O dia será de grande movimentação política em Santa Catarina. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Respiradores entregará seu relatório final na Assembleia Legislativa (Alesc). No centro das investigações, a compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões pelo Governo do Estado, equipamentos que nunca chegaram da China, de onde seriam supostamente importados, para servir aos catarinenses na luta contra o coronavírus.
A leitura do relatório final terá transmissão do 4oito em vídeo e no Minuto a Minuto a partir das 17h. A CPI realizou sua primeira reunião em 5 de maio. De lá para cá, foram 21 reuniões, 32 depoimentos tomados e 49 requerimentos sobre convocação de testemunhas apreciados. A comissão reuniu 13 volumes de documentos com quase 3 mil páginas.
"O documento será enviado à Mesa Diretora da Alesc, com recomendação de remessa ao Ministério Público, aos deputados, comissões da Alesc e Poder Executivo. E o relatório final terá também publicação integral no Diário da Alesc, permitindo que toda a população possa conhecer todo o conteúdo", registrou o comentarista Moacir Pereira nesta terça, no Programa Adelor Lessa na Rádio Som Maior.
Confira também - Adelor Lessa: CPI denuncia Moisés e vai pedir impeachment
Governador será responsabilizado
Para o jornalista, a CPI tem um balanço considerado positivo. "Trabalhou altas horas, tomou longos depoimentos e seguiu as investigações da Operação Oxigênio do Gaeco e do MPSC. O deputado Sargento Lima presidiu a comissão com severidade e amparado na legislação, o relator Ivan Naatz desdobrou-se com uma equipe dedicada do MPSC e do TCE", registrou.
O relatório final conta com 115 páginas, que serão lidas e votadas pelos nove deputados membros da CPI, com indicação de aprovação do documento final que apontará para o envolvimento do governador Carlos Moisés na aquisição dos respiradores. "O documento será enviado ao procurador geral da República, Augusto Aras, pois o governador tem foro privilegiado. Segundo o relator da CPI, o governador será responsabilizado", referiu Moacir.
Sem pizza
O presidente da CPI, deputado Sargento Lima, avaliou que "em três meses, a CPI provou que é possível fazer uma investigação séria, serena e que não vai terminar em pizza". Cabe lembrar que a CPI ocasionou sérias mudanças no Governo Carlos Moisés, com as saídas dos secretários Douglas Borba e Helton Zeferino, da Casa Civil e Saúde, respectivamente, dois dos mais importantes assessores do governador. "Douglas Borba, o principal braço direito de Moisés, preso e depois liberado com tornozeleira eletrônica", lembrou o jornalista.
"Essa CPI apurou a compra de 200 respiradores da China que até hoje não chegaram, pagaram antecipadamente R$ 33 milhões, recursos que poderiam ser aplicados na proteção da vida dos catarinenses. Até hoje ninguém sabe o destino dessa quantia milionária", concluiu Moacir.
Ouça o comentário de Moacir Pereira no podcast: