A tragédia do Rio Grande do Sul reforça o alerta para a necessidade de Criciúma investir na prevenção a inundações. Em entrevistas ao programa Adelor Lessa, da rádio Som Maior, os cinco pré-candidatos a prefeito de Criciúma foram questionados sobre o que pretendem fazer para tornar a cidade menos suscetível a alagamentos.
Ouça e leia, abaixo, o que disseram os pré-candidatos.
Arlindo Rocha (PT)
A questão é muito grande, ela afeta todo o planeta, o nosso país como um todo e a nossa região aqui mais ainda. Nós estamos aqui em uma corrente onde passam todas as frentes frias, muitas questões aí que podem se agravar. Então, amanhã ainda o presidente Lula voltará no Rio Grande do Sul, anunciará novas medidas, creio que amanhã ele faz o anúncio da doação financeira a famílias, estou falando de dinheiro vivo para as famílias recomeçarem e tal, então são medidas que vão aliviar, mas o engajamento de todos, a ajuda de todos, o sentimento… Às vezes a gente não sabe nem o que dizer.
Mas temos que dar prioridade, número um, eu diria junto com Saúde, junto com Educação, essa questão da mudança climática e a questão das nossas bacias hidrográficas. Tem que ser tratado como um projeto de Estado, de interesse da nação brasileira e nós não podemos ficar fora.
Como pré-candidato a gestor de uma cidade como Criciúma, que tem toda essa questão envolvida das bacias com rio Criciúma, caso do rio Mãe Luzia, rio Sangão e tudo mais, e temos o passivo ambiental ainda da questão do carvão, ou seja, acho que numa gestão ela precisa estar como prioridade, número um, eu diria junto com Saúde, Educação e segurança.
Júlio Kaminski (PP)
Nesses últimos dois anos, eu tenho me reunido com frequência numa comissão que foi criada por nós, inclusive, no Rio Sangão, naquelas comunidades do Rio Sangão, de trás, inclusive, outros quatro vereadores, e foi que vinha eu e o pessoal ali da região, inclusive presidido pelo Guga (Gustavo Duminelli), ali do Sangão.
Exatamente por quê? Brigando pelo desassoreamento do rio Sangão, que é onde deságua, onde a água se joga para lá e chega lá em Araranguá. Só que a gente brigou tanto e conseguimos recursos. Aliás, o prefeito de Forquilhinha comprou a briga e foi atrás também, ajudou, e fez um desassoreamento na ordem de oito quilômetros, que agora está providenciando a outra, que já impactou diretamente na vida das pessoas. Ou seja, está comprovado o quanto o desassoreamento dos rios vai impactar, diminuindo consideravelmente as enchentes na nossa cidade, e Forquilhinha, inclusive.
Eu vejo que uma das ações que nós tivemos também em Brasília, recentemente, tratando, é para completar os 25 quilômetros que precisa de desassoreamento do rio Sangão. E aí sim, manter uma equipe permanente de limpeza. Não fazer a limpeza agora. Fazer o desassoreamento, fazer a limpeza na sequência, e uma equipe de trabalho, continuando os trabalhos que já existem atualmente, porém, fazendo os trabalhos muito intensos de limpeza de boca de lobo e acerto de estruturas, que foram feitas, mal feitas. Tem uma na região do Pio Corrêa, próximo ao Marista, que de um lado ele foi feito corretamente o deságue, e do outro lado não fizeram a travessia.
Um dos assuntos que nós já viemos cobrando. Ou seja, equipes permanentes de limpeza de boca de lobo e estrutura, e intensificar os trabalhos de desassoreamento. Nós temos o Rio das Antas, que está precisando de um trabalho muito intenso, que estamos também cobrando, o desassoreamento do rio Sangão, ou seja, esse trabalho é fundamental para que a água tenha o seu custo natural. Do contrário, nós vamos continuar sofrendo, e esse trabalho precisa ser intenso. Ou seja, são medidas de curto, médio e longo prazo. A de curto prazo, o desassoreamento. Precisa ser feito.
Paulo Ferrarezi (MDB)
Tem-se feito muitas obras no município de Criciúma para evitar as inundações na nossa cidade. Mas tem muito o que se fazer. Vou citar um exemplo. Com uma draga só, ou com uma “pescoçuda”, da forma que as pessoas entendem, nós não conseguimos desassorear todos os córregos, todos os rios da nossa cidade.
Vou citar alguns bairros que, cada vez que escutam a previsão do tempo, entram em contato com o vereador. Bairro Paraíso é um grande problema. Bairro Tereza Cristina, bairro Imperatriz, loteamento Meller, bairro Manaus. Lembra que foi finalizado o parque do bairro Manaus e lá na ponta, na Avenida Universitária, ainda causa alagamento. A água retornando, tomando conta de algumas casas. Moradores que já perderam, muitas vezes, seus móveis, seus pertences, e continua aí.
Precisa haver um alargamento da passagem de água no Universitário de imediato. E vêm acontecendo os alargamentos e isso não acontece. São pequenas ações. Precisamos fazer drenagem, limpeza de boca de lobo, alargamento, canalizar muitos córregos na nossa cidade. Vamos falar do bairro Paraíso. Precisa fazer a limpeza daquele córrego que passa no bairro Paraíso, no rio do bairro Paraíso, também no bairro Renascer, aquele córrego que passa dentro da comunidade.
Então, somente com uma draga, não temos condições de dar uma atenção especial e evitar alagamentos na nossa cidade. Nós temos alguns pontos que precisam de boca de lobo, aqui na nossa região, aqui no Parque Ecológico, essas chuvas, pequenas chuvas, estão alagando casas. Lá no bairro São Sebastião, levei ao secretário de obras o conhecimento dele essa semana, as águas das chuvas invadem casas. Então, precisa buscar ações pequenas e grandes ações. O rio Sangão é um grande problema que precisa de assoreamento contínuo.
Está havendo muitas obras no centro da cidade, canalização, boca de lobo, está resolvendo muita coisa. Agora, nos bairros da nossa cidade, houve algumas melhoras, mas precisa dar continuidade. A nossa cidade precisa de uma atenção especial. Somente com uma draga não vai resolver o problema de alagamento na nossa cidade.
Ricardo Guidi (PL)
Eu acredito que seja uma série de ações. Desde o plantio de árvores, que diminui a velocidade com que a água é absorvida pelo solo, até ações com obras de infraestrutura. Posso destacar que, já na década de 70, o ex-prefeito Altair Guidi fez o canal auxiliar do Rio Criciúma em toda a área central, que outros prefeitos, na sequência, deram continuidade em alguns bairros. Inclusive ele, no segundo mandato, em alguns bairros, como a Vila Manaus, por exemplo.
A gente tem que favorecer o escoamento das águas, das chuvas, nas áreas que são urbanizadas. Mas, paralelo a isso, a gente tem que também garantir a limpeza dos rios da cidade. Por exemplo, o Rio Sangão, que escorre muitas águas, e a gente vem trabalhando nisso também, através da Secretaria, tentando viabilizar recursos para garantir o desassoreamento do Rio Sangão.
Estamos lançando nas próximas semanas também o programa catarinense de limpeza de rios, que vai atender a todo o estado de Santa Catarina, para que a gente possa fazer a limpeza, em parceria com as prefeituras municipais, para garantir o escoamento de águas. Isso é fundamental, e isso a gente tem que trabalhar. Desde ações pequenas, como o plantio de árvores, favorecer, ampliar a área de absorção de água das chuvas pelo solo, até obras estruturantes, como continuidades, tubulações, que possam garantir esse escoamento, nós vamos trabalhar.
Inclusive, como secretário do Estado do Meio Ambiente, nas próximas semanas a gente estará lançando uma capacitação para os municípios. Vamos fazer através das associações de moradores, em parceria com o ICLEI, que é um instituto que trata de desenvolvimento sustentável, onde a gente vai discutir políticas públicas e ações para minimizar o efeito das mudanças climáticas. Eu acho que o Estado vem enfrentando isso com seriedade, com preocupação, e agora a gente quer levar a todos os municípios, formas e ações e políticas públicas, para diminuir esses impactos que estão crescendo a cada dia e que nos preocupam muito.
Vaguinho Espíndola (PSD)
Acho que o governo tem um papel fundamental, e o nosso governo, desde 2009, nós não anunciamos no plano de governo o que faríamos com relação ao canal auxiliar, mas já em 2011, nós iniciamos toda a obra, toda a implantação do canal auxiliar, que começou aqui já na rua João Cechinel, se estendeu até o fim da Vitório Serafim e lá na rua Araranguá. Isso, em valores atualizados, somam mais de R$ 80 milhões de investimentos, com uma capacidade que nós fizemos na época, dinheiro direto do Orçamento Geral da União, da OGU. Depois, temos continuidade, o que nós chamamos de etapa dois, que é justamente essa etapa que foi seguindo a rua Araranguá até a Avenida Centenário.
E agora, qual é a notícia boa? É que no novo PAC o município já conseguiu aprovação no valor de mais de R$ 18 milhões para fazer toda a extensão dessa etapa três agora. Também neste mesmo modelo do novo PaC, nós também já temos aprovado o valor de R$ 2,2 milhões, também lá para a região da Quarta Linha, onde o canal também do Rio dos Porcos. Então, o que a gente precisa na realidade? Como é sabido, as questões das mudanças dos eventos climáticos muitas vezes nos trazem previsões, e a gente precisa estar atento a todo esse trabalho.
A Unesc, juntamente com a Prefeitura, iniciou ainda em 2012, um estudo de toda a ocupação da nossa base hidrográfica aqui do município, e, de fato, a gente teve, e tem que reconhecer, que há tempos atrás houve uma ocupação indevida. Nós temos postos de combustível, nós temos inclusive shopping centers, que foram construídos praticamente em cima do rio Criciúma. Isso tudo agora é um trabalho todo ele também de fazer uma nova reconstrução. O desassoreamento dos rios, que nós não falamos, nós fizemos. Os desassoreamentos de toda a extensão do rio Criciúma também na bacia do rio Araranguá. Então, temos que dar continuidade a todo esse trabalho. Agora, recentemente, também a bacia do Pio Corrêa, que passou por uma intervenção, na ordem de quase R$ 12,6 milhões. Nós temos que estar atentos a toda essa situação, para que a gente tenha cada vez mais possibilidades de escoamento, quando num período de enchente, para que daí a vida continue.
Agora é importante também a gente sempre ressaltar que os olhos também precisam estar atentos às ocupações. O governo tem mantido já uma política também de monitoramento dessas várias ribeirinhas. Onde acontece qualquer início de qualquer ocupação, o nosso setor da prefeitura já está lá também para alertar, para retirar, e aí sim indicar um local mais adequado.