As metodologias aplicadas em pesquisas eleitorais com foco no pleito de 2022 foram colocadas em dúvida no Brasil. Não somente em Santa Catarina. Mas, em todo o país. Resultados discrepantes com a realidade das urnas eletrônicas acendeu alguns alertas, principalmente, no que tange a forma com que os levantamentos são feitos.
Para o professor e analista de pesquisas, Marcelo Soares, é necessário discutir novas metodologias a partir dos rastros deixados pelo primeiro turno das eleições, mas, também, é importante observar outros fatores, como, por exemplo, o índice de indecisos.
"Uma coisa que é muito importante a gente observar nas pesquisas estaduais ao longo de toda a campanha, é que o número de pessoas que se declarava indecisa, que não tinha opinião sobre a disputa, era sempre muito alto. Isso influiu no resultado do levantamento", comenta.
Na opinião de Soares, as pesquisas nacionais não tiveram tanta discrepância quanto as estaduais. "As pessoas tinham opinião sobre a eleição nacional, mas a estadual estavam nem acompanhando. Aliás, as estaduais foram muito mal cobertas pela imprensa local, pelo menos, aqui em São Paulo", detalha.
"Eu acompanhei todas as pesquisas nacionais e, ao final das eleições, os resultados ficaram muito semelhantes para todos os candidatos, menos um. Esse um candidato é o mesmo que teve um ministro, ontem, orientando seus eleitores a não responder pesquisas. Se as pessoas não respondem, a opinião delas não entra", comenta o professor.
A solução para o problema
Para trazer a pesquisa eleitoral mais próxima da realidade, metodologias devem ser repensadas e adaptadas para o cenário do momento. De acordo com o professor, essa situação acontece em países como os Estados Unidos e, desta forma, quando muda o clima da opinião pública, surge a necessidade de rediscutir a forma de abordar a população.
"Dependendo de como é a pesquisa e a abordagem, o eleitor não se sente à vontade para revelar a sua opinião verdadeira. Então, o cara fala assim: 'eu vou votar branco, nulo, ou em x, y ou z'. Isso pode acontecer. A gente não tem como saber", ressalta Soares.
Para o especialista, o maior desafio dos institutos é atingir as pessoas que não respondem. "Existem tentativas de metodologias, por exemplo, o Poderdata, ele faz pesquisas por telefone que não tem uma pessoa entrevistando, tem uma gravação e a pessoa digita a sua opinião. Nos Estados Unidos, já fizeram pesquisas mostrando que, nesse tipo de levantamento, algumas pessoas se sentem menos envergonhadas de dizer o que pensam", comenta.
Diante de tudo isso, é fundamental ressaltar que as enquetes não têm como objetivo dar garantia do que vai acontecer lá na frente. "A pesquisa não é uma previsão de futuro, é uma tentativa de tirar uma foto da opinião pública. De fazer um retrato naquele momento", conclui.