A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) confirmou que a Arábia Saudita suspendeu a importação da carne de frango de 33 unidades brasileiras. Outras 25 plantas continuam com a permissão de vender as aves aos árabes, porém, a decisão ainda é impactante, já que a Arábia Saudita é atualmente a maior importadora de frango do Brasil, representando 12,1% do total.
Entre os frigoríficos que ficaram de fora da autorização está a JBS, que possui duas unidades na Região Carbonífera, uma em Forquilhinha e outra em Nova Veneza. O comunicado emitido pela ABPA não aponta quais são as unidades afetadas, mas, segundo o presidente da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense, Emir Tezza, todo corte relacionado a importações é preocupante.
“A suspensão da Arábia Saudita influencia muito a nossa região porque o mercado árabe é o maior importador da carne de frango do Brasil. Tem frigorífico, inclusive, que abate exclusivamente para eles, porque as exigências são diferentes”, afirma Tezza.
“E para os árabes é muito fácil encontrar outro país que forneça o frango para eles, já o Brasil não pode perder esse mercado e ainda precisa ampliar ainda mais, porque, por ser um país emergente, ainda dependemos muito da exportação”, complementa o presidente.
Santa Catarina habilitada
Após o comunicado nacional, a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina informou que o estado possui cinco plantas frigoríficas habilitadas a exportar carne de frango para Arábia Saudita e que elas estão mantidas. As unidades ficam nas cidades de Itaiópolis, Capinzal, Itapiranga, Ipumirim e Videira.
Ainda segundo a Secretaria, a carne de frango é o principal produto da pauta de exportações catarinense. Em 2018 foram mais de 1 milhão de toneladas embarcadas para mais de 135 países – gerando receitas de R$ 1,8 bilhão de dólares. A Arábia Saudita foi o terceiro maior comprador da carne de frango produzida em Santa Catarina em 2018.
Decisões políticas preocupam
A nota da ABPA informa que o motivo dado pelos árabes para o descredenciamento das unidades é de ordem técnica. A entidade pontua, também, que está em contato com o Ministério da Agricultura para que juntos possam resolver a situação dos que não foram contemplados, além de habilitar novas plantas para a exportação.
Outra motivação, no entanto, é cogitada entre os representantes do setor e diz respeito a decisões políticas tomadas pelo Governo Jair Bolsonaro. Trata-se da declaração do presidente de que poderá seguir os Estados Unidos na decisão de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação, Célio Elias, a maior preocupação para a região fica por conta das relações do Brasil com a China. “Na nossa região, 80% da produção vão para a Europa e a China e as declarações dadas pelo Bolsonaro de que não negociaria com a China, por ser um país comunista, geram maior preocupação”, afirma Elias.
“Não quer dizer que seja insignificante para nós a suspensão da Arábia Saudita, mas os nossos frigoríficos não produzem para aquele país, então nos preocupamos com as relações com a China. Entretanto, a nível nacional, essa suspensão é, sim, preocupante”, enfatiza.