Mais de 50 estudantes chilenos, de diferentes categorias profissionais da área da saúde, estão em Criciúma para conhecer mais o Sistema Único de Saúde (SUS), e também o serviço de atenção básica do município e os diversos serviços disponíveis para a população. A delegação chegou na última segunda-feira (11) e permanece na cidade para estudos até sexta-feira (22). Ao longo da primeira semana, os pesquisadores visitaram as vigilâncias municipais, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além da rede de urgência e emergência. Na última segunda-feira (18), os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a Secretaria Municipal de Saúde, no Paço Municipal Marcos Rovaris, momento em que foram apresentados ao organograma da saúde de Criciúma.
"Temos hoje 50 Unidades Básicas de Saúde e três Unidades de Pronto Atendimento, daqui alguns dias vamos inaugurar a quarta. O papel do município é a saúde primária, com o atendimento através das Unidades Básicas de Saúde. Da porta para fora do hospital é responsabilidade do município, da porta para dentro é do estado. No Brasil, os Tribunais de Conta de cada estado avaliam a eficiência de gestão e da saúde nos municípios, e durante dois anos recebemos o selo ouro. Mas existe um maior ainda: o selo diamante. Nós fomos em busca deste selo e conquistamos, exatamente pela qualidade da gestão pública. Nosso propósito se cumpriu: fazer mais, melhor, com menos e muito mais rápido, com transparência total para o cidadão que contribui e paga impostos", pontuou o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro. Na ocasião, o gestor também convidou os visitantes para conhecerem os pontos turísticos da cidade, como o Parque Astronômico, a Fazenda Solar Nikola Tesla e a Mina de Visitação.
O secretário de saúde de Criciúma, Deivid Freitas, destaca que essa troca de experiências e conhecimentos entre os estudantes e os profissionais da área é benéfica para ambos os lados. "Os chilenos estão visitando o município para conhecer a rede de saúde, e esses momentos são sempre importantes para fazer essa troca. Com isso conseguimos identificar melhor aquilo que podemos melhorar com a visão deles, que vêm de uma outra realidade e uma outra perspectiva, além deles também levarem o que nós temos aqui de experiências positivas para o Chile. Eles têm comentado muito sobre a participação social junto a criação das políticas públicas de saúde. Durante toda essa semana na parte da manhã eles vão visitar algum serviço e na parte da tarde vão para a Unesc discutir sobre o que aprenderam, para juntar a realidade deles com a nossa", ressaltou.
Anualmente o grupo realiza imersões de conhecimento em outros países, por meio de editais abertos pela Universidade del Alba e pelo governo do Chile. Este ano, a pesquisa foi direcionada ao Brasil, através da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), vencedora do edital. A delegação chilena é composta 51 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, dentistas e matronas. Durante a estadia no país, a equipe conta com o apoio de professores da Unesc e tradutores de espanhol.
"No final dessa experiência eles têm que elaborar um projeto de melhorias para o Chile com base no que eles viram aqui, alguns já estão definindo o tema que vão fazer. Hoje alguns já me chamaram para falar sobre o NEPSHU, porque eles vão escrever um projeto para ter esse Núcleo de Educação Permanente em Saúde e Humanização lá no Chile, então eles vão se baseando no que eles estão vendo aqui e o que eles poderiam melhorar lá", explicou a professora do curso de enfermagem da Unesc, Letícia Felipe Milak, que acompanha o grupo de visitantes.
Aprendizado e fonte de inspiração
Uma das estudantes, Ivanna Soto Ortiz, é matrona (denominação chilena para a profissional que acompanha gestantes, como uma enfermeira obstetra) e, para ela, esse contato com as diferentes formas de atendimento na cidade trouxe muitas reflexões e aprendizados para a sua área de estudo. "A experiência tem sido muito produtiva, nós pudemos conhecer os espaços e os diversos dispositivos de saúde que existem aqui em Criciúma e que não tínhamos visto ainda. Particularmente, ver o organograma da saúde é muito importante para esclarecer tudo o que temos conhecido. Essas visitas têm sido incríveis, por conhecer todo o processo e todas as especializações que tem", comentou. Ela é moradora de Quinta Normal, uma comuna de Santiago, no Chile. Ivanna, assim como os demais visitantes, realizam a pesquisa por meio dos cursos "Modelo de Atenção com ênfase em gestão comunitária e promoção da saúde, sistema de saúde como determinante social da saúde" e "Formação e Aperfeiçoamento com Ênfase em Gestão Comunitária e Promoção da Saúde, Participação Comunitária e Intersetorial" da Unesc.
"A quantidade de UBSs é maior do que no Chile, onde as estruturas um pouco maiores, mas que atendem muitas pessoas, causando em alguns momentos superlotação. O que me chamou atenção aqui é que as unidades são menores, porém mais espalhadas. Outra coisa que me chamou atenção é a função do agente comunitário, que no Chile é algo muito recente e aqui eles são muito próximos da população. O conhecimento que eles têm sobre os problemas de saúde das pessoas e o empenho na pesquisa dos casos é uma colaboração que também significa muito para a equipe de saúde e para os próprios usuários, por terem um intermediário e conhecerem as características próprias dessa comunidade", pontuou Ivanna Ortiz.
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Colaboração: Mariana Machado