Em praticamentes todas as pesquisas populares sobre as áreas públicas que mais precisam de melhorias na região, a saúde aparece no topo. Em um período como a da pandemia do novo coronavírus, os problemas nesta área acabam sendo acentuados e a necessidade de investimentos e mudanças ainda mais destacados, por melhor que venha sendo o enfrentamento. Entre os desafios para se levar uma melhor saúde à população, estão as burocracias e a necessidade da construção de planos continuados de gestão.
O programa Adelor Lessa desta quinta-feira, 27, contou com mais um debate sobre as Eleições de 2020, trazendo especialistas para debater sobre assuntos importantes que precisam de melhorias no futuro. Na mesa, debateram e apresentaram opiniões o presidente da Unimed de Criciúma, Leandro Avany Nunes; a dentista e especialista em Odontologia com ênfase em Gestão Pública, Fernanda Sônego; o especialista em Desenvolvimento Gerencial de Unidades de Saúde do Sus, Jacks Soratto; e o médico e ex-secretário de Saúde de Criciúma, Márcio Zaccaron.
A mistura do público com o privado
Muito se fala sobre uma mistura mais efetiva entre o sistema público e privado de saúde, para que a população possa ser atendida da forma mais eficiente. Alguns defendem que o sistema público em si seja mais enxugado, com investimentos em pontos mais concretos, para que sejam consolidadas, também, parcerias com o sistema privado.
Leandro Avany ressalta que, atualmente, em Criciúma, contamos com uma boa eficiência no setor público primário e terciário de atendimento. “Não é perfeito, há o que melhorar, mas é bom”, disse. Os problemas, segundo o médico, são mais gritantes no setor intermediário, responsável pelas cirurgias eletivas. “Nesse setor a responsabilidade é do estado, e temos grandes filas e muita dificuldade. O paciente que tem uma hérnia, por exemplo, fica anos até ser atendido, é preciso ter mais resolutividade. Fazer parcerias público privadas e aplicar o Captation, ou seja, contratar equipes médicas com um valor por pessoa, para que se resolva um problema”, pontuou.
Leandro ainda destaca que há uma diferença de olhar entre os dois setores, público e privado, que não deveria haver. “A grande diferença são os resultados, a geração de valor e o aumento de receita. No setor público, é preciso saber se a ideia vai gerar valor, saber se aumenta a despesa ou se diminuirá os custos e dará mais receita. É preciso olhar para tudo isso, para equalizar investimentos e retornos”, declarou.
Já Márcio, cita outra grande dificuldade em relação ao sistema de saúde pública: o público. “Muitas vezes aquela pessoa que tá com uma unha encravada só pensa nela e não imagina que, do lado dele, tem alguém com um atendimento de maior urgência. As pessoas pensam muito nelas mesmas, preferem que tenha um posto pequeno, com recursos divididos e menor eficiência do lado de sua casa, do que precisar andar 500 metros para chegar em uma unidade mais regional, com maior infraestrutura e qualidade”, pontuou.
Planejamento continuado e inspirações
A necessidade de um longo plano de investimento na saúde pública, perpassando diversos mandatos, é algo apresentado como uma possível contribuição para melhora no setor. Fernanda destaca que é preciso que os planos não fiquem limitados às gestões, passíveis de mudança de quatro a quatro anos, mas que sejam continuados.
“Em Maringá, eles fizeram todo o plano de desenvolvimento do município, com vários pontos de destaque e, independente de quem assumir a gestão, acaba sendo cobrado pela população para que siga o plano”, reforçou a dentista.
Desburocratização da gestão pública e privada e investimento em carreiras
Um dos muitos obstáculos para que a gestão pública de saúde possa ser mais rápida e eficiente é a burocracia existente por trás para que equipamentos novos, assim como medicamentos, sejam adquiridos. A burocracia da saúde, no entanto, chega também ao setor privado, onde muitas judicialização impedem uma atuação mais eficaz.
Segundo Leandro, ainda há de ser considerado a necessidade de se construir carreiras dentro da área médica privada. “É preciso fazer com que o sistema público seja uma grande empresa de saúde gratuita e otimizada, com plano de carreira em que os médicos cresçam dentro da instituição, ganhando como se fosse um promotor”, pontuou.
Confira a opinião de especialistas sobre as necessárias melhorias da saúde