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Eleições 2022

Saiba o que os candidatos ao Senado responderam ao jornalista Upiara Boschi

Debate ocorreu na manhã desta segunda-feira (22), na sede da Som Maior, em Criciúma

Por Geórgia Gava Criciúma, SC, 22/08/2022 - 12:04 Atualizado em 25/08/2022 - 11:32
Foto: Arthur Lessa/ Especial 4oito
Foto: Arthur Lessa/ Especial 4oito

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Os candidatos ao Senado participaram do primeiro debate do Estado de Santa Catarina, promovido pela Rádio Som Maior e Portal 4oito, na manhã desta segunda-feira (22). A transmissão ocorreu de forma simultânea, através do YouTube do Portal 4oito, FM 100,7 e Facebook. Durante o primeiro bloco, na segunda rodada, os concorrentes responderam aos questionamentos do jornalista Upiara Boschi. As perguntas abordaram temas que envolvem alianças e tratativas políticas. 

[o texto continua após o vídeo]

Assista ao momento em que os candidatos respondem o jornalista Upiara Boschi:

 

Upiara Boschi para Dário Berger - O senhor tem o desafio da reeleição e, diferente da sua primeira eleição, o candidato vem em uma composição de esquerda, com apoio de Lula, do PT. No entanto, durante o seu mandato, na votação do impeachment de Dilma Rouseff, você se posicionou a favor. Como o senhor pretende convencer o eleitor de esquerda de que realmente está engajado desse lado do rio como tem se dito por aí?

Dário Berger - "Eu não tenho nenhum orgulho daquele tempo. A verdade é que aquela situação ficou insustentável, 80% da população brasileira era a favor do impeachment. A presidente da República, na época, perdeu as condições mínimas de governabilidade e, realmente e infelizmente, não teve outro caminho senão o impeachment. Se eu pudesse voltar no tempo e fazer um novo começo, certamente faria diferente, porque nem todos os atos que a gente acaba exercendo são os mais acertados. Nós somos humanos, temos nossas dificuldades, não somos perfeitos, somos inacabados, mas temos nossas virtudes. Tem determinados momentos que os caminhos nos levam nessa direção e nesse sentido. Não imaginava eu e, certamente, a população brasileira e catarinense, que fôssemos entrar em um período pior ainda que aquele. A grande verdade é que a situação do Brasil piorou, a fome aumentou. Temos 33 milhões, hoje, passando fome no Brasil. Isso é inaceitável. Eu, como senador, não posso me curvar a isso, tenho que demonstrar a minha indignação e, certamente, essa é uma página negra da história do Brasil, que, infelizmente, nós não temos mais como reconstruir".

Upiara Boschi para Celso Maldaner - O senhor tem presidido o MDB estadual nos últimos anos, está licenciado no momento, mas é o presidente do partido. O senhor prometeu às bases que o partido seria protagonista nas eleições deste ano. Eu queria saber se a sua candidatura ao Senado representa esse protagonismo, mesmo com o partido apoiando outro partido para o Governo do Estado?

Celso Maldaner - "O Movimento Democrático Brasileiro não tem dono. Ele é democrático. Em duas reuniões no ano passado, foi decidido que o MDB seria protagonista. Eu entendo como protagonista, que nós teríamos candidato a governador e, de preferência, quem sabe, até de senador ou de vice-governador. Isso foi definido em duas reuniões do diretório. No andar da carroça, como se diz, começou uma parceria, não só de governabilidade, onde a bancada estadual, a maior de SC, em nove deputados, dez com a Dirce, fizeram uma parceria com o governador e foram conquistando os prefeitos. De 99 prefeitos do MDB, 82 tiveram na Agronômica, sem falar dos vice-prefeitos. Eu sempre coloquei que meu nome estaria à disposição na majoritária se fosse preciso. O que aconteceu, a convenção é soberana, democraticamente. Ela decidiu, em 40% dos votos, para ter Antídio Lunelli como candidato a governador e 60% decidiram que Udo Döhler, ex-prefeito de Joinville, vice de Moisés. Eu mantive a minha coerência do início ao fim. Agora, estou com Moisés e Udo Döhler. Reconhecendo, ainda, o verdadeiro pacto federativo que está acontecendo em Santa Catarina. Menos Brasília e mais Brasil. Nunca na história, com todo respeito, admiro Paulo Afonso - que foi municipalista; Luiz Henrique, que implantou a descentralização, que tenho tanto orgulho, mas, realmente, os prefeitos estão sendo contemplados como nunca na história com recursos". 

Upiara Boschi para Luiz Barboza - O senhor é de um partido que se coloca como diferente, como novo. A gente percebe que tem uma ênfase muito grande no seu discurso do não uso do fundo eleitoral nas candidaturas e a questão da economia no gasto de mandato. O único deputado que o Novo tem, também tem esse discurso muito fortemente. Não é pouco para um candidato ao Senado ser apenas o econômico?

