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Esperança no meio da poeira

No limite entre os municípios de Criciúma e Araranguá, a chegada do Case trouxe expectativas

Por Fagner Santos Criciúma, SC, 21/11/2018 - 06:15
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna

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Desde 1994, há quase 25 anos, a professora aposentada Rosane Castelan mora no limite entre Criciúma e Araranguá. Ali é Espigão da Pedra. Os nomes dos lugares se confundem com alguma naturalidade. Embora o chão de muitas pedras e de areia e fazendo subir muita poeira daquelas estradas rurais, não demora e se migra do São Domingos à Vila Maria, bairros vizinhos, ou até se salta de um município a outro sem muita diferença perceber.

É ali, em meio à poeira das estradas de chão batido que rodeiam a comunidade, que o sossego deu lugar a uma real expectativa que vai tornando-se frustração de uns tempos para cá. Há dois anos, a professora Rosane e muitos outros moradores passaram a conjugar, com extrema frequência, o verbo “compensar”. Ocorre que a construção do Centro de Atendimento Socioeducativo, o Case Sul, em paralelo a aparelhos de segurança como a Penitenciária Feminina e, antes, a Penitenciária Sul, fizeram a região sonhar com as tais “medidas compensatórias”.

“Nunca tivemos as reivindicações atendidas”, afirma Rosane, apontando descaso do Governo do Estado para com as comunidades de Espigão da Pedra, Vila Maria, Morro Albino e São Domingos, as impactadas. “Desde 2016 que estamos atrás dessas pavimentações e nada”, relembra, com real inconformismo. Na época, uma audiência pública foi realizada para discutir a questão. A não cedência do alvará para operação do Case pelo prefeito Clésio Salvaro era o salvo-conduto no qual se agarravam os populares. Porém, ontem o documento foi assinado, autorizando a operação do serviço de correção de jovens sem que a compensação aguardada viesse.

“É triste haver essa determinação sem que a comunidade ganhe nada com isso, mas, mesmo que seja obrigado a ceder o documento, o prefeito nos garantiu que vai continuar lutando pelas pavimentações, ao nosso lado”, comenta Rosane.

O medo: ficar sem asfalto nem segurança

Rosane, ao microfone, participando de uma das audiências públicas / Foto: Daniel Búrigo / A Tribuna / Arquivo

O temor dos moradores com a liberação do alvará é ficar sem a pavimentação da Rua José Martinho Teixeira, que dá acesso às penitenciarias, além do término das obras na Rodovia Narciso Dominguini e, mais imediatamente, a pavimentação da Rua Pedro Liberato Pavei, que passa em frente ao Case. No total, são mais de 11 quilômetros de estradas de chão aguardando pavimentação. “A construção do Case foi repentina, a comunidade não acompanhou e não teve voz no processo”, coloca a professora aposentada.

O pedido mais urgente é pelo asfalto imediato nos três quilômetros de acesso ao Case. “Nós queremos ter um asfalto para que possamos sair de casa e ir para o centro de Criciúma com tranquilidade”, diz. A segurança também é ponto chave para as exigências dos moradores. Rosane e seus vizinhos alegam que o Case não garantiria completo recolhimento de adolescentes infratores. “E se escapar um de lá que resolva vir pras nossas casas, o que fazer? Muita gente aqui mora sozinha, não tem como se defender em casos assim e, se precisar correr pra um hospital, vai ter dificuldades”, argumenta.

Futuros projetos custam R$ 12 milhões

Enquanto as medidas compensatórias não vem, a poeira segue na vizinhança / Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna

Como as penitenciárias já funcionam e oferecem certa sensação de segurança, o foco agora é a pavimentação da rua que dá acesso ao Case. “Mas queremos saber sobre os R$ 3,6 milhões para a Rua Pedro Librelato Pavei, mas também queremos a confirmação dos mais de R$ 8 milhões para o resto das pavimentações até o dia 14 de dezembro”, expôs Rosane. Até o momento, apenas R$ 1 milhão foram liberados, em agosto, pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Os moradores até aceitam que as obras de pavimentação iniciem em 2019, mas as verbas deveriam ser empenhadas ainda neste ano. “Estamos preparando um ato para o dia 14, uma semana antes da data final, para que a comunidade se faça vista e ouvida pelos governantes”, afirma a moradora. 

Um trecho da Rodovia Narciso Dominguini já está pavimentado. As obras foram realizadas em 2008, como parte das reivindicações da comunidade em relação à construção da Penitenciária Sul. Também foi implantada a rede de água encanada. “Agora estamos com os projetos prontos para as pavimentações restantes exigidas pela população”, informa a secretária de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana de Criciúma, Kátia Smielevski. Ainda não existe data para o início das obras compensatórias, visto que a execução dos projetos necessita da verba do Governo do Estado, em torno de quase R$ 12 milhões. “Com recursos próprios da Prefeitura, fica impossível de realizar as obras”, finaliza.

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