Mesmo sendo proibida em diversas cidades brasileiras, a soltura de fogos de artifício ainda é uma prática muito comum nas festas de final de ano. Isso configura um problema para os animais de estimação, que escutam o barulho dos fogos quatro vezes mais alto do que os humanos, acompanhados de iluminação forte e agitação de pessoas, sem entender do que se trata.
A capacidade auditiva ampliada faz com que os estrondos sejam assustadores, podendo causar desde medo, traumas, posturas agressivas, tentativas de fuga, laceração dos tímpanos, ataque cardíaco, desmaios, automutilações, convulsões ou, mesmo, a morte em animais mais sensíveis ou com comorbidades. Por esse motivo, a conscientização e a prevenção são fundamentais.
Um dos preparativos é a dessensibilização, habituando os animais a ouvirem os ruídos dos fogos. Isso pode ser feito deixando os pets participarem de brincadeiras durante os estouros, ou recebendo carinho e petiscos. É uma forma de eles associarem o som alto a bons momentos, prevenindo respostas negativas. Uma consulta antecipada ao médico-veterinário também é aconselhável para avaliar as condições clínicas, a ansiedade, o medo e o estresse dos animais.
Em alguns casos, os tutores recorrem ao uso de medicamentos para preparar o pet e proporcionar maior tranquilidade. No entanto, alguns produtos podem não ser bem aceitos, de acordo com a médica-veterinária Farah de Andrade. “Medicar um animal nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente os gatos. Por isso, a manipulação de medicamentos com formas farmacêuticas como glóbulos, biscoitos ou molhos, em sabores como bacon, leite condensado ou frango facilitam a aceitação do pet e reduzem o estresse de medicar”, argumenta.
A veterinária ainda chama a atenção dos tutores para os casos em que o animal tem um alto grau de ansiedade ou saúde debilitada, podendo ser necessária a administração de medicamentos de uso controlado. “Esse tipo de medicamento só pode ser prescrito por um médico-veterinário. O tutor nunca deve administrar doses menores de seus próprios medicamentos para o pet. Embora alguns princípios ativos sejam comuns aos animais e aos humanos, a indicação é muito específica e a dose, muito diferente. Esse é outro motivo para optar pela manipulação de medicamentos veterinários: a dose é exata para o peso do animal e a quantidade específica para o tratamento, uma segurança a mais para pets e tutores”, esclarece Farah.
Manter o pet dentro de casa, em um ambiente tranquilo e com objetos familiares como como camas, brinquedos e roupas com o cheiro do tutor, com portas, janelas e cortinas fechadas e TV ou rádio ligados para abafar o som dos fogos estão entre as principais orientações. Ficar por perto e demonstrar tranquilidade durante os estrondos também é importante para fazer o animal se sentir mais seguro e confortável.