Luiz Barboza - "Não. Não é pouco. Nós temos muitas outras pautas que abrangem a realidade brasileira. O que nos firma nessa posição, de marcarmos a presença dizendo que não podemos usar o fundo partidário e eleitoral, é porque entendemos que eles são imorais. Ele foi votado por deputados sem a anuência da população. Nenhuma pessoa que eu conheço, nas ruas, aprova esse fundo eleitoral e partidário. Não queremos sujar as mãos com esse dinheiro que deveria ser destinado à saúde, educação e segurança. Cada vez que eu vejo alguém desta mesa andando de carro, gastando gasolina, andando de avião, helicóptero, gastando o fundo eleitoral, eu sinto que a população está sangrando. Isso faz mal para a saúde. São filas enormes que ficam aguardando o seu momento. Na educação, são escolas que poderiam melhorar a sua condição com esse dinheiro. Na segurança, os exércitos brasileiro para combater a insegurança que viceja no país desarmado, com o armamento precário. Eu penso que essa pauta é a nossa moldura para mostrar que nós também selecionamos os candidatos que se apresentam. É o único partido que, para entrar no partido, é necessário que a pessoa seja ficha limpa. Eu, para ser candidato, fiz várias provas seletivas e excludentes, não tem quebra-galho e nem favorzinho, não. Não tem amigo do rei. Lá, nós temos a competência e a meritocracia pautando toda a atividade que nós queremos oferecer à população. Hoje, existe algo novo no cenário de SC. Eu representando esse novo".

Upiara Boschi para Jorge Seif - Secretário, o senhor tem como principal atributo a sua candidatura, a escolha de Jair Bolsonaro, que disse 'eu quero que o Seif seja candidato do PL em SC". Mas, no seu campo, em busca do mesmo eleitorado, ao seu lado, está Kennedy Nunes, que tem, também, um discurso que fala com esse eleitorado. Falando especificamente para esse eleitorado, por que Seif é melhor que Kennedy? 

Jorge Seif - "Na verdade, eu sou o candidato do presidente Bolsonaro, devido a ter passado, praticamente, quatro anos em Brasília, com as mãos limpas do meu trabalho e com as mãos cheias de entrega. Eu sou o candidato de Bolsonaro porque ele já fez diversas menções, gravou vídeos, isso não resta dúvida da opção do presidente. Não desqualificando o deputado Kennedy Nunes, mas a escolha por afinidade, por entregas, por conhecer meu caráter, o trabalho que eu fiz, por ser uma novidade - na verdade, da mesa que nós estamos, a única pessoa que está pela primeira vez encarando uma eleição, sou eu. Nunca tive pretensão de entrar na política, mas veja que as pessoas querem novidade, querem dar oportunidade. Sou empresário, produtor rural, conheço as dores do meu setor, não só da pesca, como do empresariado - micro e pequeno produtor que eu represento. O presidente Bolsonaro, por afinidade, por conhecer o nosso trabalho, já fez a sua manifestação sobre quem é o seu candidato e de quem representa o PL no Estado de Santa Catarina. Em 2018, vimos que muitas pessoas usarem o nome do presidente Jair Bolsonaro para se eleger e, uma vez que foram revestidos de seus mandatos, acabaram traindo não o presidente Jair Bolsonaro, mas o Brasil e os eleitores. Eu tenho a grande honra de ter conquistado, inclusive, pelo presidente, o apelido de 06 - como um filho".  

Upiara Boschi para Kennedy Nunes - Deputado, por que para esse eleitor conservador, especialmente bolsonarista, Kennedy é melhor que Seif?

Kennedy Nunes - "Eu acho que não é uma questão de melhor ou não, até porque, cada um tem as suas qualidades. Eu sou o único candidato que tem, e não é de agora, a coragem de enfrentar Alexandre de Moraes, Barroso e Fachin. Alexandre de Moraes, que tem sido um ativista judicial de um ativismo judicial jamais visto na história do Brasil. Barroso disse que, de jeito nenhum, prende traficante. O Fachin proíbe a polícia de subir no morro. O meu pai diria que é o poste mijando no cachorro. Está invertido o processo. E, para enfrentar o ativismo judicial do STF, é preciso duas coisas: coragem e não ter o rabo preso. Sabe o que é o rabo preso? Processo na justiça. Eu tenho 32 anos de vida pública e não tenho nenhum processo na justiça. Se o catarinense me mandar lá para o Senado, vai saber que tem um cara com coragem de fazer chamar [...] o meu sonho é trazer Alexandre de Moraes depor no Senado coercitivamente. O que ele gosta de fazer, fazer a Polícia Federal (PF) bater na casa de parlamentares e jornalistas. Eu quero trazer isso. Se eu tivesse lá, eu nunca ia negar uma assinatura para trazer Art. 52 da Constituição Federal [...] é papel privativo do Senado fazer a correção das atitudes de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O que está havendo é que o máximo que foi conseguido até agora, do Senado Federal, foram 34 assinaturas para trazer esses ministros lá. É preciso 41. Eu não faço parte de um projeto solitário. Meu projeto se chama "Acorda Senado", quero eleger 11 senadores para nós alcançarmos essa maioria e ajudarmos o presidente Bolsonaro e também colocar o Senado no seu papel, que é fazer essa correção, esse ativismo judicial que ninguém mais aguenta dos homens da toga lá do Senado. Eu sou esse candidato, não sou melhor que ninguém". 

