Especialistas explicam a importância do isolamento para o combate ao coronavírus. O governo do Estado decretou no fim da tarde da segunda-feira, 16, a suspensão das atividades escolares em nas redes pública e privada, além de alterações nos serviços públicos. Com sete casos confirmados, Santa Catarina ainda não tem registro de transmissão comunitária, quando não se sabe quem foi o transmissor. A ideia da paralisação e isolamento é manter ao máximo possível essa situação e minimizar o contágio do vírus.
"Temos que evitar que as pessoas transmitam para outras. As medidas tomadas de paralisação, que ninguém gosta, são as medidas certas", explicou o pneumologista Celso Menezes, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior, nesta terça-feira, 17.
No Sul, há apenas um caso confirmado - um homem de Braço do Norte, o único dos sete casos em Santa Catarina em que precisou-se de internação hospitalar. O poder municipal relutou em paralisar as aulas, tendo confirmado a continuidade na manhã da segunda. Porém, com o decreto estadual, alinhou-se à estratégia de combate da propagação do Covid-19.
"Temos que parar tudo o que é lugar em que haja concentração pública, para evitar que o vírus chegue em grande quantidade em Criciúma. Se chegar, que seja de forma gradativa para facilitar o atendimento. Tem que ver de onde veio o vírus para que se consiga fazer o bloqueio. As diretoras e professoras são importantes porque tem a condição de avaliar caso a caso os alunos e tomar decisão junto à prefeitura", apontou Celso.
O médico Renato Matos, infectologista, esteve presente nas reuniões com a prefeitura e falou sobre a dificuldade - e necessidade - da paralisação das aulas.
"A grande preocupação social é o que fazer com aquelas crianças que os dois pais trabalham e ficam 12 horas na creche praticamente, fazendo duas alimentações, mas a decisão tomada foi a correta. Agora fica a questão do que fazer com essas crianças que não tem a relação familiar, é uma situação social bem complicada", destacou. Ele acrescentou:
"Tinha pais no colégio Marista, por exemplo, que achavam que era bobagem e não tinham onde deixar os filhos. Em um colégio em que geralmente a pessoa tem uma estrutura familiar e financeira mais robusta. Hoje corre mais risco o aluno da particular do que o que está lá no Cristo Redentor. Nessas escvolas pequenas é raro que o pai viaje para a Europa, no Marista não, todo dia vem gente de fora", disse Renato.
A estratégia é simples de entender, mas difícil de ser executada. Tentar retardar a velocidade de contágio para o sistema de saúde não colapsar. O coronavírus tem uma taxa de expansão maior do que o vírus da gripe, por exemplo, além de uma taxa de mortalidade maior entre os idosos.
"Temos que tentar fazer que a curva de ascensão se faça de forma mais lenta. Não existe situação ideal, sempre vai se perder alguma coisa. Prevenção é isso. Atuar enquanto a situação não atingiu um nível catastrófico. Temos experiências interessantes. China e Itália tiveram mortalidade imensa. Outros países, como Japão, Singapura e Coréia do Sul, tiveram atitudes mais rigorosas e nível de casos baixos. Vamos correr o mesmo traçado da Itália ou tentar nos aproximar de Japão e Sinagapura?", concluiu o infectologista.