No ano em que as mulheres completam nove décadas de direito ao voto, o protagonismo feminino no cenário político entra cada vez mais em destaque. No município de Forquilhinha, neste mês, em alusão ao 8 de março, todas as cadeiras da Casa Legislativa são ocupadas por vereadoras. A ação é considerada histórica em toda a região Sul, assim como em Santa Catarina e, quiçá, no Brasil.
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Das nove cadeiras na Câmara, duas já são ocupadas por mulheres. Uma delas, inclusive, é a vice-presidente da mesa diretora, Ivone Minatto (PSD), que recebeu 581 votos em 2020. Com a iniciativa, anunciada pelo presidente Célio Elias (PT), 100% do plenário teve a participação feminina já na sessão desta segunda-feira (7). “Foi uma sessão histórica”, comemora a parlamentar, que preside a Câmara pelos próximos 15 dias.
Ivone Minatto foi a primeira vereadora eleita no município e, em 2021, deu início ao quinto mandato. Desde 1998, a parlamentar tem voz ativa na Câmara de Forquilhinha e já foi, inclusive, presidente da mesa diretora. “Decidimos que precisávamos fazer um ato como este, parabenizando as mulheres pelo 8 de março. São nove integrantes, hoje, ocupando as bancadas da Casa Legislativa, sendo sete suplentes e duas eleitas”, comenta.
Apesar do bom exemplo a ser seguido, a vereadora ‘puxa a orelha’ das bancadas, que em todas as eleições deixam de lado as candidatas na hora de compor as nominatas.
“Elas têm que ser chamadas antes, serem preparadas. Eu acredito que a mulher está desmotivada na política. E os culpados são os partidos. Nós sabemos governar, fazer e aprovar leis. Não nascemos somente para ser mães e avós, mas também para legislar”. Ivone Minatto, vereadora
A iniciativa em compor um plenário somente feminino deu tão certo, que a expectativa é que nos próximos anos a ação seja repetida, como forma de incentivar as mulheres a participarem da política de Forquilhinha. “Acredito que em Santa Catarina, nós fizemos uma busca e é o primeiro evento feito nesse âmbito”, afirma a vereadora titular.
Visibilidade feminina
Além de Ivone, Marilda Casagrande (PP), que recebeu 777 votos em 2020, também é titular no Legislativo. Todos os partidos têm vereadoras suplentes em Forquilhinha. Com a ação, sete novas integrantes fazem parte do plenário no município. “Além de ser um marco histórico para a nossa cidade, também vai ser uma forma de homenagear todas as mulheres, sem exceção”, comemora Patricia Amandio Floriano (PDT), que preenche a vaga de Marcos Rocha Macedo.
Na última eleição, em 2020, Forquilhinha teve a participação de 35 mulheres candidatas a uma cadeira no Legislativo. Juntas, elas fizeram 3.740 votos. À época, Marilda Casagrande foi a mais votada, sendo a segunda na nominata do PP e a terceira no geral. A segunda vereadora eleita, Ivone Minatto, recebeu 581 votos e foi a segunda do PSD e a sexta no geral.
“O objetivo de se fazer essa sessão com 100% de vereadoras eleitas e suplentes é chamar atenção sobre os debates, a luta das mulheres por pedido de respeito, direitos, contra o feminicídio, sobre a importância da mulher participar da política e de que a população a respeite, para que ela possa estar onde quiser”. Marilda Casagrande, vereadora
Foco na inclusão
O petista Célio Elias, presidente licenciado da Câmara, desde que assumiu a mesa diretora busca dar mais espaço às minorias e, também, às mulheres. O objetivo, em paralelo, também é aproximar os parlamentares e as atividades da Câmara, dos moradores do município. “É importante que a população conheça a atividade de cada vereador”, aponta o sindicalista.
“Nós propusemos trabalhar muito forte esta questão, não somente das mulheres, mas também dos negros, dos LGBTQIA+, e a inclusão dessas pessoas. Por isso, levamos para a Câmara, dialogamos com as vereadoras eleitas, Ivone e Marilda, e estendemos o debate aos demais parlamentares, dos partidos que compõem o Legislativo de Forquilhinha”, comenta Célio Elias.
A iniciativa, portanto, busca valorizar a presença das mulheres na política. “É coisa inédita, não somente aqui em Forquilhinha e região Sul, mas também no Brasil. Não encontramos nenhuma Câmara ou Poder Legislativo que executou a presença 100% feminina. Essa iniciativa é para que elas, cada vez mais, se apaixonem pela área”, defende o petista. “É uma data histórica, de luta por direitos”, finaliza.
Conselho implantado no município
Nesta segunda-feira, inclusive, as vereadoras aprovaram a implantação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Forquilhinha. O Projeto de Lei é de autoria do Poder Executivo e busca propor diretrizes, além de atuar no controle de políticas de igualdade entre os gêneros masculino e feminino, assim como exercer a orientação normativa e promover a política global, visando eliminar as discriminações que atingem o público.