Com a exoneração do delegado Maurício Leite Valeixo do comando da Polícia Federal (PF), o ministro da Justiça Sérgio Moro continua na corda bamba no governo. O ex-juiz federal ameaça deixar o executivo, enquanto Bolsonaro tenta convencê-lo a permanecer. Para o senador Jorginho Mello, catarinense aliado forte do clã Bolsonaro, Moro não vem fazendo o trabalho esperado no que, quando da posse de Bolsonaro, foi chamado de "super" ministério da Justiça.
"Quem manda é o presidente da república, temos que entender isso. Não sei o motivo (para exoneração de Valeixo), se o santo não bate. Não sei o porquê disso, mas ele queria trocar e acabou trocando. O presidente da república faz, acho que o Moro vai ter bastante juízo, porque é um ministro importante, pelo que ele faz lá atrás na lava jato, mas como ministro não tem aquele brilho dele. Eu esperava que acabasse com esse barril de pólvora que é o nosso sistema penitenciário", apontou Jorginho, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior.
Em Brasília, Bolsonaro articula com líderes partidários para amenizar a queda de braço com o congresso nacional, após o presidente aparecer em manifestações pedindo o fechamento do parlamento. Posteriormente, Bolsonaro foi até a frente do Palácio do Planalto e disse a apoiadores que o congresso era importante para o país. Segundo Jorginho, "os ratos" estão tentando voltar ao governo.
"Sou defensor do Bolsonaro, sempre fui. Ele limpou, foi todo mundo para água, mas rato é assim, se não cuidar eles voltam para o navio. Nessa crise, vai ficar difícil. Se não dermos as mãos e nos juntarmos, vamos passar por um período longo de dificuldade, de emprego e fome. Tudo o que pudermos fazer para preservar o Brasil, devemos fazer", disse Jorginho.
O senador manteve o tom mais crítico à gestão de Moro no ministério da Justiça. O principal projeto de Moro, o chamado "pacote anticrime" foi aprovado com ressalvas pelo congresso e está em vigor desde janeiro.
"Acredito que ele se organizou, tem um estilo de trabalhar. Ser juiz é diferente do que ser um executivo, um animador, alguém que puxa a frente. Ser juiz cumpre a lei, tem a caneta e cumpre-se. É diferente de articular e ser gestor de um projeto. Talvez seja a pessoa certa no lugar errado. Com muito respeito, gosto muito dele, defendi o projeto dele. Acho que fez muito pelo Brasil, meteu ladrão na cadeia, mas devia ter espraiado isso para o Brasil. Ele tem toda a estrutura da polícia, segurança, como todos os ministros que Bolsonaro tem. De porteira fechada, agora ele decidiu que não nomeia mais de porteira fechada. Ele mudou a percepção, está enxergando a dificuldade parlamentar. O Brasil é um país complexo. Não é no chute, no grito. Tem que administrar, compor, entender, dividir", ponderou o Senador.
Moro se manifestará sobre a exoneração de Maurício Leite Valeixo da PF às 11h desta sexta-feira. Não descarta-se a saída de Moro do governo Bolsonaro, poucos dias após a exoneração do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.