas a chama nunca se apagou. "A pedido de um grande amigo meu, me envolvi em uma campanha na eleição de 2012, apoiando um candidato", relatou, em seguida confirmando que participou do grupo de apoio à candidatura a vereador do jornalista Ricardo Fabris, que foi eleito na ocasião pelo PDT e hoje, no PSD, é o vice-prefeito de Criciúma. "O Ricardo já achava que eu tinha esse perfil político. Isso me trouxe de volta ao cenário, e acendeu essa chama. A partir desse envolvimento, tive vários convites para ser candidato na campanha seguinte, a vereador", contou.

Em 2016, Anibal preferiou de novo continuar focado na profissão. "Achava que não era momento", disse. "Recebi dois convites na época. Até que veio de volta isso tudo em 2020, vieram novos convites e culminando com uma situação que me angustia muito, da saúde, eu achava que poderia fazer algo diferente", sublinhou.

Pelo vínculo com a candidatura vitoriosa de Ricardo Fabris em 2012, Anibal Dario chegou a se filiar ao PDT na época. "Foi no sentido de assinar a ficha sem envolvimento partidário, apenas para ajudar no número de filiações do partido. Não tive militância", assegurou. "Tanto que um tempo depois eu saí", emendou.

A filiação ao MDB, embora convites de outros partidos, como o PP, veio em março último. "Por uma questão de estar em ponto que eu posso conversar com todas as forças políticas, pelo posicionamento do MDB, tanto com o viés de direita e de esquerda, preferi iniciar minha carreira política nesse posicionamento, no MDB", afirmou. "Uns dizem que pode ser em cima do muro, eu tenho outro olhar, uma posição que me abre um canal de comunicação com todos os segmentos partidários
eu gosto de fazer política não radicalmente fechado numa ideologia", completou.

 

Os líderes do MDB na campanha?

Uma curiosidade que tem se levantado nos bastidores é sobre o papel de antigas e tradicionais lideranças do MDB criciumense na campanha de Anibal à prefeitura. "O tratamento é respeitoso e recíproco", adiantou o pré-candidato. "Eles entenderam a importância da renovação, eles apoiam a renovação, deram autonomia, sabem que o caminho é o da renovação", comentou.

Ainda quando questionado sobre eventuais participações do ex-governador e ex-prefeito Eduardo Moreira, do ex-deputado Ronaldo Benedet e de outros históricos do MDB local na campanha, Anibal pontuou que "temos autonomia sem os comprometimentos clássicos. Criamos um canal de comunicação na base do respeito. Eles me respeitam como o candidato da renovação e com potencial para ajudar tanto o partido quanto a cidade".

"Eu devolvo esse respeito pela história que eles têm na política, dentro do partido e por uma questão de hierarquia", argumentou. "Seria muito desrespeitoso querer ser um líder chegando agora no partido", refletiu. Anibal reforçou que eles, os históricos citados, não estarão na linha de frente da campanha. "Eles entendem que é um novo momento, não será como foi das outras vezes", comentou.

Oposição a Salvaro

Anibal será oposição ao prefeito Clésio Salvaro na campanha. "Eu espero fazer a crítica construtiva, criticar sem ofender, criticar sem baixarias, mas as críticas que eu considero pertinentes, que a cidade ganhará fazendo a crítica da maneira certa, com respeito, serão feitas sim. Não é possível não enxergar pontos que a cidade pode evoluir", apontou.

Para o emedebista, citar as políticas atuais de saúde será indispensável nos debates. "Sou obrigado a falar da saúde, podemos fazer muito mais, a gente pode fazer uma reestruturação, implementar uma nova dinâmica e valorização diferente do que vem sendo feito", argumentou. "Como trabalhava na ponta, eu participei dos bons e maus momentos da saúde, quando os investimentos eram maiores e menores. Eu sei que pode se fazer diferente, pode se fazer mais. É um ponto natural de crítica construtiva, do que pode ser melhorado", enumerou.

O desempenho atual da economia de Criciúma também será atacado pelo representante do MDB. "Na questão econômica também, precisamos remexer a cidade. Precisamos dar um novo gás para a cidade, aquela posteridade de Criciúma que sempre foi marcante. Queremos atrair esse grupo para a cidade, para poder dar uma forte contribuição para aquecer o movimento econômico da cidade, para gerar empregos e renda", adiantou.

Uma das metas de Anibal, que ele vê como ponto falho do atual governo, é a busca pela atração de empresas. "Vamos atrás de empresas de médio e grande porte, que gerem empregos. A cidade estagnou nessa questão, faz 15 anos que uma empresa de porte significativo não se instala aqui. A última grande mudança foi a Elizabeth, a estrutura já estava na cidade. E perdemos empresas ainda", observou.

