O depoimento do controlador geral do Estado, Luiz Felipe Ferreira, à CPI dos Respiradores nesta quinta-feira, 21, confirmou que ele praticou prevaricação, ou seja, crime cometido por funcionário público que retarda ou deixa de praticar ato do seu ofício. A constatação é do comentarista Marcelo Lula, da Rádio Som Maior.
"Essa fala do professor Luís Felipe Ferreira, controlador do Estado, ele falou abertamente 'nós identificamos a questão do roubo'. Ele falou de uma forma natural, depois ele até mesmo se assustou quando o deputado João Amin cobrou. Ele tentou dizer que não mas já tinha dito sim, tinha sido muito explícito", referiu Lula.
"No depoimento dele à Polícia Civil, ele disse que foram identificados problemas no processo mas ele falou da pressão e deu a entender que por causa da pressão ele deixou a coisa andar, sem interferir. Isso é prevaricação, é uma admissão de que ele não fez o papel dele, isso é prevaricar", afirmou.
Para Lula, "isso demonstra a fragilidade tanto da Controladoria quanto da Secretaria de Integridade e Governança". "Todos esses processos passaram por esses dois setores de controle do Estado e eles não conseguiram travar, sempre foi por questão externa, imprensa ou Ministério Público ou Alesc ou Tribunal de Contas", emendou.
Governador na CPI
O comentarista lembrou que o governador Carlos Moisés não pode ser convocado pela CPI. "O governador não pode ser convocado, a lei não permite. Ele pode ser convidado, a Alesc pode fazer o convite, ele aceita se quiser, marca a data do depoimento. Se o governador ignorar a situação fica ruim para ele. O governador precisa parar de falar em politização da pandemia, ele tem usado essa retórica da politização, isso não é verdadeiro, isso é uma forma dele tentar minimizar a coisa. O governador tem levado essa questão de uma forma estranha, tentando minimizar o tempo todo", sublinhou.
Há, nos bastidores da Assembleia Legislativa (Alesc), o entendimento de que o governador tinha digital nas negociações agora investigadas pela CPI. "Parlamentares comentaram ontem que se o governador sabia do contrato e participou da negociação, tanto que ele assinou o documento que a Intelbrás poderia fazer a compra, será que ele não participou também do processo da Veigamed? Essa pergunta que foi feita por alguns deputados, isso internamente, nos bastidores depois, tem algum sentido", referiu. "Na entrevista da Márcia Pauli à NDTV, ela em um dado momento disse, perguntada se o governador sabia, que dada a proximidade da relação dele com a Casa Civil, ela acha muito difícil que o governador não soubesse", concluiu.
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