Com a CPI dos respiradores batendo na porta de Carlos Moisés, o governador, que pouco tem se pronunciado sobre as investigações mas que deve dar o seu parecer através de um documento escrito, vai se isolando cada vez mais no governo. O seu futuro como gestor estadual, a busca por articulações com outros partidos e a CPI continuam sendo os principais assuntos políticos desta semana em SC, debatidos nesta segunda-feira, 15, pelos jornalistas Adelor Lessa, Ananias Cipriano, Marcelo Lula e Maria Helena Pereira.
No âmbito nacional, uma crise política que se forma juntamente com os problemas causados pela pandemia do novo coronavírus, teve mais um episódio. A ativista bolsonarista Sara Winter, investigada pela Polícia Federal na operação das fake news, foi presa nesta segunda pelo suposto exercício de atos antidemocráticos no país. A decisão de prisão veio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“O ministro que autorizou a prisão de Sara é o mesmo que é atacado diretamente por ela. Nesse caso, deveria pelo menos, com base no princípio de competência, declarar-se incompetente para decretar a prisão dela, e deixar a um ministro que não é alvo”, opinou Ananias. “Se o processo está na mão dele e já teve providências em relação ao caso e à Sara, essa tomada de decisão era um desdobramento extremamente previsível”, divergiu Adelor.
Para Lula, assim como Maria Helena, os atos de Sara já haviam passado dos limites, e sua prisão acabou sendo assertiva por parte do STF. “Uma coisa é ter liberdade de expressão, você pode criticar o STF e qualquer poder, mas o que aconteceu foi um enfrentamento dela frente às instituições”, disse Lula. “Não estou atribuindo tudo à ela, mas sem dúvida os grupos estão passando dos limites”, pontuou Maria.
A difícil situação de Moisés
Com alguns processos de impeachment já protocolados contra o governador, Moisés vem tentando reverter a sua situação frente à gestão do Estado. As investigações da CPI dos respiradores e o seu comportamento frente a este processo, no entanto, vem complicando cada vez mais sua permanência. A tentativa do governo, então, vem sendo tentar buscar apoio de outros partidos para, então, conseguir a quantidade de deputados suficiente para que um processo de impeachment não caminhe na Assembleia Legislativa de SC (Alesc).
“Ninguém quer participar de um governo que está desgastado. É lastimável para SC, que foi elogiada no combate ao Covid-19, que agora nos vemos nessa situação, de um estado já investigado internamente e que, provavelmente, será investigado também em âmbito nacional”, pontuou Maria Helena.
O governador vem novamente buscando o apoio do MDB para tentar continuar firme no cargo. O partido, que é o maior de SC em termos de filiados, não demonstra interesse nessa parceria. No ano passado, o deputado Luiz Fernando Vampiro e o MDB em si quase fizeram parte da bancada de Moisés, mas o ex-governador Eduardo Pinho Moreira bateu na tecla de que isso não deveria acontecer - e não acontecer.
Hoje, o partido reforça a posição de Eduardo. “Conversei com o presidente estadual do MDB, o deputado Celso Maldaner, e ele disse o seguinte: O MDB nunca pensou em entrar para o governo de Carlos Moisés. Foi direto. Sobre Celso ter recusado o convite do governador para almoçar, ele disse: não é o momento de conversar com o governo”, destacou Lula.
Com isso, a permanência de Moisés como governador acaba ficando ainda mais difícil caso um processo de impeachment venha a ser votado na Alesc. Atualmente, o gestor não teria votos o suficiente para se livrar de um afastamento. “Em três semanas o cenário não mudou, ninguém quer entrar no governo. Sabemos que o cenário não muda e um cenário para queda é esse: não melhorar e não conseguir contornar”, declarou Ananias.