Já agitado nas últimas semanas por conta da CPI dos respiradores e do combate ao novo coronavírus, o cenário político de Santa Catarina surpreendeu mais uma vez na noite deste domingo, 24, com o anúncio da desfiliação do secretário Lucas Esmeraldino do PSL. Tido como nome importante para o surgimento da sigla em SC, Esmeraldino concorreu ao senado pelo partido em 2018. A sua saída, o seu futuro como político e o impacto dessas ações no governo de Moisés foram debatidos na edição desta segunda-feira do SC em Pauta, entre os jornalistas Marcelo Lula, Ananias Cipriano, Maria Helena Pereira e Adelor Lessa.
Lucas foi um dos entusiastas do PSL em Santa Catarina. Ainda no início da onda que viria a eleger o presidente Jair Bolsonaro, ele ajudou a organizar o partido no estado, convenceu políticos a saírem como deputados pelo partido e foi peça essencial para a eleição de Moisés como governador. “Brincando, eu sempre dizia que o Bolsonaro era a onda, Moisés o surfista e o dono da prancha era o Esmeraldino”, disse Ananias.
De acordo com Marcelo Lula, Lucas deve anunciar a sua saída do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico ainda nesta semana. A saída seria fruto de conselhos que lideranças como o secretário da Casa Civil Amandio da Silva Jr e outros líderes do governo teriam dado a Moisés, sobre mudanças no secretariado de primeiro escalão do governador.
“As lideranças e Amândio teriam apontado para Esmeraldino como principal nome a ser retirado do processo. Moisés então ficou numa sinuca de bico, porque a família Esmeraldino o ajudou muito durante a campanha. Quinta-feira passada, Moisés chamou o presidente estadual do PSL para uma conversa e pediu a ele uma favor: que ele renunciasse à presidência estadual do partido para dar ao Esmeraldino, porque precisava tirar ele do governo”, pontuou Lula.
O jornalista destaca ainda que Esmeraldino soube dessa situação e se antecipou e, com isso, deve ir para Brasília possivelmente para assumir a secretaria de Articulação Nacional, enquanto o seu cargo estadual deve ser indicado pelo próprio Amandio. “Possivelmente será um empresário, que passará por indicação de outros empresários”, disse Lula.
Futuro de Esmeraldino
Segundo Ananias, um dos possíveis futuros de Esmeraldino no cenário político de SC seria a sua atrelado ao Aliança pelo Brasil, futuro partido do presidente Bolsonaro. “Se isso for um fato, ele consegue se fortalecer, mas terá que se distanciar completamente do governo Moisés para conseguir isso”, destacou.
Adelor ressalta que, apesar de ser uma aposta, a consolidação de Esmeraldino no Aliança não seria tão fácil assim. “Ele voltar agora ao Bolsonaro seria uma bela saída. O problema é que em política não tem capão desocupado. Se ele for agora pro bolsonarismo e se encaminhar pelo Aliança será candidato em 2022 a o que? Deputado Estadual, aqui no sul, já tem Jessé e Felipe Estevão. Federal já tem o Daniel Freitas”, declarou.
Moisés e o MDB
Ao contrário do que os jornalistas haviam destacado na última edição do SC em Pauta, Moisés deixou a passividade um pouco para trás na última semana. “Já vi o governador se defendendo mais nas redes sociais, com notas mais duras e em cima de seus opositores e críticos. Não sei o resultado que isso vai ser, mas ele está batendo forte”, ressaltou Maria Helena.
Na última semana, Moisés esteve reunido com o ex-governador Eduardo Pinho Moreira para uma conversa. O encontro, segundo Lula e Adelor, teria partido do governador, que buscava conselhos e possível apoio por parte do MDB. “Em suma, a conversa com Eduardo foi um pedido de apoio e conselhos. O ex-governador apenas se limitou a dar algumas dicas e sugestões a Moisés”, ressaltou Adelor.
Os jornalistas afirmam que, por mais que uma aliança com o MDB segurasse o governador no cargo por enquanto, também seria o fim de uma possível reeleição. “Se houver esse apoio do MDB, Moisés acaba de vez com sua áurea de nova política. A simples sustentação do MDB à Moisés acaba de vez com a popularidade do governador”, disse Ananias.