Coligação feita

A coligação que vai amparar a campanha de Dr. Anibal é do MDB com o DEM, que indicou a professora Lisiane Tuon como candidata a vice-prefeita. "Estamos fechados, é uma parceria consolidada", apontou. Mas há buscas de outros aliados. "Estamos em conversações com outros partidos", reconheceu. A certa altura, o MDB tentou atrair o Podemos e o PDT. "É importante esse respaldo pois os partidos podem contribuir não apenas politicamente, mas tecnicamente para a cidade, com o projeto, pelo critério político, técnico e qualitativo", resumiu.

O que pensa para Criciúma

A saúde é, naturalmente, o principal tópico do projeto de Anibal Dario. "Já estava na pauta como prioridade, depois das visitas pela cidade, ficou consolidado", referiu. "E com a pandemia, mais urgente ainda", frisou. Mas foi além: "pela história da cidade, pelos indicadores e a necesidade de recuperação, saúde e economia são duas pautas fundamentais para as próximas gestões", salientou.

Para Anibal, a educação também precisa avançar muito "rumo ao ensino integral". "E nos preocupamos muito com qualidade de vida, mobilidade, segurança, acessibilidade e ciclovias. Temos que reorganizar a mobilidade da nossa cidade", apontou. "Com inteligência e ações certas, conseguiremos melhores resultados", emendou.

A repaginação da Avenida Centenário constará do plano de governo do emedebista. "Pela conversa que tive com um especialista, que conhece bem a cidade, há condições de repaginar a Centenário e criar com ela um diferencial de mobilidade. E queremos reorganizar o trânsito nas regiões periféricas que têm confluência com a Centenário, como se fossem ramais", anunciou.

Reduzir a carga de doenças

Ele registrará Dr. Anibal como seu nome de campanha e para a urna eletrônica. Normal, para quem se tornou assim conhecido nos consultórios públicos e privados de Criciúma. E assim o candidato carregará a bandeira da saúde com vigor. É o que pretende.

"Na atenção primária, precisamos reestruturar o serviço e capacitar muito mais, no sentido de aumentar a resolutividade. Vamos atacar com fortíssimas ações de prevenção e promoção da saúde", garantiu.

Outro mote que Anibal carregará bastante na campanha é o de "reduzir a carga de doenças". "Criciúma está com uma carga de morbidade muito alta, isso gera demanda, filas, sobrecarrega o sistema. Temos que fazer aquilo que é possível para colocar o cidadão em um estilo de vida no qual ele adoeça menos", pontuou. "Meu sonho e da minha vice é que Criciúma se destaque como uma cidade onde se faz saúde", emendou.

Anibal sublinhou, ainda a intenção de reorganizar e dar mais acesso às especialidades médicas. "Temos que tornar mais acessível a ida aos especialistas, e precisamos criar ações estratégicas inteligentes. Essa é a cereja do nosso bolo", antecipou.

A sobrecarga do Hospital São José é outra preocupação do pré-candidato do MDB. "Eles se sentem sobrecarregados. As irmãs colocaram na pauta da conversa conosco o incremento do investimento em prevenção. Prova que o hospital está pedindo socorro", analisou. "Vamos tentar desafogar o hospital com medidas de promoção e prevenção e resolutividade na atenção primária", relatou.

Melhorar o atendimento no hospital

Anibal revelou outra intenção sobre o papel do Município junto ao Hospital São José, em uma eventual gestão sua. "Temos que chamar a sociedade para criar uma hotelaria diferenciada no hospital, dar condições de o paciente e o acompanhante terem uma estadia melhor no hospital, principalmente por conta do inverno rigoroso. Os acompanhantes adoecem ajudando, ao acompanhar", analisou. "Temos que problematizar isso e achar uma solução", frisou.

O papel das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no sentido de desafogar o hospital será fundamental. "Temos que torná-las o mais eficiente possível, e conectadas com a rede, com uma boa relação com a atenção primária", salientou.

Ele cita uma frase de um ex-correligionário do MDB para citar outro ponto que considera importante do seu plano para a saúde. "Nós temos que cuidar de quem cuida das pessoas", disse Anibal, citando o atual secretário municipal de Saúde, Acélio Casagrande. "Os profissionais de saúde terão, conosco, um tratamento especial, condizente com a responsabilidade e importância do seu serviço. Não que os demais não tenham, mas os profissionais da saúde merecem um tratamento diferenciado pelo desgaste que a profissão oferece. Não é por ser da saúde, mas também por ser da saúde, tiro meu chapéu para esses profissionais e a pandemia prova isso. Quem faz saúde receberá uma atenção especial", emendou.

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