Um convite ao governador Carlos Moisés para ele prestar depoimento à CPI dos Respiradores na Assembleia Legislativa (Alesc) poderá ser feito. "Já havia um pedido do deputado Cobalchini (Valdir, MDB) nesse sentido. Antes, bem no começo. Esse pedido foi sobrestado pela CPI, para uma nova análise futura", confirmou nesta manhã, à Rádio Som Maior, o deputado Ivan Naatz (PL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito. "É muito importante para a CPI ouvir a versão do governador, que talvez tenha que ser ouvido mais adiante", observou.
A CPI viveu um dia movimentado nesta quinta-feira, 21, com depoimentos importantes para o curso das investigações. "Vamos entendendo o que aconteceu. Ontem o engenheiro da Secretaria de Saúde apontou que, mesmo que liberados, os respiradores não servem para Covid-19. Cada dia está pior", analisou Naatz. "Também ontem o diretor de licitações fez duras acusações contra o atual secretário de Saúde. Segundo o diretor, o secretário Motta também estava envolvido diretamente naquele procedimento", detalhou.
O depoimento do controlador geral do Estado também foi revelador. "Quanto mais a CPI anda, mais vamos detectando o envolvimento de muita gente, a omissão do controlador, dos órgãos fiscalizadores e o envolvimento de cada um", observou Naatz.
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O governador Moisés estava ciente, por exemplo, da proposta da Intelbrás, de aquisição dos respiradores por R$ 14 milhões, mas o Estado preferiu compra-los por R$ 33 milhões da Veigamed, e com pagamento antecipado. Também ontem juntei à CPI um protocolo de intenções que o Governo do Estado, pelo governador mais Helton Zeferino e o diretor de licitações firmaram com a Intelbrás dias antes da abertura da licitação, e o Governo tinha conhecimento que a Intelbrás ofereceu e firmou protocolo de intenções, tem assinatura do governador e do secretário, respiradores por menos da metade do preço pelos quais o governo comprou. O governo rejeitou uma proposta da Intelbrás por menos da metade do preço, R$ 14 milhões, e acabou comprando de uma empresa de fundo de quintal depois", referiu o deputado.
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Naatz reconhece que o novo rumo da CPI foca na participação do governador. "A CPI começa um novo braço da sua investigação, tentar compreender porque o governador, tendo conhecimento que uma empresa catarinense oferecia os equipamentos por menos da metade do preço, optou por comprar de uma empresa de fundo de quintal do Rio de Janeiro por mais que o dobro, pagando adiantado", destacou.
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Mas a próxima terça-feira, 26, promete ainda mais novidades. "Na terça temos depoimentos fundamentais, do ex-secretário Helton (Zeferino, da Saúde), de Douglas Borba (ex-chefe da Casa Civil) e de Márcia Pauli (ex-superintendente de Compras da Secretaria de Saúde), os três agentes envolvidos diretamente nesse processo", lembrou Naatz.
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O relator recordou que há duas tentativas de fraudes também em investigação. "Houve duas tentativas de fraudes, uma no Hospital de Campanha e a outra na compra dos EPIs. A do Hospital de Campanha só parou porque o segundo colocado foi à Justiça e a Alesc e os órgãos puderam atuar, não houve transparência. E a compra dos EPIs, R$ 77 milhões, o próprio controlador disse que era direcionada e cheia de falhas", enumerou. "O Hospital de Campanha e os EPIs a gente conseguiu barrar na boca do caixa. Temos que saber do governador porque a compra dos respiradores andou", completou.
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Ouça a entrevista do deputado Ivan Naatz no podcast: