Desde 2017 a Polícia Militar de Criciúma atende pela Rede Catarina de combate à agressão contra as mulheres. Como resultado, muitas vítimas que antes tinham medo de denunciar os agressores estão sendo atendidas pelas forças de segurança.
Apenas em Criciúma, a 6ªRPM observou 347 mulheres agredidas verbal ou fisicamente nesse tempo, com mais de 2,9 mil visitas em residências, processo que faz parte do acompanhamento das equipes às vítimas.
São seis equipes, formadas cada uma por uma policial mulher e um homem, em horário de atendimento de 12 a 16 horas diárias. Por recebimento de denúncias, essas equipes prioritariamente atendem casos de violências contra as mulheres. Os casos mais delicados acabam recebendo visitas fortuitas de acompanhamento dos policiais.
A cobertura da Rede Catarina fez subir muito os casos de denúncias de mulheres contra agressores. Em toda a área de cobertura da 6ªRPM - em 27 municípios - foram registrados mais de 2 mil casos neste ano. No mesmo período de 2018, foram pouco mais de 1,3 mil denúncias.
“A gente acredita que quase 100% dessas violências ocorriam, mas antes a mulher não tinha coragem de fazer a denúncia. Com o programa funcionando nessas cidades, começou a ter mais divulgação, visão", afirma o comandante da 6ªRPM, o coronel Cosme Barreto. "Três semanas atrás uma senhora de 70 anos de idade, por meio das nossas redes de mídia, escreveu pedindo apoio. Ela teve essa coragem, a gente fez o contato e está sendo realizado um trabalho com ela. No relato, em mais de 40 anos de casada, ela sofria agressões verbais e até física”, contou o comandante.
Os casos mais graves de atendimento recebem prioridade no judiciário, com o encaminhamento do pedido de proteção à vítima. Os agressores são obrigados a assistir palestras educacionais, apontando as ilegalidades dos atos. As vítimas também passam por acompanhamento e assistem palestras explicando-lhes os próprios direitos.
Há uma rede de whatsapp criada para o trabalho de prevenção. Assim, as mulheres têm um canal direto de comunicação com as equipes. "Existe também uma chamada feita via aplicativo, que quando tem a violência contra a mulher tem o botão de pânico, aparece na tela do celular e na situação crítica ela aperta o botão e a central de Polícia recebe a chamada, já com a localização da vítima e a viatura mais perto é mandada até lá", explica o coronel Cosme Barreto.
Levantamento divulgado pela 6ªRPM indica que 35% das mulheres que participaram da Rede Catarina solicitaram o cancelamento do atendimento por já se sentirem seguras, enquanto 14% acabam retornando ao relacionamento com o agressor. “A gente trabalha conforme a vontade da vítima. Infelizmente às vezes a vítima prefere até voltar para agressor”, finaliza o comandante. Veja o gráfico: