Além das ações de combate à pandemia do novo coronavírus, a CPI dos respiradores e a situação de Carlos Moisés no cargo de governador continuam sendo as grandes pautas da política em Santa Catarina. Nesta semana, os depoimentos dos dois ex-secretários estduais e da servidora Márcia Pauli trouxe novos “furos” no “queijo suíço” que é o governo de Moisés, e foram debatidos no SC em Pauta desta sexta-feira, 5.
O ex-secretário de Saúde Helton Zeferino, ex-secretário da Casa Civil Douglas Borba e a servidora Márcia Pauli deram os seus depoimentos na CPI dos respiradores. Segundo a análise dos jornalistas Adelor Lessa, Marcelo Lula, Maria Helena Pereira e Ananias Cipriano, as declarações implicam ainda mais na desordem do Estado.
“Ficou aquela sensação de ‘quem matou Odete Roitman, um tal de não sei e não lembro, algo como ‘um deputado me ligou mas não sei o nome dele’. A situação da Márcia ficou complicada”, destacou Maria Helena, sobre o depoimento da servidora, a qual chegou a falar que um deputado há ligou durante o processo de aquisição dos respiradores, mas que não se lembrava qual teria sido.
Marcelo Lula acredita que em todos os principais depoimentos desta semana, os depoentes faltaram com a verdade - o que poderia implicar em até mesmo uma voz de prisão por parte dos deputados. O jornalista aponta para o nível de detalhismo da servidora durante as declarações, informando datas e horas com precisão, mas se esquivando ao falar sobre a possível ligação de um deputado. “Depois que ela disse isso, ela tem que se lembrar de quem era o deputado. Uma coisa é não lembrar dos servidores, mas do deputado ela saberia”, pontuou Lula.
O ex-secretário Douglas Borba também se complicou ao dar um depoimento dizendo que empresas e deputados ligavam para ele sobre a questão da aquisição dos equipamentos - algo que poderia permitir cassação. Assim como Márcia, Douglas diz não se lembrar. “Então ninguém participou desse processo de compra? O secretário, que é o ordenador maior da secretaria de Saúde não participou, o adjunto também não não, a Márcia diz que o pagamento não foi com ela. Como um pagamento de R$ 33 milhões não passou pelo governo?”, indagou Lula.
O queijo suíço do governo Moisés
Adelor compara a situação da equipe do governador frente à CPI a um verdadeiro queijo suíço - quanto mais depoimentos, novas portas se abrem e mais furos se formam. “Ainda irão investigar, mas independentemente da conclusão fica evidente que a estrutura do governo não tinha controle e não funcionava internamente”, destacou Adelor.
Sem apoio da população nas ruas e nem ao menos dentro do parlamento, a permanência do governador no cargo fica cada vez mais ameaçada. Marcelo Lula destaca um novo acontecimento que, possivelmente, pode complicar ainda mais a estadia de Moisés.
“No ano passado o deputado Vampiro apresentou uma emenda no qual ligava o aumento dos procuradores do Estado e da Alesc quando houvesse aumento dos ministros do STF. Moisés disse não ter dinheiro pra isso. Meses depois, concedeu aumento administrativo sem passar pela Assembleia, o veto ficou até agora mas não havia sido votado. A manobra do governador foi tentar orientar alguns deputados a derrubar o veto, porque então a lei passaria a valer e não haveria ilegalidade. Como houve a manutenção do veto, não tem nada que mantenha a ilegalidade”, ressaltou Lula.
O ocorrido pode apontar para mais um impeachment à Moisés e, agora, também, à vice Daniela Reinehr. Para Ananias, se o governador cai, é provável que o presidente da Alesc assuma ao cargo. “Para mim o cenário mais claro que vai se aproximando é a chegada de uma eleição indireta e a possibilidade de termos o Júlio Garcia como governador de SC”, disse.