A foto acima é do dia 9 de março. Na ocasião, há quase três meses, a advogada e jornalista Júlia Zanatta e a cirurgiã dentista Giovana Mondardo compartilhavam a mesa no estúdio da Rádio Som Maior em uma edição do programa Agora que levantou a seguinte discussão: "Governo Bolsonaro, bom ou ruim?". Dias depois, estourou a pandemia de Covid-19 mas esse debate não perdeu a atualidade. Pelo contrário, tornou-se cada vez mais quente. Naquela edição do Agora, participaram também o pré-candidato do PT a prefeito de Criciúma, Francisco Balthazar, e o pré-candidato a vereador pelo PL, delegado Márcio Campos Neves.
Júlia é bolsonarista de primeira. Amiga da família, advoga inclusive para Eduardo, um dos filhos do presidente. No último domingo, esteve no Palácio da Alvorada, em visita à família presidencial.
Giovana tem um evidente viés esquerdista. Milita no PCdoB, pelo qual é pré-candidata a vereadora. Faz ostensiva defesa da saúde pública e usa suas redes para contrapor o governo Bolsonaro com muita frequência.
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Júlia trouxe Eduardo Bolsonaro a Criciúma em novembro último. Depois, tornou-se pré-candidata a prefeita pelo PL. Giovana tem, via online, promovido debates com oposicionistas como o ex-ministro Orlando Silva.
O clima esquentou entre as duas. Ambas procuraram, por razões um tanto distintas, a Polícia Civil nas últimas horas. Lavraram boletins de ocorrência. As motivações de cada uma pautaram falas de ambas nesta manhã, no Programa Adelor Lessa na Rádio Som Maior.
O que aconteceu
Júlia Zanatta prestou queixa à Polícia por conta de incitações de ódio que vem sofrendo após a postagem de uma foto de sua família ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Já Giovana Mondardo, apontada por Júlia como criadora de um “grupo baderneiro”, registrou o boletim de ocorrência por conta de xingamentos associados ao seu nome, citando a candidata do PL e também o deputado estadual Jessé Lopes (PSL).
“Foram ameaças inclusive de morte ao presidente da República, de tacar fogo, com a postagem da foto da minha família. Ninguém vai mexer com a minha família. Esse grupo Antifas é que na verdade são os fascistas. Os fascistas de quem eles falam são quem: eu, minha filha, meu marido e família, porque nós usamos a bandeira do Brasil e eles bandeiras vermelhas”, pontuou Júlia.
A candidata do PL recusou um debate presencial com Giovana, para esclarecer os acontecimentos, afirmando que “não debate com este tipo de gente”. “É uma comunista que está criando um grupo baderneiro na minha cidade. Não debato com esse tipo de gente, esse tipo de gente não merece o meu tempo e por isso recusei o convite”, ressaltou, afirmando que irá esperar a justiça agir.
Giovana destaca que a motivação por ter prestado um boletim se deu a associação que Júlia fez em seu nome, por incitações de ódio associadas à manifestação. “A manifestação do B.O diz muito respeito ao comportamento de que ela tem me acusado. Tanto ela, quanto o deputado Jessé, que me acusou de terrorismo usando prints do meu Twitter”, ressaltou.
Sobre as acusações de Jessé, a pré-candidata a vereadora afirma que em momento algum chegou a incitar a violência em suas redes sociais. “Não tenho essa cultura”, disse. Giovana ainda destaca de que não organizou as manifestações Antifas de Criciúma. “Falei que seria importante ter uma manifestação e ajudei o povo entrar no grupo para começar se organizar”, disse.
“Apontei os dois [Jessé e Júlia]. Fiz questão porque no vídeo que foi veiculado pelo deputado, ele coloca meu Twitter me associando ao terrorismo e a Júlia em todos os momentos, inclusive deu entrevistas e citou meu nome”, emendou Giovana, autora do pedido de cassação do mandato do deputado estadual, o qual foi encaminhado ao Comitê de Ética da Alesc.
Confira as entrevistas de Júlia e Giovana no programa Adelor Lessa nos podcasts abaixo: