A promessa de sessão movimentada na Câmara se cumpriu na tarde desta terça-feira (12) em Criciúma. Sindicalistas lotaram a galeria, protestaram bastante mas não surtiu efeito. A ampla maioria governista garantiu a aprovação das pautas polêmicas que tratavam sobre reposição salarial com base na inflação e concessão de cupom alimentação para servidores.
O projeto mais polêmico, que tratava sobre o reajuste dos servidores levando em conta a inflação dos últimos 12 meses, foi aprovado por 13 votos favoráveis, dois contrários (vereadores Zairo Casagrande e Giovana Mondardo) e uma abstenção (vereador Daniel Antunes). Os servidores reclamavam 24%, o acumulado da inflação dos últimos três anos, enquanto a prefeitura ofereceu 11,7%.
"Os projetos foram aprovados em todas as comissões por unanimidade. Sabíamos que poderia acontecer isso em plenário também, todos os vereadores foram chamados a conhecer os projetos, entenderam que é uma questão de responsabilidade fiscal. Tivemos um aumento dos gastos da prefeitura durante a pandemia. Tudo constitucional, tudo legal", argumentou o vereador Nícola Martins (PSDB), líder do governo na Câmara.
Uma das reclamações dos servidores diz respeito à falta de negociação. "Respeitamos, mas eles conversaram com o secretário Celito, a procuradora Ana, o Município os ouviu, recebeu a demanda, fez a análise financeira. Os vereadores se posicionaram com grande maioria favorável", respondeu Nícola.
"Conversei agora com o prefeito, ele está satisfeito com a votação e com a responsabilidade fiscal, esses 11,7% é o que o município pode oferecer, não podemos esquecer a estabilidade que o servidor tem, e o Município não atrasou um dia sequer nos salários durante a pandemia", completou o vereador.
Oposição reclama: "passou da conta"
A vereadora Giovana Mondardo (PCdoB) chamou a sessão de "constrangedora". Ela foi um dos votos vencidos. "O dissídio há 30 anos é tratado de forma democrática, sentando à mesa. Existem leis federais que garantem, por exemplo, esse repasse aos professores, são fundamentais os servidores, são eles que estão nas salas de vacinação, nas salas de aula", comentou.
"A derrota que sofremos hoje me causa tristeza, mas é uma resposta que daremos respondendo a algo que, se você olhar a sessão, um projeto tão polêmico, tão necessário que, se tivesse defesa, os vereadores da base teriam defendido o projeto, o que não fizeram publicamente. Devemos respeito à população de Criciúma", afirmou Giovana. "Passou da conta do desrespeito, esses servidores que vão sentir na bolsa poderão fazer uma greve amanhã, depois, e não seremos culpados por isso", completou.
Sindicato não descarta greve
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos (Siserp) não descarta a possibilidade de greve depois do resultado da votação desta terça-feira. "Temos assembleia dos servidores na segunda-feira, amanhã teremos divulgação do sindicato, a assembleia vai deliberar por ações, estamos em meio à nossa data-base, outras ações serão tomadas, estamos em negociação, e não descartamos a possibilidade de começar maio com uma greve geral de todos os trabalhadores", afirmou Jucélia Vargas.
Ela fez uma dura crítica a vereadores que votaram com o Executivo. "Dizem que nossa Câmara é um puxadinho, é triste ouvir de vereadores que se votam contra, não terão projeto aprovado, perderão apoio nos partidos. Agradecemos aos vereadores Zairo e Giovana, e o vereador Daniel que se absteve, em projetos que não contemplam os trabalhadores", frisou.
A sindicalista bateu na tecla da inconstitucionalidade das matérias aprovadas. "Não fomos contemplados, o projeto é inconstitucional, vamos avaliar a possibilidade de uma Adin, não vamos compactuar com um projeto que não é constitucional, a prefeitura de Criciúma não cumpre o piso do magistério. Conversamos com o secretário de Governo antes da sessão, queremos voltar a sentar para conversar, reitero o pedido ao prefeito, estamos à disposição para conversar, não queremos uma cidade somente com conflitos, queremos avançar", completou Jucélia.