Entre reconhecimentos, elogios e agradecimentos, o governador Carlos Moisés (Republicanos) fez uso dos 23 minutos que dispôs para discursar no ato de posse da nova diretoria da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), na noite desta segunda-feira (28), para enfatizar conquistas do seu mandato. Diante de um auditório lotado por uma plateia de empresários e lideranças de Criciúma e região, sob os olhares do novo presidente da Acic, Valcir Zanette, e do prefeito Clésio Salvaro, Moisés voltou a empunhar a bandeira da probidade na gestão do dinheiro público como um dos pontos fortes da sua gestão.
Não citou, desta vez, o termo "roubalheira", como havia feito na passagem anterior em Criciúma, há pouco mais de um mês, mas incrementou a relação dos números para citar a economia que seu mandato vem fazendo.
"Eram vários contratos absolutamente irregulares, que agora estão regulares. São mais de R$ 500 milhões economizados. Do contrato da telefonia, que custava R$ 980 mil por mês, baixamos para R$ 250 mil. Só em um contrato do sistema penitenciário, economizamos R$ 50 milhões por ano. No sistema prisional todo, mais de R$ 100 milhões economizados ao ano", relacionou. "Tinha um único atravessador, pessoas que forneciam e colocavam tudo acima da média. Como não temos compromissos com fornecedores, revisamos tudo e agora temos dinheiro para investir nos municípios", afirmou.
Daí, Moisés chamou os prefeitos à responsabilidade. "Os prefeitos terão um papel muito importante esse ano, afinal, nunca se viu tanto dinheiro como nessa gestão", apontou, deixando explícita a cobrança de apoio em reciprocidade aos investimentos.
Resposta ao caso da aeronave
Nesse embalo, o governador criticou as fake news. "Muito importante que as pessoas se alimentem de informações de fontes seguras. Cuidado com as notícias falsas", frisou, partindo em seguida para o tema polêmico levantado recentemente pelo deputado estadual Bruno Souza (Novo) que acusou Moisés de usar a aeronave ambulância do Corpo de Bombeiros para viagens de cunho político e até pessoal.
"Antes o governador tinha um jato à sua disposição. A gente vendeu o jato. Agora temos uma unidade aérea nova, locada, que atende o governador, os secretários, e atende também vacinas, transporte de órgãos e uma série de atividades. É compartilhado", relatou. "Antes era helicóptero que só atendia ao governador. Hoje, transporta órgãos, evita a ambulancioterapia e o sofrimento das pessoas", emendou.
Enxugou a máquina
O enxugamento da máquina pública também foi enaltecido por Carlos Moisés. "Algo de diferente está acontecendo em Santa Catarina. Uma gestão com resultados, nos indicadores, diminuindo a máquina pública", observou. "Eu sou um político novo, eu não sou político, eu estou político, a forma como chegamos no poder nos deu condição de diminuir 2.054 cargos e funções, de diminuir mais de 20 secretarias regionais que não atendiam suas funções. Nos deu condições de revisar contratos que lesavam o poder público", pontuou.
E voltou a bater na tecla da economia com a revisão de contratos. "Revisamos contratos, muitos desperdícios, alguns são frutos de leniência, são mais de R$ 70 milhões. Uma das empresas que conversou com nossa Controladoria, criada em nossa gestão em 2019 com apoio dos deputados estaduais, tivemos aprovação unânime da nossa Reforma Administrativa e é com ela que administramos", sublinhou. "Poucas pessoas teriam condições de fazer essas reformas, se tivessem amarras políticas", destacou. "No começo não fomos bem compreendidos, hoje estamos colhendo resultados de posições muito firmes e fortes que tomamos", completou.
Sucesso contra a pandemia
Carlos Moisés salientou os resultados de Santa Catarina contra a Covid-19. "Do mesmo jeito que enxugamos a máquina pública, nós enfrentamos a pandemia, de forma quase solitária no Brasil nós fechamos o Estado em março de 2020, reabrimos e nunca mais fechamos. Hoje estamos todos sem máscaras, somos um dos estados que mais vacina", disse.
Ele contou que tem testemunhado que as pessoas não vacinadas estão ainda sofrendo. E narrou um caso que acompanhou de perto na Serra catarinense. "Outro dia entrei numa UTI na Serra e perguntei, as pessoas que estavam na UTI, 100% tinha mais de 70 anos, 100% não estavam vacinados, choraram para a família na hora de serem intubados", registrou. "Se fosse pensar em popularidade, o governo não faria certas ações. Mas não viemos só para sermos populares, para vender algo positivo, vivemos para uma missão de Deus. Minha vida toda foi salvando pessoas nos bombeiros", sublinhou.
Estradas e educação
Carlos Moisés lembrou, ainda, do investimento de R$ 465 milhões do Estado em obras em rodovias federais em Santa Catarina. "Investimos na BR-470 que tem aquela carneficina de 100 mortes por ano, nas BRs 163, 280, na 285 aqui no Sul, e já separamos R$ 50 milhões para a BR-282, tão logo o Ministério da Infraestrutura encaminhe os projetos faremos o repasse", reforçou.
O governador aproveitou a presença de lideranças da área da educação no ato para mencionar os investimentos em educação. Citou o alcance de 27,6% do orçamento direcionado ao setor. "Antes, nunca se alcançou os 25% constitucionais, e incluíam os salários dos inativos. Nós tiramos os inativos dos investimentos da educação e mesmo assim passamos dos 27%", enumerou. Moisés mencionou, também, os R$ 467 milhões aplicados em 2021 em bolsas de estudos nas Universidades comunitárias e os R$ 300 milhões para a educação especial. A essa altura, mencionou o deputado criciumense Luiz Fernando Vampiro, secretário de Estado da Educação, que acompanhava o evento na Acic.
Carvão e gás natural
O setor carbonífero também foi mencionado. "Queremos renovar as matrizes energéticas, mas se parássemos de uma hora para outra dificilmente recuperaríamos o passivo ambiental nem os empregos que seriam perdidos", relatou. "Vamos continuar a atividade, recuperar o meio ambiente e trazer esperanças para toda essa cadeia", emendou.
Moisés lembrou ainda do gás natural, reforçando o compromisso de expansão da oferta. "Vamos quintuplicar nossa oferta de gás natural, entrando pelo porto de São Francisco com capacidade de expansão. Tem muita gente querendo empreender, investir e não fazem pois estamos no limite do uso do gás natural que vem da Bolívia", garantiu.
E respondendo a um apelo do prefeito Salvaro, reiterou apoio para a instalação da oncopediatria no Hospital São José. "Sei que é uma demanda importante. Já tivemos uma negativa do Ministério da Saúde mas vamos vencer essa burocracia e ver a viabilidade desse investimento aqui na região. A parceria vai continuar", assegurou.
Ouça o pronunciamento do governador Carlos Moisés no podcast: