"Foi o governador quem pediu a minha expulsão? Sim". Esse um dos pontos enfáticos da transmissão ao vivo que o deputado estadual Jessé Lopes (PSL) fez na noite deste sábado, 24, via Facebook, para avaliar a crise na qual se viu envolvido ao longo da semana, com o anúncio da abertura de um processo que poderia levar à sua expulsão. "Eu recebi notícias internas do partido que deram a certeza que partiu do governador mesmo esse pedido. Eu fiquei surpreso mas ao mesmo tempo tranquilo. Não tem sustentação política para uma expulsão, zero, nenhuma", afirmou.
Jessé contou que desde antes de iniciar o mandato já percebia um certo distanciamento ideológico em relação ao governador Carlos Moisés. "Desde o início, nas conversas com o governador, eu sempre me coloquei como um deputado independente. Eu fui eleito por uma causa, e essa causa eu levarei com afinco", destacou. "Isso nunca foi bem deglutido pelo pessoal do governo. Isso causava um desconforto até com os meus colegas. Tinha uma orientação e eu nem sempre seguia", sublinhou. "Em uma confraternização em dezembro nos alteramos um pouco, eu e o governador. Eu pedi que ele fosse mais radical em algumas questões, nas nomeações, ele falou que era mais republicado, que nao ia olhar muito partido A ou B. Desde lá eu senti que teríamos discordâncias ideológicas", frisou.
Votos contra o governo
O deputado citou um exemplo de pauta na qual não se alinhou com o governo. "O caso mais polêmico foi quando teve o projeto da reforma administrativa onde a orientação era não votar a favor de nenhuma emenda. Eu não fiz isso, avaliei cada emenda e vi o que seria benéfico ao Estado, votei a favor do fim do ponto facultativo e pela restrição do uso do combustível pelos servidores público. E como tinha uma orientação do governo para votar contra, todos os que votaram a favor foram criticados", revelou. "O PSL tem o símbolo do novo, do diferente, do corte dos privilégios, ele causou essa esperança nas pessoas, e eu não posso hoje mudar minha conduta", emendou.
As razões para a expulsão
Procurado pelo deputado federal Fábio Schiochet (PSL), Jessé contou que soube na noite de quarta-feira, 21, duas das razões para a possível expulsão. "Uma seria a questão da ponte, de eu ter me colocado como opositor aos investimentos, que eu queria implodir a ponte. A minha crítica não era ao governador. O problema da ponte é a própria ponte", citou. "E a questão da foto. Eu coloquei a foto do governador no meu gabinete. Não esperava agradecimento. Por um motivo plausível, eu tirei e ele ficou chateado. Eu tirei no dia em que eu cheguei no gabinete e li aquela entrevista do governador criticando o Bolsonaro e o pessoal que faz a arminha na Folha de São Paulo", recordou. "Foi na mesma época em que estavam tirando os incentivos fiscais dos defensivos agrícolas", mencionou. "Eu falo que quando ele resolver o problema do ICMS, dos agricultores, eu colocaria o quadro de volta. Mas agora que ele pediu a minha expulsão, não dá para colocar o quadro de volta ainda", referiu, soltando um breve sorriso.
Relação com Moisés
E a relação com o governo, como vai ficar? Jessé assegura que seguirá analisando tecnicamente todos os projetos. "Eu não vou fazer picuinha, não vou misturar as coisas. Se fizer uma retrospectiva das votações, eu sou dos que mais voto com o governo. A reforma administrativa, a LDO, bons projetos", disse, elogiando o governo Moisés. "Ele faz uma gestão mais técnica. Deixa a desejar muito nas questões ideológicas, mas nas questões técnicas é um governo responsável", completou.
Jessé contou que já recebeu convite de vários partidos. "Eu não tenho plano B, tenho muito orgulho de estar no partido do Bolsonaro, ajudei a construir em Santa Catarina. Eu quero ficar no PSL, hoje não vejo outro partido que possa comportar a minha ideia de pensar e fazer as coisas", observou. "Vou lutar para me manter, não tem razão para a minha expulsão", completou.
Jessé governador
O deputado agradeceu, ainda, aos vários apoiadores que estão citando a hashtag #jessegovernador nas redes sociais. "Agradeço o carinho, mas não tenho essa ambição", assegurou. "Santa Catarina não está preparada para ter um Jessé governador, eu seria um cortador de cabeças, venderia propriedades, cortaria gastos, privatizaria, já demorou para ele fazer projetos de privatizações, não deixaria nenhum cargo importante para quem tem pensamento social democrata para baixo. Faria uma limpa. A população de Santa Catarina não está madura para isso. Eu iria começar pela Udesc. Aqui está o investimento para a educação básica, e aqui o da Udesc", afirmou, fazendo para o vídeo um gesto de maior e menor.
Como está o caso
Em nota publicada na última quinta-feira, a direção estadual do PSL informa que não houve pedidos de expulsão, muito menos pelo governador, e que a situação será submetida ao Conselho de Ética do partido.
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