 Upiara Boschi para Hilda Deola - Vereadora, como a senhora, na sua apresentação, falou, a única mulher no debate. As mulheres buscando esses espaços nas majoritárias também, a senhora, vereadora em primeiro mandato, uma experiência parlamentar de menos de dois anos, e o Senado é a expressão máxima do Legislativo Brasileiro. A senhora se considera preparada?

Hilda Deola - "Com certeza. Não é a vereança que vai me fazer capacitada. A gente já nasce político, a vida é uma política. No nosso dia a dia, a gente vive política. Um cargo não vai me fazer melhor ou menor do que qualquer pessoa. Somos 52% do eleitorado feminino e eu estou aqui clamando para que as mulheres votam em mulheres. O que temos lá no Senado por Santa Catarina? Três homens. Nenhuma mulher. Algum partido aqui tentou colocar alguma mulher como candidata ao Senado? O meu partido me deu essa chance. E não por eu ter um ano e meio só de vereança. Eu tenho a vida inteira pautada na política, nas diferenças de igualdade social e ideológicas. Eu defendo a diversidade. Defendo o valor da mulher. Sou mãe, divorciada, criei um filho sozinha. Tive tripla jornada. Nunca tive um emprego só. Cuidei da minha mãe e do meu filho juntos e não tenho vergonha do trabalho, de arregaçar as mangas e mostrar o que eu sei fazer. A política é um caminho para eu poder defender as pessoas que não conseguem chegar lá. Não só as pessoas da elite e ricas que podem estar no Senado. São pessoas pobres, mas que têm uma capacidade para estar lá defendendo o povo. Senador defende a nação e o estado, eu quero defender as pessoas. O ser humano que tem que estar em primeiro lugar. Depois, o que nós pensamos e o que queremos.  É igualdade social. Atender a pobreza, aquela mãe que está lá em casa e não tem comida na mesa para comer. Ela também pode ser senadora, porque ela sabe cuidar do orçamento dela como ninguém. Muito mais do que nós que estamos aqui".

Upiara Boschi para Afrânio Broppré - Vereador, o senhor esteve em todas as discussões da formação da Frente de Esquerda, liberada pelo PT, que tem ao seu lado, Dário Berger, como candidato a senador, com apoio do próprio ex-presidente Lula. O senhor também apoia Lula. É uma candidatura avulsa, por que o senhor manteve a sua candidatura? Ela não atrapalha o projeto da esquerda em Santa Catarina? 

Afrânio Broppré - "O processo que nós construímos, o meu partido, o Psol, tem como centro da tática eleitoral, a eleição do presidente Lula no primeiro turno. Esse é o nosso compromisso, o nosso desejo. Eu não sou candidato ao Senado por uma questão de vaidade pessoal. Não é porque é fácil ser candidato, inclusive, com as características que nós adotamos como princípio de atuação política. Eu sou candidato ao Senado porque é necessário. Aqui, nesse debate, tem vários tons de bolsonarismo. Tem aqueles, inclusive, que dizem que votaram no impeachment da presidente Dilma por motivação política, porque o povo não queria. O Temer chegou a dizer que a presidente Dilma é uma mulher honesta e, as razões, nós sabemos. Era um golpe que foi orquestrado e que muita gente, senadores e deputados, entraram em um oba-oba. Nós, do Psol, queremos deixar claro, nós temos uma alternativa, o Afrânio. Assim como a Hilda fala sobre as mulheres, a nossa candidatura tem duas mulheres suplentes: a Mirian Prochnow e a companheira Maria Cristina. Então, nós temos uma alternativa de esquerda para Santa Catarina. Estamos construindo esse processo, debatendo, e deixando claro as nossas diferenças. Os vários tons de bolsonarismo, que estão nesse debate, precisam ser todos derrotados. A nossa função é exatamente essa, abrir a perspectiva para aqueles que defendem a democracia de maneira substantiva e não de por oportunismo". 

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