O governador Carlos Moisés da Silva (PSL), falou sobre diversos assuntos nesta quarta-feira, 3, em entrevista exclusiva a equipe da Rede de Notícias Acaert (RNA), que foi transmitida pela Rádio Som Maior, para uma entrevista exclusiva.
Entre os temas: combate ao coronavírus, retomada das atividades, fake news e o futuro.
“Não há que se pensar em uma normalidade”
O primeiro assunto não poderia ser outro a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Carlos Moisés citou a preocupação com a queda das temperaturas no estado. “Estamos entrando para a pior fase e o estado vai ter que se deparar de fato com o vírus. A taxa de transmissibilidade aumentou e ela é natural, primeiro porque o isolamento diminuiu, chegamos a superar 60%, 70% e hoje estamos com 38%. Não há que se pensar em uma normalidade. As pessoas estão na rua porque atividades foram mantidas. Então o fator isolamento social não pode se levado em conta como único fator que vai influenciar na transmissibilidade”, disse.
Além do coronavírus, o governador disse que o inverno traz a preocupação com outros problemas, como a gripe. “Começamos a nos preocupar com a queda das temperaturas, com a gripe comum e problemas que crianças e idoso têm. Começamos a nos preocupar com a demanda que a rede hospitalar venha a ter. Da mesma forma que esta demanda pode aumentar, podemos ter uma proliferação maior do vírus pelas condições climáticas. A gente não entende ainda como ele vai se comportar no estado com as temperaturas mais baixas, ambientes fechados, uso de aquecedor. Em lugares como o Oeste, o Planalto as temperaturas são mais severas. Vamos passar por um problema que nunca passamos antes, um inverno, com uma pandemia, com proporções gigantescas que atingem o mundo inteiro”, falou.
Porém o governador destaca que os números do estado estão controlados. “Então qual é a ação do governo: manter as pessoas em casa. Não podemos perder este alinhamento. Estamos oilhando para as regiões com as suas diferenças, naquilo que estão distintas umas das outras e naquilo que apresentarem, um tratamento específico para cada região não significa dizer que vamos voltar à normalidade”, citou.
“Todo o esforço salvou vidas”
O decreto social em Santa Catarina foi decretado em 18 de março e é a esta decisão que Carlos Moisés credita o controle no estado. “Trabalhamos com resultado objetivo e científico do nosso esforço. Quando começamos o nosso movimento, olhamos para países que deu certo e nos perguntávamos se ia dar certo. Hoje, olhando para trás, com todos os números que temos nas mãos, podemos garantir quer todo o esforço daqueles que ficaram em casa, algumas atividades que foram suspensas, salvou vidas. A nossa taxa de letalidade é a mais baixa dos estados do Sul. Uma das mais baixas do Brasil. O número de óbitos é crescente em vários estados do Brasil. Números que víamos na Itália, Espanha, que nos assustavam. Eram mil pessoas morrendo pro dia de Covid-19 e está acontecendo no Brasil hoje. Em Santa Catarina atingimos os nossos objetivos e de que forma manter isso hoje. Olhando cada região com o seu risco”, ressaltou.
O governador também falou da regionalização das decisões. “Até pouco tempo fazia sentido uma regra geral, ganhamos tempo, preparamos a nossa rede hospitalar. Estamos chegando ao nosso plano que é preparar a rede pública e particular. Precisa tratar diferente as regiões. Algumas precisando conter atividades, outras voltando ao novo normal. Mantendo as regras de higiene.
Daqui para frente é o exercício da atividade sanitária local. Ficaria estranho fazer um decretro de intervenção em um município, isso precisa ser pela autoridade local. Os 295 prefeitos são responsáveis, querem os mesmos objetivos que o Governo do Estado atingiu até agora.
Os nossos esforços lá do começo, foi tida até como se fosse uma ação comunista, de autoritarismo, hoje colhemos os frutos em vidas”, relatou.
“Penso que não há outro caminho se não compartilharmos as ações”
Carlos Moisés seguiu a entrevista exclusiva à Acaert falando da regionalização das atividades. Esta decisão permite, inclusive, que o transporte em Criciúma retorne na próxima segunda-feira, 8. “Recomendamos em parceria com a Fecam que os prefeitos montassem as suas salas de crise, muitos já têm a estrutura com pesquisa de resposta à saúde. Já tem os indicadores locais, utilizam ferramentas para projetar o que os próximos dias lhes apresentam. O estado tem 16 regiõees de saúde, definidas pelo secretário de Estado de Saúde., adequando, trazendo os secretários envolvidos, os prefeitos, universidades, mantendo uma sala de gestão de crise, vai ter olhar específico para aquela cidade. As cidades precisam estar preparadas. Tudo precisa ser muito bem pontuado em cada região para ter a gestão da crise local. Trazer para todos a responsabilidade, as possíveis demandas da região. Se quando suspender aquele serviço para onde as pessoas se dirigem. Como a região vai transportar o paciente com vida caso sobrecarregar o sistema de saúde? É compatível com a gestão de crise que todos participem. Penso que não há outro caminho se não compartilharmos as ações”, falou.
“O hospital de campanha era o Plano D”
O hospital de campanha que seria instalado em Itajaí e foi alvo de polêmica ainda antes do caso dos 200 respiradores também foi citado. “O hospital de campanha era o Plano D, mas o Plano A era reforçar a rede filantrópica e a rede própria hospitalar. Temos maios de 49 hospitais referência para Covid-19. Conseguimos ampliar o número de leitos em 400. Agora com mais 500 que a WEG entregará até o final de junho, aumentaremos em 900 leitos a rede. Em cada regimento teremos um backup. Se tivermos um colapso, conseguimos colocar leitos em um determinado hospital. Estamos com taxa de ocupação em regiões com 40% e com os novos leitos baixa para 20%”, afirmou.
“Protegemos vidas sem deixar de lado a economia”
O governador fala em diálogo com o setor produtivo para dar impulso à economia no pós-pandemia. “Trazer para cá um grupo de pessoas que vão repassar para o governo o sentimento que o setor produtivo tem, que especialistas das áreas têm, para que a gente tenha um bate papo periódico e que consiga apresentar demandas que o governo tem em busca de soluções. Agora que o momento apresenta uma certa estabilidade, que os planos foram colocados em prática, a gente começa a ser mais criativo nesta área”, salientou Carlos Moisés, acrescentando que a economia nunca foi deixada de lado. “Desde o começo a gente não abstraiu a economia, tanto que em todos os momentos que nos decretamos a suspensão de atividades a indústria de um modo geral, aqueles serviços vitas foram mantidos. A partir deste momento trouxemos o setor produtivo para que a gente formulasse normas para a retomada segura de vários setor para que as pessoas não fossem atingidas”, disse.
Fake News: “Quem compartilha tem que ser responsabilizado. Temos que ter posições severas”
Sem citar nomes, o governador falou do caso envolvendo postagem do deputado criciumense Jessé Lopes (PSL), e que gerou grande polêmica. “No meu caso, divulgado por parlamentar, uma pena, porque esse parlamentar não representa a maioria dos nossos deputados estaduais que se solidarizam com as pessoas que são vítimas de mentiras. E o exercício que penso que cada um de nós tem que fazer é se colocar no lugar. Se coloque no lugar desta moça, dos pais desta moça que foi violenta moralmente com palavras, exposta. Se coloque no lugar da minha família, do governador enquanto figura política, com uma vida pública ilibada, que não tem nenhum problema com envolvimento, com questões de administração, de dinheiro público. A minha vida inteira foi pautada por fazer a coisa certa. E aí as pessoas não tem como te atingir vão pensar: ‘vou criar um fato para atingir a moral do governador porque é um fato que pode criar um bom fato político’. Em uma visão superficial parece uma coisa simples, mas se coloque no lugar das minhas filhas, sem coloque no lugar da minha esposa, da minha família como um todo. Ter um pouco de empatia antes de ir a um veículo de comunicação falar algo sem ter certeza. Quem compartilha tem que ser responsabilizado. Temos que ter posições severas. Temos que ser emplacáveis a valorização do jornalismo profissional e na punição daqueles que geram noticias falsas e querem tomar um espaço do profissional ético”, enfatizou.
“Temos que gerar esta esperança daqui para a frente”
Carlos Moisés relevou que, desde que assumiu o cargo, a pandemia foi a primeira coisa que lhe tirou o sono. “De fato, se teve um período de governador que eu perdi o sono foi a partir de 17 de março. Período com tantas pessoas querendo estar as ruas, querendo produzir, tantas pessoas vulneráveis a esta doença grave. Penso que esta participação do compromisso do cidadão de levar a sério a questão de se prevenir que nos levou ao sucesso. Teremos dias duros, mas a população já entendeu que precisa participar da gestão desta crise. Penso que é olhar para a frente. Isso vai passar. Estamos nos privando de tantas coisas nesta pandemia que as coisas mais simples farão mais sentido. Temos que gerar esta esperança daqui para a frente. Que as pessoas sonhem em voltar ao normal. Um normal um pouco diferente, mas ele vai chegar. Retomar uma vida que todos merecem ter, uma vida em sociedade. Acredito no cidadão catarinense, que juntos vamos sair muito melhor desta crise”, finaliza.