No Parlatório desta segunda-feira, dia 25, os jornalistas Adelor Lessa e Upiara Boschi receberam o cientista político Arthur Mazzucco Fabro, professor da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Entre os assuntos abordados, as eleições na França e os reflexos que ela pode trazer ao Brasil. O programa acontece todas às segundas-feiras, a partir das 19h.
“O resultado das eleições na França foram bastante surpreendentes por dois motivos principais. O primeiro deles, obviamente, a ascensão de Marine Le Pen como uma candidata viável a uma possível vitória ao cargo de presidente da França, e um segundo fenômeno, que é bastante visível, a quantidade de abstenções tanto no primeiro como no segundo turno”, disse o professor Arthur Mazzuco Fabro, durante a live.
O que se pode esperar da relação Brasil e França?
Fabro relembra que, publicamente, Emmanuel Macron já fez discursos contrários a algumas posições de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Portanto, a relação não é das melhores e pode impactar, inclusive, na relação dos dois países.
“O que a gente pode esperar, talvez, cada vez mais um distanciamento das relações entre França e Brasil. Os franceses, inclusive, e o próprio Macron, fizeram críticas muito pesadas sobre a questão ambiental aqui no país. Então, a tendência é que cada vez mais o governo Bolsonaro ou o próximo que surgir, a depender de quem for eleito esse ano, mas se for o Bolsonaro, a tendência é que esse distanciamento se acentue”, enfatiza.
A reeleição de Macron também foi uma espécie “barramento da extrema direita na Europa”, como define o professor. Ele explica melhor sobre essa ascensão e se pode ou não ser relacionada ao Brasil.
“A ascensão da direita, por exemplo, no Brasil, foi um fenômeno qualitativamente distante da ascensão da direita da França. A gente teve demandas aqui no Brasil que fogem até da política e da estrutura do governo que lá nunca foram aceitos. A direita começou a crescer muito, sim, principalmente após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Vimos uma retração depois, quando ele perde a eleição para o Biden”, acrescenta Fabro.
Sistema semipresidencialista
Fabro explica que o sistema semipresidencialista, adotado pela França, ocorre quando o presidente da República atua como chefe de Estado e o primeiro-ministro como chefe de Governo. No Brasil, Bolsonaro, por exemplo, acumula as duas funções.
“O semipresidencialismo é um sistema de governo, assim como o presidencialismo e o parlamentarismo, mas ele também não ocorre da mesma maneira em todos os países que são semipresidencialistas. Nós temos alguns que são semipresidencialistas no mundo, mas cada um tem características específicas que os diferenciam. Na França, por exemplo, é uma maneira um pouco confusa, porque o primeiro-ministro é indicado pela maioria das cadeiras do parlamento e acompanha, normalmente, a coalizão formada pelo presidente”, pontua o professor.
No Brasil, Fabro não acredita que o sistema seja uma boa opção. “Eu não acho que o semipresidencialista é a solução de todos os nossos problemas. Aqui, talvez a gente teria mais problemas, porque se a Câmara dos Deputados assume um protagonismo ainda maior, imagina a quantidade de impeachments que a gente poderia ter, considerando que a gente vive em uma República que o impeachment ao invés de ser um remédio amargo, se tornou quase uma coisa corriqueira”, acrescenta.
Outras da política em Santa Catarina
Upiara e Adelor ainda comentam sobre o encontro de Dário Berger e Décio Lima, em Blumenau; de Décio e Jorginho Mello; as movimentações do PSD com Gean Loureiro e muito mais. Confira a live completa abaixo: