Uma creche foi incendiada no bairro Cidade Alta, em Forquilhinha, na tarde do último domingo, 27. Após ação do Instituto Geral de Perícias (IGP), a Polícia Civil, sob comando do delegado Ricardo Kelleter, concluiu com as investigações que o incêndio foi causado por crianças de 5, 9 e 11 anos, juntamente com um jovem de 12 anos.
Segundo informações da polícia, as crianças teriam ido na creche Sonho Alto um dia antes do incêndio, foi quando jogaram ovos nas paredes e consumiram biscoitos. No dia seguinte, o adolescente teria voltado para apagar as digitais com “álcool” e fósforo”, ateando fogo nas cortinas do local.
Psicóloga comentou
Segundo a psicóloga Ananda Figueiredo, o fato de o incêndio ter sido cometido por crianças que não tinham nenhum vínculo com a creche, foi extremamente chocante para a comunidade - o que pode levar a um ambiente de julgamento das mesmas. “Talvez, ao invés de julgar, me parece que nós precisamos muito mais cuidar, atenuar e atentar o nosso olhar para a necessidade de infâncias que certamente não foram atendidas e supridas”, destacou ela, em seu comentário semanal no Jornal das Nove na Rádio Som Maior.
Ananda comenta ainda sobre a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dá a sociedade a responsabilidade de zelar pela infância - e crianças que cometem atos como o citado, certamente não tiveram suas necessidades sanadas em algum nível. Segundo a psicóloga, seria muito simplista argumentar que essas crianças tiveram algum contato com a violência em seus núcleos familiares e que, por isso, teriam agido desta maneira.
“Precisamos pensar em outros aspectos que parecem tão aleatórios, mas que nessas situações podem mostrar a sua proporção. O contato com filmes, jogos, conteúdos produzidos por adultos e que fazem contato em alguma medida com violência podem sim produzir atitudes como essa. Aquela fantasia gerida por um adulto e que possui um filtro etário, o qual a gente desrespeita e deixamos que nossos filhos consumam, vai desenvolvendo minimamente um repertório na criança para que, insatisfeita e com suas necessidades emocionais não atendidas, passa a acessar esse repertório e ter um ato que ganha uma repercussão como esse”, concluiu Ananda, afirmando que uma criança que não tem acesso à conteúdos como esses pode até cometer algumas “birras”, mas que não alcançaria um ato como este.