Seguindo com os debates democráticos e pautando novamente o cenário político nacional, o programa Agora cedeu a palavra a José Maria Eymael, nesta segunda-feira, 22. Presidente nacional do Democracia Cristã, o gaúcho de 80 anos defendeu o diálogo como principal arma para o Brasil seguir em frente e vencer as crises que enfrenta.
Deputado federal constituinte, Eymael afirmou que vê com muita apreensão a postura do Governo Federal. "O que o Brasil precisa hoje é de pacificadores, capazes de reunir contrários e conversar. Infelizmente não é isso que estamos tendo com o presidente", apontou. "Espero que ele mude de atitude, incentivar confronto é o que o Brasil menos precisa agora", comentou.
No entanto, ele elogiou o desempenho do ministro da Economia, Paulo Guedes, frente a pasta. "A equipe econômica do presidente tem tido uma posição muito interessante. Muito centrada, com propostas objetivas", afirmou. "Na Saúde, o Mandetta como ministro teve um desempenho muito forte. Sua saída e depois a saída do Teich realmente foi uma tragédia para a saúde brasileira", avaliou.
A presença de militares no governo também não é um empecilho. "Eu vejo com naturalidade. Se os militares se despojarem da farda, são brasileiros a serviço do país. As Forças Armadas tem um papel importante em segurar nossa independência como nação, não vejo problema deles no governo desde que atuem como civis", ponderou.
Se fosse presidente hoje, o país teria outra forma de governar, garante Eymael. "O país precisa de líderes pacificadores. Ouvir o contrário, reunir, encontrar soluções e afastar o ódio. Seria um sistema diferente e comprometido com os menos protegidos", garantiu.
Atuação do STF e do Congresso
Eymael avaliou como positiva a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal e também do Congresso Nacional. "O STF tem tido uma postura firme, sem querer só se patrocinar, numa posição equilibrada. Claro que todas as entidades tem erros, mas hoje, o STF tem uma posição histórica na defesa da democracia, não se intimidando por ameaça", comentou. "Realmente preocupa muito ver grupo apontando foguetes contra a sede do STF. Essa mensagem de ódio ao judiciário não leva a nada", emendou.
Para os líderes do Congresso, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, sobraram aprovações. "A performance deles só merecem elogios. Posição centrada, firme, dura", apontou. Eymael também vê com bons olhos a renovação na Câmara dos Deputados. "Vejo jovens, mulheres jovens, aquela vontade de um novo caminhos, de construir. Eu me vejo neles. No meu primeiro mandato como deputado federal, quando acabou a constituinte, nós [partido DC] estavamos entre os 15 com mais propostas aprovadas. Aprovamos 145 propostas", lembrou.
Atenção para a família
O ex-deputado avaliou que mesmo com a criação do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o assunto não é prioridade no atual governo. "Tem pouca atenção. Os valores da família são honra, caráter, dignidade. Todo homem público tem que dar exemplo disso para fortalecer esses valores na sociedade", avaliou.
Sobre as relações homoafetivas ele declarou que "a constituição estabelece que é livre a orientação sexual e isso tem que ser respeitado". "Para nós, da Democracia Cristã, a instituição família é composta por homem e mulher. Nada contra a união estável entre pessoas do mesmo sexo", opinou.
Eleições de 2022
Candidato a presidência em cinco oportunidades, Eymael não descarta disputar novamente as eleições em 2022. "Há um clamor de companheiros nesse sentido. Estamos estudando essa possibilidade", afirmou ele que concorreu em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018.