A exemplo de terça-feira, 2, o inquirimento na CPI dos Respiradores na Alesc desta quinta-feira foi marcado por discussão de deputados contra advogado e depoente. Na oitiva do secretário da Saúde André Motta Ribeiro foi de avaliações políticas na gestão. Os questionamentos mais subjetivos foram seguidos por interpelações do advogado, que chegou a se exaltar e discutir veementemente com os deputados.
O primeiro bate-boca entre o advogado que reprenta André, Álvaro Otávio Ribeiro da Silva, foi com o deputado João Amin (PP). Após negativas do atual secretário da Saúde, que na época do contrato com a Veigamed era secretário adjunto, de que teria conhecimento da compra dos respiredadores e do pagamento antecipado à Veigamed, Amin declarou-se preocupado com a administração do Estado.
"A gente fica abismado que nem o ex-secretário e nem o atual sabiam de nada do que estava acontecendo na Saúde de Santa Catarina". O advogado pediu objetividade no questionamento. "Não é correto haver comentário jocoso e depreciativo, porque constitui descortesia e falta de respeito com a testemunha. Mesmo que ele estivesse aqui como acusado, mereceria respeito", disparou Álvaro Ribeiro.
O relator da CPI, Ivan Naatz (PL), defendeu Amin. "Sob a mão do doutor Motta está a saúde dos catarinenses e os doentes da Covid-19. O seu cliente não é um instrumento qualquer do Estado e nós precisamos compreender. O Amin faz um comentário que Santa Catarina faz e esse julgamento é político, aqui é político julgando político, não é criminal. Olhamos para o doutor Motta como agente administrativo", disse.
No decorrer da oitiva, Naatz também colocou sob suspeita a capacidade de André na gestão da Saúde e, após outro bate-boca com o advogado, no qual Kenedy Nunes (PSD) chegou a levantar-se como quem iria embora da sessão, André foi sucinto ao responder as suspeitas levantadas pelos deputados. "Eu tenho noção do que estou fazendo e tenho condição de fazer o trabalho que me propus, se não tivesse não estava sentado aqui na frente dos senhores".
O debate mais exaltado aconteceu entre Kenedy Nunes e o advogado Álvaro Ribeiro. Após uma breve discussão com Milton Hobus (PSD), que aparentava estar dirigindo enquanto questionava a atuação de André Motta no combate à pandemia, Kenedy levantou o tom e obteve resposta na mesma altura do advogado. Hobus questionava um e-mail que foi encaminhado para André, supostamente alertando a fraude da Veigamed, e que o então secretário-adjunto disse apenas ter encaminhado ao depertamento jurídico.
Álvaro argumentou que Hobus estava novamente levantando suspeita sobre assuntos não-relacionados com a CPI. "Deixa eu falar, corta o microfone dele. Aqui é a Assembleia Legislativa e a CPI. O deputado Milton Hobus não fez nenhum pré-julgamento, ele fala em um e-mail assinado pelo seu cliente e que resultou num pedido de todos os deputados pelo afastamento dele. Não vou deixar nenhum deputado ser agredido pela opinião de parlamentar. Nós estamos inquirindo, então por favor", disparou Kenedy.
O advogado, com microfone desligado, falou aos gritos para ser ouvido, "Quero que prove e mostre esse documento". O documento em questão era um e-mail encaminhado, na verdade, pelo empresário Onofre Neto, como explicou André na sequência, depois de Sargento Lima perguntar ao advogado: "o senhor está se sentindo bem?"
"Esse e-mail entrou no dia 3 de abril. No dia 5 encaminhei de volta para a assessoria, que encaminhasse à assessoria jurídica. Não tinha o entendimento de abrir o anexo, não era minha expertise. Por isso tem o Cojur. O e-mail foi encaminhado para parecer jurídico de uma estrutura que está vinculada ao ordenador primário da pasta. Fiz o encaminhamento conforme a necessidade que houvesse um olhar técnico. Sou médico e não advogado", apontou o secretário de Saúde.
Assim como na terça-feira, Hobus foi um dos deputados a criticar o isolamento social decretado pelo governo no dia 17 de março. Nesta quinta, Felipe Estevão endossou o coro. "Eu só faço uma afirmação final, uma opinião que eu vou manifestar. Para mim foi queimada a largada, meio milhão de desempregados, um caos político e econômica terrível se agrava sobre o Estado. É triste, espero que a gente chegue a um veredito porque o Estado está em estado de calamidade", disse Estevão, que recebeu resposta firme do secretário.
"Eu lamento muito que estejamos falando duas horas de uma ação da secretária que não houve participação do adjunto, quando temos outras dezenas de ações que estão trazendo segurança para o nosso Estado. O coronavírus, a pandemia que por alguns é menosprezada, vai chegar no nosso Estado. E só vamos ter condições de fazer o enfrentamento porque foi estruturado o serviço e nós trabalhamos muito para isso, pelo Estado inteiro. Concórdia esteve a ponto de entrar em colapso e por interferência do secretário, conseguimos salvar muitas vidas"