O Defensor Público, Ralf Zimmer Junior, autor do pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva (PSL), a vice Daniela Reihenr (sem partido) e afastamento do secretário de Estado da Administração, Jorge Eduardo Tasca, se manifestou sobre dois assuntos que rondam o processo: o arrastamento para o próximo ano, que resultaria em eleição indireta e a retirada de Daniela do processo.
A entrevista foi concedida ao Programa Ponto Final, da Rádio Som Maior. Para ele, tirar Moisés do Governo do Estado, mas manter Daniela, seria um golpe para Santa Catarina. “Ou se tira os dois ou se deixa os dois. Estudei a tese antes de fazer e teê ações e omissões da vice-governadora e do governador. Ou se absolve todos ou se afasta todos, se não, vai ser uma decisão política e uma injustiça”, comentou.
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Para sustentar seu pensamento, Zimmer citou a participação da vice-governadora no aumento do salário dos procuradores do Estado, que culminou no pedido de impeachment. “Em 8 de janeiro, quando o assunto eclodiu, a governadora era Daniela e não o Moisés. Quando entrei com o primeiro pedido era 13 de janeiro, ela se deu por citada em 15 de janeiro. Fez um requerimento ao secretário Tasca no dia 19 pedindo informações. Ela vai assumindo passo a passo a responsabilidade e tem o coroamento quando, no dia 27 de janeiro, quando ela vem e assume de próprio punho a sua defesa e chama para si a fraude, defendendo-a. Quando ela discorda de alguma ação do governo, ela fiscaliza, vai para as redes sociais, e nesta questão ela sempre se calou e defendeu. Seria um golpe para o estado tirar Moisés e deixar Daniela”, enfatizou.
Eleição indireta, não!
O Defensor Público ainda afirmou o seu repúdio pelo possível “arrastamento”, do processo até 2021 e afirmou que há tempo suficiente para que a conclusão ocorre em 2020. “A nossa manifestação é de repúdio a quem pensa nisso e trabalha por isso. Evidente que os acusados têm o direito de defesa garantido e há tempo de sobra para se concluir o procedimento antes do fim do ano. Não compactuo com uma eleição indireta, por uma série de razões. Mal ou bem foram eleitos pelo voto dos catarinenses não e é cheque em branco para cometer ilegalidades, mas que devolvam para o que é a população, o eleitor. Se for para ter impeachment, que tenha, na forma da lei, que se tenha este ano, ou que não se tenha”, enfatizou.
Vitimização
Zimmer comentou ainda sobre as tentativas das defesas dos três envolvidos de barrar o processo. “Querem corrigir pontos do procedimento, mas não precisa suspender o processo, até por que não chegou na fase que se almejam as correções. É só corrigir e dar continuidade. As datas estão definidas, se não houver suspensão do rito, até dia 22 de setembro, o plenário define a continuidade ou não do processo. Se der continuidade, tem mais cinco dias para ser instaurada a comissão julgadora com mais cinco desembargadores e novamente cinco deputados. Estamos falando disso tudo no mês de setembro. Tem, na pior das hipóteses, outubro inteiro, novembro inteiro, 60 dias para definir a questão, não precisa chegar noa no que vem. Só chegará no ano que vem se tiver acolhimento no Poder Judiciário de suspensão do rito enquanto se decide alguma retificação. Se ficar para o ano que vem por movimentação, pode ser golpe. Se haver um arrastamento indevido pela Assembleia, pelo Poder Judiciário, que eu não acredito que haverá, mas não está tendo este cheiro. Está tendo sim é cheiro de vitimização”, relatou.
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“Se deixar para o ano que vem seria antidemocrático”
Pelo rito, aponta ele, não há possibilidade de suspensão. “Hoje pelo rito não tem esta possibilidade, mas como foi aventada esta possibilidade, eu resolvi me posicionar que sou contrário. Tem que se decidir pelo sim ou pelo não neste ano até porque o estado precisa andar. Se deixar para o ano que vem seria antidemocrático. A defesa toda hora pedindo impugnação, está no seu direito, mas não impugnando totalmente. Impugnando e pedindo para suspender. Se a defesa arrastar para o ano que vem é um autogolpe”, finalizou.
Confira a entrevista do Defensor Público, Ralf Zimmer Junior, autor da denúncia que culminou no processo de impeachment de Moisés e Daniela: