A Rádio Som Maior dá sequência à sua série de entrevistas com os pré-candidatos à presidência da República. Nesta sexta-feira (4), falou ao Programa Adelor Lessa o ex-ministro Sérgio Moro. Em cerca de 40 minutos de conversa, ele relacionou críticas aos principais concorrentes, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citou que o atual presidente comete "descaso com Santa Catarina", explicou as relações envolvendo contratos que celebrou pós-Lava Jato e período de ministro e elegeu o ataque à corrupção como uma de suas prioridades.
A candidatura
Sérgio Moro contou que a sua candidatura nasceu há pouco tempo efetivamente. "Foi em 2021. Eu fiquei observando o que estava acontecendo no Brasil, analisando qual candidatura poderia evitar Lula ou Bolsonaro. Entendo que são escolhas trágicas para o País. Infelizmente não apareceu ninguém", comentou. "Eu havia sido convidado pelo Podemos em 2020 e pensei que alguém tem que fazer isso, temos que ter alternativas para o eleitor em 2022", lembrou. "A decisão foi tomada em outubro de 2021", destacou.
Diferente dos outros da terceira via
Enquanto nome da chamada terceira via, Sérgio Moro fez questão de delimitar o seu espaço. "A questão principal é o que eu tenho diferente de Lula e Bolsonaro. Sou totalmente diferente de um e outro. Estou construindo um projeto para o Brasil do futuro baseado em verdade, tanto em relação ao passado quanto ao que queremos para o futuro", apontou.
O presidenciável reforçou suas metas e lembrou problemas do governo atual. "Precisamos retomar o crescimento econômico, gerar empregos, socorrer as pessoas em dificuldades. Temos visto situações extremas, pessoas na fila do osso, pessoas no sertão do Nordeste caçando lagarto para sobreviver, e temos a credibilidade da Operação Lava Jato, combatendo a corrupção, e reduzindo a criminalidade no período do Ministério da Justiça, quando os assassinatos caíram 22%", comentou.
Comparando-se aos demais candidatos da terceira via, o ex-ministro lembrou que, ao se lançar, já despontou como terceiro colocado. "Em relação aos outros da terceira via, eu respeito todos, mas o que a pesquisa revela é que eu lancei o meu nome e já saltei para terceiro. Estamos caminhando com humildade e confiança crescente", frisou.
E voltou a bater na monopolização entre os candidatos do PT e do PL. "Seria trágico para o país uma eleição só de Lula e Bolsonaro. Um é o passado que não deu certo, com corrupção e recessão do PT, e o outro é o atual, um país estagnado que não está indo para a frente, além de o presidente ter desmantelado o combate à corrupção", destacou.
Lava Jato, um ano de operação dissolvida
O primeiro aniversário de dissolução da Operação Lava Jato, completado nesta quinta-feira (3), foi pontuado para Sérgio Moro. "Os cúmplices do fim dela são vários, os interessados em voltar ao velho sistema da corrupção, aquela visão que a gente repudia de que tem gente acima da lei, aquele cenário de que a pessoa pode roubar e não sofrer consequências", disse.
Ainda sobre as razões do fim da Lava Jato, Sérgio Moro foi além. "Encontramos responsáveis no Congresso, no Judiciário que não tem sido firme contra a corrupção, tem anulado sem razão condenações por corrupção, e hoje tem a polícia, juízes intimidados para combater a corrupção. Não é só o Lula que está solto, o que é uma tragédia, hoje você não vê ninguém sendo processado e preso por corrupção. A gente retrocedeu", disparou.
E daí veio a crítica ao presidente Bolsonaro. "O outro responsável, a gente precisa dizer, é o presidente. Ele é a liderança principal do país, ele ajudou pois queria se proteger e proteger a família dele, ele ajudou no desmantelamento do combate à corrupção. São muitos os cúmplices que estão nos três poderes. Tem muita gente boa no Congresso, no Judiciário, até no Executivo, mas muita gente contribuiu para a gente retroceder no combate à corrupção"
Para o presidenciável, a Lava Jato provou que é possível combater a corrupção com eficiência. "A Lava Jato mostrou que combater a corrupção é possível, que o Brasil pode ter uma imagem diferente, e não está fadado ao crime. Eu recebi vários reconhecimentos internacionais, que eu nunca tive para mim mas para o trabalho da operação. A gente evoluiu bastante, mas estamos vendo o sistema político reagir. Em vez de lamentar, temos que lutar e mudar esse jogo", explicou. "Meu projeto é fundado na retomada do crescimento econômico mas precisamos virar esse jogo e voltar a combater a corrupção, senão não vamos adiante", frisou.
Erro ao entrar no governo Bolsonaro?
Questionado sobre o sim para integrar o governo de Jair Bolsonaro, Sérgio Moro respondeu que está "desapontado" com o governo atual. "A questão é mais simples. Eu estou na mesma situação que a grande maioria dos brasileiros. Eu estou desapontado com o governo atual. Deixei minha carreira de magistrado e minha aposentadoria pois acreditei num sonho de um país melhor para todos", registrou. "O que aconteceu foi, se eu tivesse tido o apoio do presidente a gente tinha conseguido virar esse jogo. Claro que com dificuldades, pois havia pressões, mas quando o ministro é sabotado pelo presidente, é difícil", completou.
Moro garantiu que estava bem intencionado, mas que esbarrou no próprio governo. "Eu fui com a melhor das intenções para fazer o meu trabalho. Eu me sinto desapontado e os brasileiros veem que esse governo fracassou, não privatizou, não fez reformas liberais, o Brasil não está crescendo, quando cresce, crescre apesar do governo em alguns lugares, crescendo pois o país é muito forte e temos essa população maravilhosa", respondeu. "O sinal do fracasso desse governo é que o Lula pode ser eleito. Ele estava preso, acabado, e o presidente fez um governo tão ruim que reabilitou o Lula", sublinhou.
E voltou a insistir que a volta de Lula é um erro. "Não tem como aceitar a volta do Lula, temos que ter alternativas e mostrar um projeto diferente, que o Brasil pode ser diferente. Como apostar em um governo que fracassou no presente e trocar por um governo que fracassou no passado? Não faz sentido", argumentou.
Bolsonaro em Santa Catarina
Sérgio Moro fez duras críticas ao envolvimento do governo Bolsonaro com Santa Catarina. Na pergunta, lhe foi frisado que o presidente obteve grande votação no estado. "Esse sentimento não é recíproco do presidente, o que eu mais vejo é ele cortar orçamento, acho que tem um problema de amor não correspondido. Eu tenho que falar a verdade para os catarinenses. A gente tem que reconhecer que você pode até gostar do presidente pessoalmente, eu não gosto, mas não tenho nada pessoal contra ele. Simplesmente eu constato que ele não deu certo", comentou. "Essa traição dele no combate à corrupção é muito grave, pois esse foi um tema central da campanha de 2018. Mas mais do que falar mal do Bolsonaro, o que me interessa é discutir o meu projeto", enfatizou.
Moro fez questão de apontar lideranças do seu partido em Santa Catarina, com as quais transitará pelo estado. "Estarei viajando por Santa Catarina em março, o Podemos é forte em Santa Catarina, temos o prefeito de Balneário Camboriú, o Fabrício, temos o prefeito Mário em Blumenau, o Camilo em Palhoça, o Paulo Bornhausen, temos um grupo forte e vamos mostrar nosso apreço por Santa Catarina", contou.
O presidenciável registrou, ainda, seu vínculo com Santa Catarina. "Boa parte das minhas férias da minha vida eu passei viajando para Santa Catarina, que tem um potencial imenso, não só industrial, mas também de todas as atividades e o turismo que a gente tem que incentivar. Temos essas grandes potências como a WEG. Santa Catarina é um dos estados mais bem arrumados do país", destacou.
E revelou que tem uma filha nascida no estado. "A minha filha nasceu em Santa Catarina, nasceu em Joinville onde eu morei por dois anos. Tenho uma conexão muito maior e verdadeira com Santa Catarina do que o Bolsonaro que está só cortando verbas para o Estado", disse.
Contrato com empresa da Lava Jato
Foi lembrado a Sérgio Moro que, muitas vezes, ele será questionado ao longo da campanha sobre os contratos que fez com empresas envolvidas na Operação Lava Jato depois do período em que foi ministro da Justiça. "É fake news. Eu tenho um passado ilibado como juiz. Não foi fácil a Lava Jato, sofremos pressão de todo lado. Como ministro da Justiça, igualmente. Eu não enriqueci no serviço público, tenho uma vida de trabalho e dedicação", respondeu. "Depois que eu saí do ministério da Justiça eu fui contratado por uma renomada consultoria norte-americana, e o meu trabalho era ajudar as empresas a criar programas anti-corrupção. Eu pedi que fosse incluído no meu contrato uma cláusula dizendo que eu não trabalharia para empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Está no meu contrato, eu mostrei. Fiz uma live duas semanas e apresentei todos os documentos", detalhou.
O candidato do Podemos garantiu que não recebeu nada das empresas citadas na Lava Jato. "Eu de fato não trabalhei para nenhuma empresa envolvida na Lava Jato nem recebi um tostão delas. Essa empresa é gigante, eu fui trabalhar nos Estados Unidos, não recebi um tostão do braço da empresa que prestou serviço para a Odebrecht numa recuperação judicial. Ela foi nomeada pelo juiz para atender os interesses dos credores da Odebrecht", disse.
E voltou a indagar a situação de Lula, de quem vem pedindo explicações publicamente sobre ganhos. "Quem de fato trabalhou para a Odebrecht? O Lula. A Odebrecht pagava mesada para o irmão dele, as palestras milionárias e outros milhões que ele recebeu, pouca gente viu se é que teve essas palestras. Ele é que tem que explicar", referiu. "Eu mostrei meus contracheques e esclareci tudo. Peço que o Lula esclareça também esses fatos. Você já ouviu alguma explicação do Lula da razão de a Odebrecht ter reformado o sítio de Atibaia que ele frequentava como se fosse dele? E reformaram sem ele gastar um tostão, e não temos uma explicação até hoje do porque disso", completou. "Quem deve explicações são outros", definiu.
E disparou contra Bolsonaro também. "Sei que muita gente em Santa Catarina tem certo apreço pelo presidente, embora não seja recíproco, o presidente tem que explicar a história da rachadinha, do dinheiro que foi apropriado dos gabinetes parlamentares, do filho dele que foi para contas de pessoas ligadas a ele. O presidente tem que explicar. Eu tenho a consciência tranquila de tudo o que eu fiz e fui absolutamente transparente. A gente tem que exigir a mesma transparência dos outros", disse.
O preço dos combustíveis
Moro demonstrou preocupação com o preço dos combustíveis e a pressão que isso cria na inflação. "A gasolina chegando a R$ 8, isso tem gerado inflação, tem feito o Banco Central elevar os juros e a economia para de crescer. Ela está patinando. Eu estou viajando o país, estive nessa semana no interior de São Paulo falando com empresários da agropecuária. O pessoal me diz que as coisas estão parando, com nichos de prosperidade", comentou.
Para o presidenciável, a prioridade é atacar a inflação. "Temos que controlar a inflação. Não adianta controlar artificialmente. É como uma represa que está estourando, você ir lá tapar um buraquinho e aparecerem outras rachaduras. Tem que ter uma política geral para controlar a inflação. O brasileiro não aguenta 10% do seu salário ao ano cortado", respondeu.
E uma prioridade: controlar a cotação do dólar. "Temos que reduzir o dólar, que está num patamar acima. O que fez o dólar aumentar? Isso é muito grave, vivemos um cenário com muito dinheiro circulando no mundo e poderia estar no país. O que fez o dólar aumentar foi o comportamento do presidente em 2021, sugerindo que daria golpe de Estado, gerando instabilidade e sugerindo que ele é favorável à destruição da Amazônia, quando o brasileiro quer desenvolvimento sustentável. Isso gerou um desequilíbrio e o baixo crescimento da economia fez o dólar subir", afirmou. "A gente pode mudar esse jogo muito rapidamente", garantiu.
Moro bateu na tecla, também, da necessidade de reformas. "A gente tem sim que discutir seriamente a diminuição da carga tributária sobre energia e combustíveis no Brasil. É muito caro o que se cobra sobre combustíveis no Brasil, mas tem que fazer isso como uma discussão de mudança permanente no âmbito de uma reforma tributária", disse. "Uma das razões de o Brasil não crescer é que não conseguimos fazer as reformas para voltar a crescer, e uma delas é a reforma tributária, e daí temos que discutir quais impostos vamos cobrar sobre a gasolina e energia elétrica. Não vamos enganar o brasileiro, não é só o combustível, quando chega a conta de luz você fica assustado vendo o quanto subiu", emendou. "A gente já viu o que acontece quando o Lula interfere na Petrobrás, é uma roubalheira, quase quebrou em 2015", criticou.
Braço direito na construção da economia
Quem será o braço direito de Sérgio Moro na política econômica? Ele terá um 'Posto Ipiranga', como dito por Bolsonaro em relação ao ministro Paulo Guedes? "Não tenho bem um Posto Ipiranga, tenho um grupo que estamos discutindo, quem coordena esse grupo da parte econômica é o Afonso Celso Pastore, um dos economistas mais respeitados do país e presidiu o Banco Central. É uma das pessoas que formou vários desses economistas que hoje estão aí no Brasil", respondeu. "Estamos fazendo um plano sólido de como retomar o crescimento econômico e como geramos empregos. Emprego, emprego e emprego, é o nosso plano. As pessoas querem trabalhar com dignidade e fazer o Brasil voltar a crescer, mas temos que fazer isso com responsabilidade", apontou.
E voltou a criticar os concorrentes. "Tem um dos candidatos dizendo que vai chover picanha. Não vai acontecer isso. Temos que ser responsáveis, e falar a verdade. A economia vai mal, temos que adotar políticas sérias e fazer também as reformas que são importantes. Vamos criar uma Força Nacional de Erradicação da Pobreza e Fome que vai começar a todo vapor no começo de 2023 para atender as emergências. É intolerável fila do osso, brasileiro caçando lagarto para se alimentar", sublinhou.
Ida para o União Brasil
Sérgio Moro foi indagado sobre a possibilidade de migrar para o União Brasil, com o aval do Podemos. Ele descartou. "Às vezes especulam e vira notícia. Eu estou no Podemos, estamos construindo alianças no país a partir do Podemos. A gente tem confiança. Saiu ontem uma nova pesquisa me apontando com dois dígitos, muito à frente de qualquer outro candidato dessa chamada terceira via, e estamos vendo que o Governo Federal, que o Bolsonaro está lá derretendo, as pessoas estão percebendo que o país está em crise e o governo não tem resposta", destacou.
E voltou a bater no atual governo. "Eles passaram três semanas falando que enviariam a PEC dos Combustíveis. Desistiram. É plano mal feito, é governo sem rumo, não sabe o que fazer para resolver os problemas do país. Precisamos resolver o problema dos combustíveis mas não é roubando a Petrobrás nem fazendo puxadinho", reiterou.
Atual governo às turras com STF e Congresso
As relações da presidência com Judiciário e Legislativo também entraram na pauta. "A política é a arte do diálogo, mas tem que ter limites para esses diálogos. Não estou colocando esse projeto para repetir mensalão, petrolão e essas práticas de orçamento secreto. A gente conversa normalmente com as pessoas do centrão, e tem pessoas boas nesses partidos. Tem muita gente ruim também, como tem em outros partidos", disse.
Moro insistiu que o presidente não pode ser refém. "O que não pode é a liderança se vender, ou ficar refém de políticos inescrupulosos. E eu tenho uma vantagem, tanto em relação a Lula quanto a Bolsonaro, eu não tenho rabo preso. O meu passado é ilibado, e eu não vou comprometer a minha proposta de governo com desonestidade, senão se torna refém e o presidente perde a liberdade de fazer o certo", destacou.
E o presidenciável bateu forte no Centrão e as suas relações com Lula e Bolsonaro. "O presidente atual não se aliou ao Centrão, ele é refém do Centrão. o Centrão que manda no presidente. O Valdemar Costa Neto, que foi condenado no caso do mensalão, ele dá as cartas no governo atualmente. É isso que as pessoas querem? Elegeram o Bolsonaro para ter o Centrão no comando? Se colocar o Lula vai ser a mesma coisa, o Centrão já estava no governo Lula", enfatizou. "Precisa ter um país com liderança, que tenha serenidade e seriedade e firmeza de princípios e valores", resumiu.
Sobre as relações com partidos, Moro vê possibilidades de partilhas de poder com responsabilidade. "Temos que partilhar o poder com projeto que tenha limites nessas partilhas e com base em princípios e valores. Tem um modelo interessante, na Alemanha, houve proposta de novo governo, um documento extenso, exatamente o que eles querem fazer no governo com partilha entre os diversos gabinetes de ministros. E tem muita gente boa em todos os partidos, e você pode trazer essas pessoas para dentro do governo. O que não pode fazer é mensalão, petrolão e orçamento secreto. Não deu certo. Além da roubalheira, o governo do PT nos entregou recessão e o governo atual, que transgrediu igualmente, está nos entregando estagnação beirando a recessão em 2022", colocou.
O que perguntará para Lula e Bolsonaro
Moro garantiu que estará presente nos debates na campanha eleitoral. Mas pensa que Bolsonaro e Lula não irão. "Eu acho que os dois fugirão dos debates. Eu interroguei muitos criminosos durante a minha carreira, tive processos contra Fernandinho Beira-Mar, contra líder do cartel de Juares e na Lava Jato. Eu não tenho medo de cara feia, tenho condições de enfrentar qualquer debate", respondeu. "Espero que haja debates que possamos falar verdades e propostas para o Brasil melhor. Eu vou estar nos debates, em qualquer circunstâncias. Estamos crescendo e vamos crescer ainda mais nas pesquisas. Podem perguntar para Lula e Bolsonaro se eles estarão nos debates, eu acredito que não, infelizmente", emendou.
Reforçada a pergunta sobre o que indagaria a Lula e Bolsonaro, Moro respondeu que "tenho que pensar o que eu perguntaria para eles. Mas eu perguntaria para o Lula se roubar é errado e para o Bolsonaro se mentir é errado. São os dois pontos principais que a gente poderia confrontar essas pessoas".
Reforma política e judiciária
O presidenciável defendeu uma profunda reforma política em seu governo. Que vai começar pelo fim do foro privilegiado. "Alguns pontos queremos de início, como o fim do foro privilegiado. Isso envolve aspectos na Justiça, na lei, o que queremos passar recado é que ninguém está acima da lei e todos tem que ser tratados de maneira igual. Não tem razão de um político ter tratamento privilegiado. Se tem foro privilegiado, acaba com uma relação que não é salutar entre STF e Congresso, tirando do STF essa atribuição de julgar processo de congressista acusado de crime. Isso terá efeito saudável na vida política", destacou.
Moro garantiu que, no primeiro semestre do seu governo, proporá o fim da reeleição. "Outra proposta é o fim da reeleição para chefe do Executivo, especialmente para a presidência. Não é só prometer que não vai buscar a reeleição, é prometer que vou apresentar proposta de emenda eliminado a reeleição no primeiro semestre de 2023. Não deu certo no Brasil, e tem que valer, é um compromisso meu, para o presidente eleito em 2022. A gente pode até excepcionar para não gerar resistência para o governador eleito em 2022 ou o prefeito em primeiro mandato eleito em 2020, mas para o presidente a emenda valerá de imediato", comentou.
O candidato destacou, também, que tem em mente uma reforma do Judiciário. "Não vamos criar burocracia nova, mas vamos usar os juízes e servidores que estão aí, escolhendo os vocacionados ao combate à corrupção", contou. "O Judiciário é lento e moroso, é preciso uma discussão ampla, e uma mudança do Supremo. Uma proposta já colocada é que a gente vai criar um Tribunal Nacional anticorrupção. É um absurdo ninguém ser preso por corrupção, tem algo errado, pois a corrupção está acontecendo em prefeituras, Governo do Estado e também no Governo Federal. O que não está ocorrendo é investigação e punição. Temos que mudar esse jogo", detalhou.
Segundo turno Bolsonaro x Lula?
Questionado sobre votar em Lula ou Bolsonaro em um eventual segundo turno, Sérgio Moro foi enfático. "O Brasil não tem vocação para suicídio, eu não acredito que isso vá acontecer. Eu não preciso responder pois o Brasil não precisa disso. Tem muito tempo até lá e o quadro eleitoral vai mudar. Tem bastante rumor que o presidente atual pode até não concorrer. Pode acontecer", resumiu.
Acompanhe a íntegra da entrevista no vídeo abaixo:
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