A deputada estadual Paulinha (PDT) protocolou um pedido de cassação do deputado Jessé Lopes, depois que o parlamentar criciumense postou em sua conta no Twitter uma postagem insinuando que uma servidora do governo estaria grávida e que o pai seria o governador Carlos Moisés (PSL). Acontece que, de acordo com Paulinha, a servidora sequer está grávida. A deputada afirma que houve quebra de decoro parlamentar.
"Não há dúvida alguma de que Jessé cometeu um crime, tipificado nas leis federais. Não tenho nada pessoal contra o Jessé, ele acha que é divergência ideológica, mas não é. Sempre o tratei com muito respeito na Alesc, mas não é a primeira vez e não será a última. No vídeo de desculpa ele não faz menção à menina ofendida", disse Paulinha em entrevista ao Programa Adelor Lessa desta quinta-feira, 28.
O pedido foi protocolado na noite de quarta-feira e teve assinatura dos deputados Vicente Caropreso (PSDB), Marlene Fengler (PSD) e Rodrigo Minotto (PDT). Paulinha lembrou que não foi a primeira de Jessé. "Comecei a ficar com vergonha quando percebi as notícias. Muita gente dizendo 'se a comissão de ética não fizer alguma coisa, então fecha a comissão'. O Jessé tem esse hábito de atacar as pessoas, com o gabinete de ódio. Como uma pessoa se autodeclara, o seu espaço de trabalho, como gabinete do ódio? É uma coisa surreal. A liberdade de expressão tem o teto do respeito ao próximo", afirma a deputada.
É pelo menos a segunda vez no ano que Jessé entra em conflito com as mulheres. Em janeiro, o deputado desmereceu a campanha contra o assédio no carnaval, o movimento Não É Não. Jessé disse, no Facebook, que era generalização tratar tudo como assédio. "...quem, seja homem ou mulher, não gosta de ser “assediado (a)"?? Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude", disse na época.
A defesa de Jessé, no caso, foi de que a palavra "assediado" estava entre aspas, então teria outro significado. O deputado defende-se da mesma forma contra as acusações de Paulinha: o dito gabinete do ódio seria uma forma de "sarcasmo".
"São insinuações da cabeça dela. O gabinete do ódio é um sarcasmo que a gente usa, até porque o ódio na minha postagem está entre aspas. Quando a gente é contra parece que é porque odeia as pessoas. Nada além disso", disse Jessé para a Rádio Som Maior.
Paulinha ressalta que houve crime por parte de Jessé na informação falsa espalhada sobre a gravidez da servidora do governo, mas diz que dependerá da consciência de cada parlamentar. "A violência que vem sendo patrocinada pelo deputado Jessé não pode, vinda de um parlamentar. Pode ter a ideologia que quiser, mas não pode usar o direito que ser parlamentar lhe refere, atacar as pessoas. Já recebi uma coleção de memes apenas por minha condição ideológica, por apoiadores de Bolsonaro e da ala mais radical", destaca Paulinha.
Jessé fez um pedido de desculpas sobre o caso e tangenciou a culpa à imprensa. O deputado tenta tornar a questão um debate ideológico, como se fosse alvo de perseguição política pelo alinhamento com Jair Bolsonaro. “Como de costume as pautas conservadoras não são muito atrativas no mundo jornalístico", disse em vídeo.
À Rádio Som Maior, mais uma vez, ele bateu na tecla da questão ideológica em relação à deputada Paulinha. "São pessoas que têm divergência ideológica. Sou um cara duro e ríspido, defendo aquilo que acredito com dureza e às vezes a Paulinha, que é toda mais meiga, não gosta muito da minha forma de agir lá dentro", afirmou.
Para a Rádio, Jessé admitiu que errou ao compartilhar o boato, mas novamente não pediu desculpas ao governador Carlos Moisés e à servidora atingida. Moisés respondeu que levará o caso à justiça e recebeu apoio de parlamentares e da área empresarial contra o ataque de Jessé.
Anteriormente, Jessé já havia se envolvido em polêmicas com o governador. No ano passado, quis demolir a ponte Hercílio Luz, cartão postal de Florianópolis, e vender a Casa da Agronômica, residência oficial do chefe do executivo. O parlamentar foi, posteriormente, alvo de pedidos de expulsão do PSL.