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O momento dos trabalhadores do vestuário em Criciúma

Há 40 anos, a categoria fazia uma de suas maiores greves por melhores condições de trabalho

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 27/02/2022 - 16:30
O ex-vereador Ízio Inácio, o Hulk, preside o sindicato da categoria em Criciúma / Foto: Divulgação
O ex-vereador Ízio Inácio, o Hulk, preside o sindicato da categoria em Criciúma / Foto: Divulgação

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Era 17 de fevereiro de 1982, uma quarta-feira. Estourava a primeira mobilização de mulheres em uma greve em Santa Catarina. Era em Criciúma, e em cada dez grevistas, oito eram mulheres. Daí, veio o rótulo de "Greve das Meninas". São, portanto, 40 anos da primeira greve do segmento do vestuário na cidade. 

Entre as reivindicações da ocasião, refeitórios e banheiros exclusivos para elas. A principal liderança era Ana Aurino Borges dos Reis, que estava à frente das muitas manifestantes. Um fato curioso daquela greve: dois dias depois de deflagrada, começou o Carnaval. Assim, a  mobilização esfriou por quatro dias logo na arrancada.

Antigo no movimento sindical dos vestuaristas, o atual presidente do sindicato da categoria em Criciúma recorda que trata-se de um segmento bastante sensível ao momento econômico. "Temos uma história de altos e baixos no setor do vestuário. Se a economia vai bem, se os trabalhadores estão com bons salários, podem ir ao comércio no fim de ano. Nas épocas de feriados o vestuário entra na cena, quando tem festa precisa de roupa, e são as nossas costureiras que produzem as roupas", pontuou Ízio Inácio, o Hulk, que participou do programa Conexão Sul, na Rádio Som Maior, que tratou do tema.

Sobre a "Greve das Meninas", Hulk lembrou que era comum, na época, que as mães levassem suas filhas para o trabalho, e elas ajudavam. "A mãe levava a filha para o vestuário. Hoje não leva mais, devido ao baixo salário que os empresários pagam", acrescentou. Havia um fator que preponderava naquele tempo na indústria do vestuário e que ainda segue bastante comum. "É a rotatividade. Tem muita rotatividade", pontuou.

Mais de 11 mil trabalhadores

Atualmente, a categoria dos vestuaristas abrange mais de 11 mil trabalhadores em Criciúma e região. Com um piso salarial de R$ 1.580, a categoria vem vivendo uma fase de crescimento das oportunidades. "Agora está reerguendo, começou a abertura das lojas e as vendas. Os cancelamentos de pedido foram suspensos e recomeçou a produção. Hoje se fala em contratação de mão de obra. Mas o setor não tem qualificação de mão de obra, nenhum governo investiu em qualificação de mão de obra", analisou.

Hulk reforçou que a pandemia atingiu fortamente o setor de produção no vestuário. "Passando por essas dificuldades na pandemia, a economia sofreu um baque muito grande. Temos empresas aqui da região que trabalham para a Renner, a Marisa, grandes empresas que trabalhavam exclusivamentem em shoppings. Pela pandemia, os shoppings fecharam e daí veio o desemprego", observou.

Críticas ao governo

"Quem pagou a pandemia, a crise? Os trabalhadores, que não tiveram seus salários reajustados", destacou o sindicalista, antecipando uma briga que vem aí: tem discussão de dissídio chegando e, com a retomada da economia, Hulk entende que é hora de ganho real para os trabalhadores. "Esse governo destruiu a lei trabalhista, desmontou os trabalhadores, usou a pandemia para dizer que deem férias e descontem nas férias, foram mutilando os trabalhadores. Os dissídios de todos os trabalhadores foram os piores durante a pandemia", observou.

Hulk elevou o tom crítico em relação ao governo Bolsonaro. "O governo Bolsonaro para os trabalhadores foi o pior e para os empresários foi o melhor do mundo", arrematou o sindicalista.

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