O valor firmado pela Prefeitura de Criciúma da contratualização com o Hospital São José (HSJ) ficou abaixo do esperado, de acordo com a vice-diretoria, Irmã Terezinha Buss. O contrato foi de R$ 104.893.507,08 e é proveniente do Município, Estado e do Governo Federal. Em entrevista ao programa Conexão Sul desta terça-feira (29), na Rádio Som Maior, a vice-diretora do HSJ esperava que o município colaborasse com valores mais significativos.
"Lutamos muito que a contratualização oportunizasse ao hospital uma resposta positiva, porém, não foi bem o que esperávamos, mas foi o que conseguimos. O contrato é composto com o valor do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde do Estado e do município de Criciúma, que é repassado ao hospital. Nós estamos em negociação com a Política Hospitalar Catarinense, com um valor garantido. E agora precisávamos do valor de Criciúma. Eu fui muito insistente com o prefeito, com o secretário e os técnicos que estavam negociando conosco. Sempre é tempo de a gente poder reavaliar, e o município colaborar com valores mais significativos. Eu espero que isso aconteça", afirma.
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As razões para ser mais
Para ela, os valores deveriam ser maiores e justificou o investimento. "O Hospital São José é referência regional. Temos médicos, de 18 a 19 especialidades, de sobreaviso, e 30 leitos de UTI do Sus para atender a demanda. Aliás, faltam leitos. E temos toda uma estrutura a serviço, na sua grande maioria, para a população que tenham o convênio com o SUS, o que representa 85% dos atendimentos. A tabela SUS está defasada, o que dificulta a manutenção do atendimento", avalia Irmã Terezinha Buss.
A vice-diretora exemplifica o valor recebido pelo hospital de procedimentos via SUS. "Por uma endoscopia, o hospital recebe 48 reais, sendo que o aparelho custou 400 mil reais ou mais, e ainda tem as manutenções. Vamos trabalhar a vida inteira tendo prejuízo com esse procedimento. Sem contar a grande maioria dos procedimentos ambulatoriais do SUS estão muito defasados. Por exemplo, uma tomografia está 87 ou 127 reais. Nós temos 1.628 funcionários trabalhando conosco, não é pouca coisa", diz.
Só a folha é de R$ 7 milhões
O valor é válido por um ano, sendo um pouco mais de R$ 7,1 mi do Ministério da Saúde, que engloba a realização de mil cirurgias, cinco mil consultas, além do serviço de quimioterapia e radioterapia. Com relação aos valores da Secretaria Estadual de Saúde, se o Hospital São José atingir a meta, receberá R$ 1,5 mi. Já do município de Criciúma, o convênio até julho prevê o valor de R$ 80 mil. Após esse período, o convênio precisará ser renovado. Caso contrário, o valor diminuiria. Somente a folha de pagamento do Hospital São José chega a R$ 7 mi.
"Nosso caixa é único e tentamos equilibrar os demais custos e despesas que temos. É um desafio manter tudo em dia. Olhando de fora é muito dinheiro, mas estando na luta do dia a dia é um valor que precisamos fazer uma ginástica grande para dar conta de tudo. Esses valores são insuficientes. O dia que pararem as verbas ou outros recursos aí ficará difícil. Eu acho que deveríamos receber o dobro do valor que recebemos", finaliza Irmã Terezinha Buss.
IPTU para o hospital
A vice-diretora contou que, ao final da reunião desta segunda-feira na qual foi celebrado o novo contrato, o prefeito Clésio Salvaro trouxe uma ideia sobre alternativa para buscar mais recursos para o hospital. "O Salvaro, no final da conversa, falou em IPTU, de repente alguma sinalização, algum percentual do IPTU para o Hospital São José. E essa ideia eu gostei muito e gostaria de ter o apoio da comunidade. Se não agora, mas em um segundo momento", antecipou.
O prefeito não aprofundou a ideia. "Isso me deu uma esperança enorme. Espero que aconteça. Ele tinha outros compromissos mas a gente gravou, na mente e no coração", completou.
Ouça a entrevista da vice-diretora do HSJ no podcast: