Em reunião da Associação de Moradores na noite de segunda-feira, 10, a comunidade do Bairro Sangão definiu pela realização de um protesto nesta quinta-feira, 13. O bloqueio da Rodovia Jorge Lacerda é a alternativa estudada para chamar a atenção do poder público.
"Queremos a dragagem do Rio Sangão para melhorar a vazão do rio. O rio subiu muito e rápido demais", comenta o diretor da associação, Gustavo Duminelli. "Convidamos a prefeitura para a nossa reunião de segunda, ninguém veio. Nossa ideia é fechar a rodovia para protestar", aponta.
No mais recente temporal, o rio subiu rapidamente, o que causou alagamentos no bairro, invadindo residências. "Dezenas de famílias tiveram problemas, com água entrando nas casas. Teve gente que perdeu roupas, móveis e até alimentos", explica o diretor.
Sem previsão
A prefeitura não tem qualquer previsão de dragar o Rio Sangão. "Houve um trabalho de desassoreamento ali entre 2010 e 2011, fizemos um trecho de sete quilômetros entre o Sangão e o Verdinho, o trabalho na época custou R$ 5 milhões, recursos que captamos junto ao Ministério da Integração Nacional", informa a secretária municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana, Kátia Smielevski.
"Ocorre que o rio tem rejeitos de carbono e diferente de outras valas, em que tiramos o detrito e depositamos no local fazendo modelamento, no Rio Sangão tudo o que se retira tem que ser estocado em um depósito de rejeitos. Tudo o que se retira tem que ser feito com balsa, pela largura do rio. Temos que ter esse espaço para o material de rejeito", refere.
A secretária concorda que houve problemas no último temporal. "O rio subiu bastante e transbordou pois não havia escoamento. A maré subiu muito e o Sangão deságua no Rio Mãe Luzia que chega no Rio Araranguá e não deu o escoamento, pois o ciclone foi em alto mar", recorda.
Burocracia para limpar
Além da dificuldade de lidar com rejeitos de carvão para desassorear o Rio Sangão, há todo um procedimento legal que precisa ser seguido. "Precisamos buscar licenciamento para toda e qualquer limpeza de rio. É necessário um estudo ambiental simplificado, não é só chegar e colocar a máquina no rio. Se tem vegetação a remover, tem que fazer outro projeto de supressão de vegetação", relata a secretária.
A remoção de vegetação de margens está sendo feita no Rio Criciúma, na altura do Bairro Paraíso. "Às vezes essa vegetação ajuda a fazer subir o leito do rio. Onde a máquina tem acesso e podemos fazer, vamos fazer. Depois, vamos para o Rio Sangão, naqueles focos onde a vegetação cresceu muito e pode estar obstruindo", conta. Está em fase de licenciamento a limpeza do Rio dos Porcos, na Quarta Linha. "Tudo precisa de um estudo", conclui.